Postado em July 18, 2011
Vamos iniciar hoje uma série de artigos para melhor esclarecer o que é o espiritismo e qual a visão da Santa Igreja sobre ele.
Não é difícil você ver os espíritas, especialmente os kardecistas,
afirmar categoricamente que é um cristãos. A maioria acredita seguir os
preceitos do Evangelho e praticam a caridade como Cristo ensinou.
Entretanto, muitos hereges no passado também o faziam e nem por isso
eram autênticos cristãos.
Vejamos o que diz a Santa Igreja sobre este assunto:
Em 1953 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil reafirmou a
determinação feita pelo Episcopado Nacional da Pastoral Coletiva de
1915, revista pelos bispos em 1948 (Bons tempos esses) com o seguinte
texto:
“Os espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno quanto no foro externo, como verdadeiros hereges e fautores de heresias,
e não podem ser admitidos à recepção dos sacramentos, sem que antes
reparem os escândalos dados, adjurem o espiritismo e façam a profissão
de fé.” Resumindo, a resolução da CNBB excomunga todo aquele que pratica
aberta ou reservadamente o espiritismo, consequentemente considerando
tal ato, além de um pecado, um verdadeiro crime de fé”.
Você pode então se perguntar o por quê de uma decisão tão radical, a
ponto de considerar a prática espirita mais que um pecado mortal, um
crime eclesiástico, tornando o fiel católico inapto a participar da
plena comunhão com corpo místico de Cristo que é a sua Santa Igreja.
Vejamos abaixo os motivos para isto:
Segundo o novo Código de Direito Canônico, publicado em 1983,
“chama-se heresia a negação pertinaz (insistente), após a recepção do
batismo, de qualquer verdade que se deve crer com a fé divina e
católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela” (cân.. 751). No Canon
1364, inciso 1, a nova legislação eclesiástica determina que “o herege
incorre automaticamente em excomunhão”, isto é: deve ser excluído da
recepção de todos os sacramentos (cân. 1331, parag. 1), não pode ser
padrinho de batismo (cân. 874), nem da confirmação (crisma) (cân. 892) e
não lhe será licito receber o sacramento do matrimônio sem licença
especial do bispo (cân. 1071) e sem as condições indicadas pelo Cânon
1125. Também não pode ser membro de associação ou irmandade católica
(cân. 316).
Como vimos acima, a excomunhão é dada a todos os que foram batizados
na Igreja e por ventura estejam praticando o espiritismo hoje. A pena
não se aplica aos que não foram batizados, sendo estes considerados
pagãos e/ou energúmenos, caso estejam já em processo de conversão.
Para você entender por quê a doutrina espirita é considerada
herética, vamos elencar alguns pontos em que eles francamente negam a
verdade revelada pela Sã Doutrina. É bom lembrar que estas ideias
propagadas pelos estão sendo propagadas desde o século XIX, ou seja,
todas então muito insistentes ou pertinazes. Vamos aos pontos:
1 – Doutrina sobre Deus
Os conceitos de Allan Kardec (doravante abreviado para AK) sobre a
existência de Deus coincidem de fato com a doutrina cristã. Entretanto,
apesar de dizer que “as obras de Deus não são o próprio Deus” (I, 54),
vemos claramente um aspectos panteísta em sua doutrina. Exemplos podem
ser observados quando escreve que “ignoramos” se a inteligência é uma
“emanação da divindade” (I, 56); Ou quando o “fluido universal” toma
qualidades panteístas; Ou quando diz que “os espíritos estão mergulhados
no fluido divino” (II, 63).
Já Leão Denis, outro patriarca do espiritismo, então membro da equipe
de codificação da doutrina espírita, resvalou para um evidente monismo
panteísta. Segundo seu modo de falar, “Deus é a grande alma universal,
de que toda alma humana é uma centelha, uma irradiação, Cada um de nós
possui , em estado latente, forças emanadas do divino foco” (Assim em
Cristianismo e espiritismo, 5a Ed., p. 246). Refere-se frequentemente a
Deus como “o grande foco divino”, “divino foco”, “supremo foco do bem e
do belo”, etc. (idem, p. 114); ou: “o Ser supremo não existe fora do
mundo, porque este é parte integrante e essencial”(idem, p. 124). Em vez
“Deus fanático da Bíblia”, ele quer o “Deus imanente(material), sempre
presente no seio das coisas” (idem, p. 213). Também tenta explicar que
Deus é, ou seja, “O eu do universo) (idem, p. 349).
