26 pessoas são suspeitas de participar de esquema de desvio de dinheiro. Igreja Cristã Maranata disse que vai colaborar com as investigações.
A Justiça Estadual afastou toda a cúpula da Igreja Cristã Maranata no
Espírito Santo, nesta segunda-feira (26). Vinte e seis pessoas são
suspeitas de participar de um esquema que desviou dinheiro do dízimo dos
fiéis. De acordo com o Ministério Público Estadual (MP-ES), que
investiga o caso por meio da operação "Entre Irmãos", esse desvio pode ultrapassar R$ 21 milhões.
No mesmo dia, investigadores estiveram na sede administrativa da Maranata, em Vila Velha, na Grande Vitória, e apreenderam diversos documentos, que serão analisados por promotores.
Por meio de nota, a igreja disse que "acredita que todos os pontos da
investigação serão apurados devidamente pela Justiça" e que vai
colaborar com as investigações.
Os suspeitos tiveram os bens bloqueados e terão que disponibilizar
dados bancários e fiscais aos investigadores. De acordo com o MP-ES, a
fundação recebeu R$ 1,8 milhão entre 2005 e 2011, sendo um deputado o
maior doador: com R$ 860 mil repassados. As investigações ainda apontam o
nome de outros parlamentares como doadores.
As quantias foram repassadas à fundação por meio de emendas
parlamentares, uma forma que os deputados têm de definir para onde vai o
dinheiro do governo. A suspeita é de que essas doações sejam com
dinheiro desviado.
Ministério
Público levou vários malotes com documentos para serem analisados por
promotores, em Vila Velha (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Outro lado
A Igreja Cristã Maranata informou, por nota, que "recebe com serenidade
a ação realizada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo na
manhã desta segunda-feira e acredita que todos os pontos da
investigação serão apurados devidamente pela Justiça".
"A igreja avalia que esta será uma importante oportunidade para que as
dúvidas levantadas a respeito da idoneidade da instituição e dos seus
gestores sejam eliminadas de uma vez por todas. Da parte da Igreja
Cristã Maranata, desde que surgiram as primeiras denúncias internamente,
todas as medidas necessárias e cabíveis foram tomadas. Da mesma forma, à
época, colocou-se proativamente, à disposição das autoridades, levando
até as mesmas as denúncias e solicitando a averiguação dos fatos. A
Igreja Cristã Maranata reafirma a sua disposição em contribuir para o
esclarecimento das denúncias e a sua confiança no trabalho do Ministério
Público e da Justiça", diz a nota.
Operação cumpriu mandados na Grande Vitória
(Foto: Eliana Gorritti/ G1ES)
"Entre Irmãos"
O MP-ES deixou a sede administrativa da Igreja Maranata, nesta
segunda-feira, após nove horas do início da operação "Entre Irmãos". O
órgão procura indícios que comprovem um suposto esquema de desvios de
dinheiro do dízimo, além de lavagem de dinheiro, falsificações de
documentos e ocultação de bens da igreja. No total, 12 mandados de busca
e apreensão foram cumpridos neste dia.
Pela manhã, eles também recolheram documentos na Fundação Manoel Passos
Barros, na Serra, na região Metropolitana, entidade mantida pela
Maranata. O órgão disse que há indícios de desvio até de emendas
parlamentares destinadas à fundação.
As investigações da operação "Entre Irmãos" começaram em fevereiro
deste ano. O MP-ES afirmou que os desvios aconteciam por meio de
pagamentos feitos com notas fiscais ilícitas. Ao mesmo tempo, a Polícia
Federal realizou outra operação, que também tem como alvo a Igreja
Maranata, mas essas investigações correm em segredo de Justiça.
Agora, o Ministério Público segue com as investigações através do
depoimento de testemunhas, eventuais colaboradores e membros da Igreja
que tenham informações de irregularidades na gestão. Foram notificadas
26 pessoas para prestarem esclarecimentos a partir dos próximos dias.
Outros colaboradores que quiserem auxiliar nas investigações podem
entrar em contato com a instituição por meio dos promotores de Justiça
do Gaeco, ou pelo telefone 127, da Ouvidoria do MPES, que recebe
denúncias sem a necessidade de identificação.
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