Entre são José e, por exemplo, são Paulo, não há diferença ontológica
Por Edson Sampel
SãO PAULO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org)
- Bastante louvável a decisão do papa Francisco de acrescentar um
memento a são José nas orações eucarísticas II, III e IV. O castíssimo
eposo de santa Maria é o patrono da Igreja, porquanto “(...)
amorosamente cuidou da mãe de Deus e se dedicou com alegre empenho na
educação de Jesus Cristo (...)” (Decreto da Congregação para o Culto
Divino e a Disciplina dos Sacramentos, 1.º/5/2013). Todavia, é
importante ter presentes algumas considerações a respeito do pai adotivo
de Jesus, para que se evitem interpretações errôneas, fantasiosas, que
não se coadunam com a doutrina católica e facilmente degeneram em
heresia.
São José não está acima de nenhum outro
santo. Desta feita, entre são José e, por exemplo, são Paulo, não existe
diferença ontológica nenhuma. Como qualquer ser humano, ambos nasceram
vitimados pelo pecado original, mas se santificaram pela sua fé e por
suas boas obras. Desta feita, falar em “protodulia”,vale dizer, em um
culto especial a são José, por razões personalíssimas, não me parece uma
postura ortodoxa. A são José e a qualquer outro santo temos de render o
culto chamado de “dulia”. A Deus cultuamos com a “latria”.
Maria santíssima, a mãe de Jesus e esposa de são José, é venerada com
um culto especialíssimo, denominado de “hiperdulia”. Deveras, nossa
Senhora nasceu sem a mancha do pecado original e cooperou efetivamente
com a encarnação de Deus na história. Santa Maria só está abaixo de
Deus. Na economia salvífica, ela se encontra acima de todos os santos e
anjos do céu. Certos teólogos arriscam a tese de que grande número de
anjos se rebelou contra Deus ao tomar conhecimento de que um ser humano,
uma mulher, excederia em graças a todas as criaturas.
Não existe nenhuma base escriturística ou tradicional de que são José
frua de algum privilégio semelhante ao de sua amantíssima esposa. No
novo testamento, há um único epíteto relacionado a são José: “Era um
homem justo” (Mt 1, 19). O Catecismo da Igreja Católica, por seu turno,
divisa os parâmetros de um saudável culto josefense e inculca o real
papel de são José na história da salvação. Leiam-se os números 437, 104 e
2177.
São Bento é o padroeiro da Europa e, nem por isso, afirmaremos que
sua santidade sobrepaira a de um são Francisco, por exemplo. São José é o
patrono da Igreja universal, porquanto custodiou a Igreja nascente, na
condição de chefe da sagrada família.
Que são José rogue por nós e ajude a extirpar da comunidade eclesial qualquer tentativa de divinização da pessoa dele!
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