A Igreja em seu credo ressalta categoricamente que Deus não é uma
entidade mesclada no universo, ao contrário, é verdadeiramente seu
criador. O fato do universo todo ser sua criação, coloca o Criador acima
do plano material, sendo então possível dizer que o universo está
contido em Deus e não o contrário. Todas as coisas existem pela vontade
do Pai e este não está materialmente nas coisas, indo de encontro
diretamente com a doutrina panteísta.
2 – A Revelação Divina
Para todos os cristãos, sejam eles ortodoxos, protestantes ou
católicos, os livros da Sagrada Escritura são divinamente inspirados,
sendo um princípio inconcusso (dogma) para todos os cristãos.
No credo espírita de AK, não entra este ponto fundamental. Jamais o
afirma em nenhuma de suas obras. Mas com frequência e compraz em mostrar
o que ele considera absurdos e contradições da Bíblia(sic). No
periódico oficial da Federação Espírita Brasileira, Reformador, janeiro
de 1953, p. 23, encontramos a posição bem definida dos nossos espiritas
perante a Sagrada Escritura: “Do Velho Testamento já nos é recomendado
só o Decálogo (10 mandamentos) e do Novo Testamento apenas a moral de
Jesus; já era considerado de valor secundário, ou revogado ou sem valor
algum, mais de 90% dos textos da Bíblia. Só vemos na Bíblia todo um
livro respeitável pelo seu valor cultural, pela força que teve na
formação dos povos do Ocidente”.
A visão de que do Antigo Testamento só se aproveita o Decálogo vem de
AK (IV, 42). Falando dos escritos apostólicos, escreve: “Todos os
escritos posteriores (aos Evangelhos), sem exclusão dos de S. Paulo, são
apenas, e não podem deixar de ser, simples comentários ou apreciações,
reflexões de opiniões pessoais, muitas vezes contraditórios que, em caso
algum, podem ter a autoridade da narrativa dos que recebem diretamente
do Mestre das instruções” (III, 110).
3 – A Santíssima Trindade.
Todos os cristãos – católicos, protestantes e ortodoxos – professam
sua fé na Santíssima Trindade. É o mistério central da fé e mensagem
cristã, desde os primórdios do cristianismo. Mas o credo espírita
proposto por AK desconhece totalmente a Santíssima Trindade. A posição
de AK, no conjunto de suas obras, é de absoluto e sistemático silêncio
com relação a esta doutrina cristã. Seu silêncio era apenas oportunista.
Na realidade, em seu sistema de pensamento não cabia este mistério
cristão, apenas pelo motivo de que para ele “absolutamente não há
mistérios” (III, 201).
Segundo AK, Deus não cria incessantemente, desde toda a eternidade,
seria um Deus solitário e ocioso (cf 1, 56; II, 107). Mas se AK julgou
mais oportuno não negar abertamente o mistério trinitário, seus
seguidores não compartilham este ponto e vista. Leão Denis, em
Cristianismo e espiritismo, p. 74, abre sua crítica dos nossos
principais dogmas com estas palavras: “A noção da Trindade, veio
obscurecer e desnaturar essa alta ideia de Deus… Essa concepção
trinitária, tão incompreensível, oferecia, entretanto, grande vantagem
às pretensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus”.
(P. 75). No Brasil, o espiritismo em peso ou desconhece ou nega a
Santíssima Trindade.
4 – Doutrina sobre Jesus.
Os cristãos professam que Jesus é verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem. A afirmação da sua divindade é algo mais que
fundamental para os cristãos. Ela simplesmente define o que é um cristão
e o diferencia de demais religiões que simplesmente creem em Jesus,
como os israelitas e maometanos
Todavia Jesus não entra no credo espírita formulado por AK. Ele nos deixou entre suas Obras Póstumas
um “Estudo sobre a Natureza de Cristo”, de 41 páginas, todo ele
tendenciosamente orientado para provar que Jesus não era Deus. Comeste
objetivo nega, sucessivamente, o valor dos milagres, das palavras de
Jesus, da opinião dos Santos Apóstolos e das profecias messiânicas.
