Por France Presse
APARECIDA, Brasil / Brasil, 24 Jul 2013 (AFP) - O
papa Francisco denunciou nesta quarta-feira os 'ídolos passageiros',
como o dinheiro e o poder, em sua primeira missa pública na América
Latina, realizada no maior santuário católico do Brasil, dedicado à
padroeira do país, Nossa Senhora Aparecida.
'É verdade que, hoje em dia, em certa medida, todos,
incluindo nossos jovens, se sentem atraídos por tantos ídolos que se
colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o sucesso,
o poder, o prazer', afirmou o Papa argentino, de 76 anos, diante de
cerca de 200.000 fiéis.
'Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio
entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes
ídolos passageiros', continuou.
A igreja católica enfrenta uma fuga de fiéis na
América Latina, enquanto assiste o grande crescimento das igrejas
evangélicas, que prometem a obtenção de riqueza e sucesso, assim como o
aumento do número de pessoas sem religião.
-- Católicos 'alegres, nunca tristes' --
O primeiro papa latino-americano da história,
defensor de uma Igreja mais próxima aos pobres, também convocou aos
jovens a transmitirem valores que os tornem artífices de uma nação e de
um mundo mais justo, solidário e fraterno.
Papa Francisco também pediu aos católicos que sejam 'alegres, nunca tristes'.
'O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma
cara de quem parece num constante estado de luto', pregou durante a
homilia.
Após fazer uma bênção aos mais de 200.00 fiéis que
estavam do lado de fora do santuário, o papa Francisco disse que voltará
em 2017 ao Santuário de Aparecida por ocasião do aniversário de 300
anos da descoberta da imagem da padroeira.
'Peço um favor. Com jeitinho. Rezem por mim. Eu
preciso. Que Deus os abençoe. E até 2017, quando voltarei', disse o
papa, em espanhol.
Esta é a segunda visita do Papa ao santuário. Em
2007 ele esteve em Aparecida, durante a V Conferência Episcopal
Latino-americana e do Caribe (Celam).
Na época, o então arcebispo de Buenos Aires, o
cardeal argentino Jorge Bergoglio presidiu a comissão de redigiu o
documento final, de forte conteúdo social e político, enfatizando 'a
opção pelos pobres' nesta região onde vivem mais de 40% dos católicos do
mundo.
Apesar da chuva e do frio de 7ºC, milhares de
pessoas passaram a noite nas ruas de Aparecida para entrar no santuário
da padroeira do Brasil.
Desde que o Papa chegou ao Brasil na última
segunda-feira, uma frente fria atingiu o sudeste do país. Nevou em 131
cidades e São Paulo teve a madrugada mais fria dos últimos 13 anos. No
Rio de Janeiro, os cariocas, acostumados com um clima ameno durante todo
o ano, tiraram os casacos do armário.
'Pude falar com ele, olhá-lo de muito perto. Quando
ele falou de Nossa Senhora na primeira parte da missa, me emocionei
muito', disse à AFP Leila Barbosa, 27 anos.
Cerca de 5.000 policiais e militares se encarregam
da segurança do local. No último domingo uma pequena bomba de fabricação
caseira foi encontrada em um dos banheiros do santuário, informou o
exército.
Antes de receber Francisco, Aparecida foi visitada em 1980 por João Paulo II e em 2007 por Bento XVI.
-- Reunião com dependentes de crack num hospital --
Na noite desta quarta-feira, ao retornar ao Rio de
Janeiro no final da tarde, o Papa visitará um hospital franciscano na
Tijuca, que inaugurará uma ala para a reabilitação de usuários de crack.
Ele irá até o hospital em carro fechado e não no papamóvel, como estava previsto inicialmente.
O estilo informal do Papa causou problemas à
organização durante sua chegada ao Rio de Janeiro nesta segunda-feira,
quando o carro que o transportava ficou preso diversas vezes em
engarrafamentos no centro da cidade, em meio a uma multidão de fiéis.
Na noite de terça-feira, horas antes do início da
missa inaugural da JMJ, que reuniu cerca de 500.000 pessoas em
Copacabana, o metrô do Rio ficou parado por mais de duas horas. O
problema, de origem elétrica, deixou vários milhares de peregrinos
presos em diversos pontos da cidade.
Apesar de sua popularidade, o Papa chegou ao Brasil
em meio a protestos contra os altos custos de sua visita e da JMJ,
estimados em 53 milhões de dólares, que terminaram em violência.
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