Cardeal Camillo Ruini |
02 Jul. 13
ROMA, (ACI/EWTN Noticias).-
O Cardeal Camillo Ruini, Vigário Emérito do Papa para a diocese de Roma e
Ex-presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), explicou de
maneira inequívoca que o recente aval da Corte Suprema dos Estados
Unidos ao "matrimônio"
homossexual é uma ilusão que pretende negar a realidade e é uma
plasmação da "ideologia do gênero" que ataca a natureza do homem que foi
criado homem e mulher.
Assim o indicou o Cardeal italiano de 82 anos de idade em uma
entrevista concedida em 28 de junho ao jornal italiano IL Foglio e
publicada em espanhol hoje na coluna de opinião do vaticanista Sandro
Magister sob o título "O cardeal que se opõe ao tribunal supremo".
Magister faz uma introdução à entrevista e assinala que "para Camillo
Ruini a sentença norte-americana contra o matrimônio só entre homem e
mulher é uma ilusão que pretende negar a realidade. O futuro pertence a
quem sabe defender o ser humano autêntico. As uniões civis entre
homossexuais: um compromisso ‘inútil e prejudicial’".
O vaticanista recorda que Camillo Ruini, de 82 anos de idade foi
secretário e presidente da CEI por mais de 20 anos e, além disso, foi
Vigário dos Papas João Paulo II e Bento XVI para a diocese de Roma, em total 17 anos.
Na entrevista titulada "Casar-se como manda a natureza", o Cardeal se
refere à polêmica decisão da Corte Suprema dos Estados Unidos a favor
do "matrimônio" gay e afirma primeiro que "um aspecto muito relevante de
nosso ser é o fato de que estamos estruturados segundo a diferença
sexual, de homem e de mulher. Como sabemos bem, esta diferença não se
limita aos órgãos sexuais, mas implica toda nossa realidade".
"Trata-se de uma diferença primitiva e evidente, que precede nossas
decisões pessoais, nossa cultura e a educação que recebemos, embora
todas estas coisas incidam muito, a sua vez, sobre nossos
comportamentos. Por isso, a humanidade, desde suas origens, concebeu o
matrimônio como um vínculo possível só entre um homem e uma mulher".
O Cardeal assinala deste modo que "nos últimos decênios se abriu
caminho para uma posição diferente, segundo a qual a sexualidade deveria
reconduzir-se a nossas eleições livres. Como dizia Simone de Beauvoir,
‘ou se nasce mulher, ou chega-se a sê-lo’. portanto, o matrimônio
deveria estar aberto também a pessoas do mesmo sexo. É a teoria do
‘gênero’, agora já difundida a nível internacional, na cultura, nas leis
e nas instituições".
"Trata-se, entretanto, de uma ilusão, embora seja compartilhada por
muitos: nossa liberdade está, de fato, radicada na realidade de nosso
ser e quando vai contra ela se converte em destrutiva, sobretudo de nós
mesmos. Pensemos, concretamente, no que pode ser uma família
na qual não haja já um pai, uma mãe ou em filhos que tenham um pai e
uma mãe: as estruturas de base de nossa existência estariam
transtornadas, com os efeitos destrutivos que podemos imaginar, mas não
prever até o profundo".
Ao ser perguntado sobre se a aceitação do matrimônio de pessoas do
mesmo sexo, permitiria chegar à "igualdade", o Cardeal Ruini é
categórico: "esta é, certamente, a ilusão: apagar a natureza com nossa
decisão pessoal ou coletiva. Por isso, é vã a esperança de encontrar um
compromisso que satisfaça a todos introduzindo, por exemplo, junto ao
matrimônio que continuaria estando reservado a pessoas de sexo distinto,
as uniões civis reconhecidas legalmente, às quais poderiam acessar
também os homossexuais".
"Por uma parte, estas uniões não satisfariam essa instância de
absoluta liberdade e igualdade que está na base da reivindicação do
matrimônio homossexual; por outra, seria uma cópia do matrimônio, inútil
e prejudicial", prossegue.
O Cardeal explica que seria "inútil porque todos os direitos que se
diz que querem tutelar poderiam estar perfeitamente tutelados –e em
grande parte já o são– reconhecendo-os como direitos das pessoas e não
dos casais" e "prejudicial porque um matrimônio deste tipo, com menores
compromissos e obrigações, poria mais em crise o matrimônio autêntico,
sem o qual uma sociedade não pode sustentar-se".
Sobre o modo de proceder da Igreja Católica neste tema, o Cardeal Ruini explicou que "a Igreja
não pode não lutar pelo homem, como escreveu João Paulo II em sua
primeira encíclica– ‘Neste caminho que conduz de Cristo ao homem a
Igreja não pode ser detida por ninguém’– e como repetiu Bento XVI também
no discurso à cúria romana para a felicitação do Natal de 2012: a Igreja deve defender os valores fundamentais constitutivos da existência humana com a máxima claridade".
"Não me parece que hoje a Igreja se mova com dificuldade. Se olhamos o caso da França, os bispos
e os católicos, junto a muitos outros cidadãos, foram derrotados, ao
menos por agora, a nível legislativo, mas demonstraram uma vitalidade e
uma força cultural e social maior que seus adversários", assegurou.
O Cardeal disse também que "os católicos devem ser sempre mais
conscientes do significado cultural e social de sua fé. Quando esta
consciência se atenua, a fé se torna insípida e incide pouco não só no
âmbito público, mas também na capacidade de atrair às pessoas e de
guia-las para Cristo".
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