Um advogado de Bordéus chamado João Batista Roustaing, que teve seu
primeiro contato com o espiritismo em 1861 e em 1865 publicou sua obra:
“Espiritismo cristão ou Revelação das Revelações”, em três
volumes. Sua tese central: O corpo de Jesus não era real, mas apenas
aparente e fluídico, repetindo a heresia do docentismo do primeiro
século e dos cátaros albigenses.
Apesar de sua tese não ter sido aceita por AK, a Federação Espírita
Brasileira, desde sua fundação, propaga a obra de Roustaing. Bittencourt
Sampaio, Sayão, Bezerra de Menezes, Guillion Ribeiro e outros
conhecidos dirigentes da Federação Espírita são rustenistas professos,
sendo este último autor de um livro com o título “Jesus , nem Deus nem
homem” reeditado e divulgado pela Federação Espírita.
5 – A doutrina sobre a redenção.
São Paulo nos diz em no capitulo 1, versículo 7 de sua carta aos Efésios que “É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que ele derramou profusamente sobre nós”.
O dogma de nossa redenção mediante a paixão, morte e ressurreição de
Cristo é o cerne fundamental da boa nova (Evangelho). Esta de fato é a
grande missão de Nosso Senhor Jesus Cristo e o grande motivo de sua
vinda. Todavia, esta verdade tão central para os cristãos não entra no
credo espírita de AK. Segundo ele, cada um deve ser seu próprio redentor
mediante um sistema de sucessivas reencarnações, deslocando a
soteriologia (doutrina teológica que fala a cerca da salvação e redenção
humana) da cristologia para a antropologia.
Leão Denis o enuncia cruamente quando escreve: “Não, a missão de
Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém(sic).
Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatando-se da ignorância e do
mal. É o que os espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do
mundo (Cristianismo e espiritismo, p. 88).
O Reformador, órgão máximo de propaganda reencarnacionista no Brasil,
ensina em seu número de outubro de 1955 (p. 236): “A salvação não se
obtém por graça nem pelo sangue derramado por Jesus no madeiro”, mas “a
salvação é ponto de esforço individual que cada um emprega, na medida de
suas forças”.
Poderíamos escrever textos e mais textos sobre falsas doutrinas
propagadas pelos espíritas ante a fé cristã e ainda assim não seria
suficiente para compreender todo o universo confuso da doutrina
espirita.
Cabe também lembrar que a Igreja considera o termo espirita em um
cunho mais abrangente, como todo aquele entra em contato com os
espíritos voluntariamente. Podemos entender, então, que está incluso no
decreto de excomunhão por heresia todos aqueles que participam de cultos
afro e de umbanda, espíritas anglo-saxões (wiccas e neo-wiccas), bruxos
e necromantes e toda sorte de indivíduo que pratique tais evocações.
Que Deus ilumine todas estas pessoas e a tirem do engano o mais breve possível.
Um grande abraço a todos e até o próximo post
Legendas:
I – O livro dos espíritos (1857), 22a ed. Da Federação Espírita Brasileira (FEB).
II – A gênese (1868), ed. da FEB de 1949.
III – Obras póstumas, 10a ed. da FEB.
IV – O evangelho segundo o espiritismo (1864), 39a ed. da FEB.
I – O livro dos espíritos (1857), 22a ed. Da Federação Espírita Brasileira (FEB).
II – A gênese (1868), ed. da FEB de 1949.
III – Obras póstumas, 10a ed. da FEB.
IV – O evangelho segundo o espiritismo (1864), 39a ed. da FEB.
Fonte:
Kloppengurg, Frei Boaventura (O.F.M) – Espiritismo Orientação para os Católicos – Edições Loyola – 7a Edição – 2002.
Kloppengurg, Frei Boaventura (O.F.M) – Espiritismo Orientação para os Católicos – Edições Loyola – 7a Edição – 2002.
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