ihu - "Foi Deus quem me disse". Com essas palavras, o Papa Emérito Bento XVI teria explicado a sua decisão de renunciar ao pontificado. A reconstrução de uma conversa privada com uma pessoa que visitou Ratzinger há algumas semanas e informou os conteúdos, optando por manter o anonimato, foi reproposta pela agência católica Zenit.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 20-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Depois de cerca de seis meses após o anúncio que abalou o mundo – escreve Zenit –, a decisão de Ratzinger
de viver no escondimento ainda faz refletir e interrogar. Alguém teve o
privilégio de ouvir dos lábios do papa emérito as motivações dessa
escolha. Apesar da vida de clausura, Ratzinger concede – esporadicamente
e só em determinadas ocasiões – algumas visitas muito privadas" no
ex-convento Mater Ecclesiae, no Vaticano, que se tornou a sua residência.
Durante esses encontros, o ex-pontífice "não comenta, não revela
segredos, não se deixa levar a declarações que poderiam pesar como 'as
palavras ditas pelo outro papa', mas mantém a reserva que sempre o
caracterizou. No máximo, observa satisfeito as maravilhas que o Espírito
Santo está fazendo com o seu sucessor, ou fala sobre si mesmo, sobre
como essa escolha de renunciar foi uma inspiração recebida de Deus".
"Foi Deus quem me disse" foi a resposta do pontífice emérito à pergunta sobre o porquê ele renunciou ao sólio de Pedro. Ratzinger,
então, teria logo especificado "não se tratou de nenhum tipo de
aparição ou de fenômeno desse tipo, mas foi 'uma experiência mística' em
que o Senhor fez nascer no seu coração um 'desejo absoluto' de
permanecer sozinho com Ele, recolhido em oração".
Segundo a fonte, a experiência mística teria durado todos estes
meses, "aumentando cada vez mais aquele anseio por uma relação única e
direta com o Senhor. Além disso, o papa emérito – escreve Zenit – revelou que quanto mais ele observa o 'carisma' de Francisco, mais entende como essa sua escolha foi 'vontade de Deus'".
Portanto, Ratzinger não só estaria mais do que nunca
convencido da oportunidade da sua escolha, que tanto fez discutir
principalmente entre os seus colaboradores mais próximos, mas também
estaria contente em ver o que o seu sucessor está realizando.
Em uma entrevista anterior com um acadêmico alemão, Bento XVI já havia falado da sintonia do ponto de vista teológico com o seu sucessor Francisco.
Este último, aliás, nunca perde a oportunidade de manifestar, também
publicamente, a veneração pelo seu antecessor, de cujo conselho ele
disse que não quer se privar de forma alguma.
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