O papa define os dogmas direta ou indiretamente contidos na bíblia e na tradição
Por Edson Sampel
SãO PAULO, 04 de Julho de 2013 (Zenit.org)
- Como prometi no artigo da semana passada, hoje vou apresentar a
relação das 13 definições dogmáticas proferidas ao largo dos mais de
2000 anos de história do catolicismo.
Conforme vimos, a
infalibilidade do papa é, na verdade, um apanágio da Igreja. Trata-se
de um carisma necessário, exercido com muita humildade na ausculta da
fé, em profunda oração.
1) Ano: 449. O papa são Leão Magno expõe a doutrina
do mistério da encarnação. Em Cristo há uma só pessoa (divina) e duas
naturezas (divina e humana). Debela-se, assim, a heresia de Nestório.
2) Ano: 680. O papa são Agatão ensina haver em
Cristo duas vontades distintas, a divina e a humana, ficando a vontade
humana moralmente submissa à divina. O objetivo da definição era
reprimir uma nova modalidade de monotelitismo, que dizia haver em Cristo
unicamente a vontade divina.
3) Ano: 1302. O papa Bonifácio VIII declara que toda
criatura humana está sujeita ao pontífice romano. De fato, de acordo
com a judiciosa explicação de dom Estêvão Bettencourt, OSB, “esta
sentença tem de ser compreendida no seu respectivo quadro histórico”,
pois vivia-se uma época de intenso laicismo no qual o Estado
preponderava sobre a religião. Aplica-se, ainda, para nós, na
atualidade, à medida que todo ser humano está sujeito à moral
evangélica, infalivelmente lecionada pelo papa.
4) Ano: 1336. O papa Bento XII definia que, logo
após a morte, as almas sem nenhum pecado, nem venial, são admitidas à
visão beatífica ou contemplação de Deus. Esta definição põe por terra
certas doutrinas heterodoxas muito em voga hoje em dia de que, logo
depois do óbito, o indivíduo ressuscitaria.
5) Ano: 1520. O papa Leão X condenou 41 proposições
de frei Martinho Lutero. Sabe-se que o aludido frade agostiniano fixara
95 teses na porta da Catedral de Wittemberga, na Alemanha. Cuida-se das
famigeradas heresias protestantes, como, por exemplo, a justificação só
pela fé, o olvido da tradição e supervalorização da bíblia, a negação do
papel de Maria santíssima na economia da salvação, entre tantos
postulados do século XVI.
6) Ano: 1653. O papa Inocêncio X reprova o
jansenismo, que nutria um conceito pessimista da natureza humana. Os
adeptos desta heresia asseveravam que o homem só podia praticar o bem
sob o influxo irresistível da graça divina.
7) Ano: 1687. O papa Inocêncio XI denunciou a
heresia das proposições de Miguel de Molinos, as quais queriam
identificar a perfeição espiritual com tranqüilidade e passividade da
alma (quietismo).
8) Ano: 1699. O papa Inocêncio XII condenou as
assertivas de François de Fénelon, que queriam renovar o quietismo,
anteriormente exprobrado por Inocêncio XI.
9) Ano: 1713. O papa Clemente XI novamente o jansenismo expresso na obra de Pascásio Quesnel.
10) Ano: 1794. O papa Pio VI denunciou 85 teses
heréticas promulgadas em Toscana, no Sínodo de Pistoia, que retratavam o
nacionalismo e depotismo do Estado.
11) Ano: 1854. O papa Pio IX define o dogma da
imaculada concepção de Maria de Nazaré. Numa prerrogativa especial,
nossa Senhora foi concebida sem a mancha do pecado original.
12) Ano: 1950. O papa Pio XII define o dogma da
assunção de Maria ao céu, em corpo e alma. Este dogma é corolário da
imaculada conceição. Alguns teólogos não falam em morte de Maria, mas
preferem a expressão “dormição de Maria”.
13) Ano: 1994. O papa João Paulo II, na carta apostólica “Ordinatio Sacerdotalis”, define o non possumus
(impossibilidade) da Igreja no que tange à ordenação de mulheres. O
argumento básico é que Jesus, o divino fundador da Igreja católica, não
escolheu mulheres para o grupo dos apóstolos, embora pudesse fazê-lo e,
muitas vezes, tivesse agido contra o machismo cultural de sua época.
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