IHU - "Recordem-se bem: não tenham medo de ir contra a corrente". Quando terminou de ler o Ângelus, Francisco
exclamou de improviso: "Sejam corajosos! E assim como nós não queremos
comer uma refeição que saiu mal, não levemos conosco os valores
avariados que arruínam a vida e tiram a esperança. Avante!". O papa se
dirige principalmente aos jovens que, em um mês, ele irá encontrar na Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro – e quem sabe quantos deles estão se manifestando nestes dias no Brasil –, aqueles jovens aos quais ele exortou, mais de uma vez, a "apostar nos grandes ideais".
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 24-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os "valores avariados" a serem rejeitados são aqueles de quem "cede
ao espírito do mundo" e que Francisco não se cansa de denunciar em
benefício de todos, principalmente da Igreja: vaidade, poder, dinheiro,
carreirismo. E, após o gesto do pontífice, a escolha de desertar o concerto na Sala Paulo VI para continuar trabalhando em Santa Marta,
a sua referência aos "homens retos" que preferem "ir contra a corrente
para não renegar a voz de consciência, a voz da verdade" chama ainda
mais a atenção.
A música em si não tem nada a ver, obviamente, até porque o próprio Bergoglio contava que, quando criança, ouvia ópera italiana com a mãe e ainda hoje liga o rádio "para ouvir música clássica". Em Santa Marta, ele trouxe consigo CDs: o seu preferido é justamente Beethoven, "a ouverture Leonore No. 3".
Do outro lado do Tibre, ao contrário, há quem leia
aquela poltrona vazia como um sinal de independência e de força, em
vista das nomeações que mudarão o rosto da Cúria. O papa que renunciou
às férias continua trabalhando sem distrações. Se ele sai, é por motivos
pastorais, como nesse domingo para o "trem das crianças".
É como com a cruz peitoral de ferro; agora já não se veem mais cardeais que usam cruzes de ouro: Francisco procede sobretudo com o exemplo. Certamente, no sábado, ele ficou falando com os núncios que foram ao Vaticano,
e isso também é um sinal. A colegialidade é um ponto central da sua
reforma: é provável que ele sondou o terreno para a nomeação (fala-se do
cardeal Giuseppe Bertello, da escola diplomática) do próximo secretário de Estado.
Tensão e nervosismo na Cúria são evidentes, assim como a
desorientação de sábado. No fim, todos sentimos, o papa decidirá
sozinho. Nesse domingo, ele falava aos diplomatas sobre a "escolha
radical" de quem segue Jesus, "na lógica do tudo ou nada". E o critério
que Francisco irá seguir está todo nas indicações dessa
sexta-feira aos núncios para a seleção dos candidatos a bispos:
"Pastores próximos das pessoas. Mansos, pacientes e misericordiosos. Que
amem a pobreza interior como liberdade para o Senhor e também exterior
como simplicidade e austeridade de vida. E que não tenham uma psicologia
de príncipes: fiquem atentos para que eles não sejam ambiciosos e não
busquem o episcopado".
Como relação a cadeira vazia, a matéria refere-se ao que aconteceu no último sábado conforme a foto abaixo, veja...
Papa Francisco, no último sábado, não compareceu ao solene Concerto, na Sala Paulo VI, no Vaticano, onde foi apresentada a Nona Sinfonia de Beethoven, oferecida em motivação pelo Ano da Fé. A cadeira ficou vazia, enquanto o arcebispo Rino Fisichella, justificava a ausência do Papa.
Foto: http://migre.me/faKyW
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