Durante a Jornada Mundial da Juventude – JMJ, realizada no Rio de
Janeiro, o grupinho de jovens do país mais populoso da Terra não foi
convidado para nenhuma posição de destaque.
Alguns deles vivem proibidos de ver até uma simples foto do Papa.
Eles foram recebidos, segundo o organograma, na Paróquia Divino Espírito
Santo, no Maracanã, noticiou “O Globo”.
Eles vieram misturados com católicos de Hong Kong, Taiwan e Macau,
onde o catolicismo é tolerado. Eram peregrinos “clandestinos” vindos da
China continental, desafiando a repressão e a punição do Partido
Comunista.
O socialismo é de tal maneira asfixiante e implacável que esses
heroicos fiéis ficaram acostumados a desconfiar de tudo e de todos: não
diziam seus nomes e não permitiam a divulgação de fotos.
Eles temiam represálias, até mesmo a prisão, porque na China a única
“igreja” permitida é controlada pela Associação Patriótica, órgão de
repressão do governo que não aceita o Vaticano.
Além disso, essa Associação Patriótica recebe também fraternal
acolhida na CNBB e em seus congêneres ‘progressistas’ no mundo. Mas os
verdadeiros católicos, que são fiéis ao Papa, não conseguem sequer
sonhar com isso.
Os componentes de um grupo deles lutaram para chegar ao Rio e
tentaram aproveitar ao máximo a liberdade religiosa do Brasil.
Participam de catequeses e missas em mandarim.
Alguns eram catecúmenos e sequer haviam sido batizados.
O padre José Li Guozhong, da Paróquia São Francisco Xavier, na
Tijuca, chinês que vive no Brasil há 30 anos, calculou que cerca de 70
peregrinos da China continental vieram até o Rio.
Uma jovem chinesa aparentando 15 anos, segundo “O Globo”, pois “eles
não gostam de revelar a idade e, quando falam, podem alterar”, se
emocionou vendo o catolicismo nas ruas de São Paulo.
“Participei de uma procissão de uma igreja para outra em São Paulo,
na semana passada. Vi os policiais ajudando, abrindo o caminho. E
lembrei-me da Igreja na China. Rezo muito para que isso aconteça um dia
na China. Lá a polícia nos prenderia”, disse a peregrina por meio do Pe.
Li, que fazia de intérprete.
Há entre 12 milhões e 15 milhões de católicos na China, mas quase a
metade é ilegal, ou seja, resiste à “igreja” progressista pró-comunista.
Esses fiéis ‘clandestinos’ realizam suas práticas religiosas em
locais “discretos” como apartamentos familiares, e até em florestas.
Os peregrinos chineses queriam tirar fotos com o arcebispo emérito de
Hong Kong, cardeal D. Joseph Zen, 81, que é muito crítico do regime
marxista e da política de aproximação vaticana com esse regime – a
“Ostpolitik”.
O Cardeal definiu com lacônica e dolorosa expressão a situação do catolicismo chinês:
“Não há liberdade na China, é isso”, dando o nome de bispos desaparecidos no país.
Os fiéis clandestinos não participavam da alegria fácil do espetáculo
da JMJ, mas no fundo da alma a graça deleitava seu espírito com a
aspiração cheia de fé de que um dia vindouro o catolicismo triunfará na
China.
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