ihu - A Igreja Católica excomungou os quatro ministros que se manifestaram em favor da descriminalização do aborto.
A sanção, que os veta de receber a comunhão, aplica-se às autoridades
que professam a fé católica, confirmou o secretário geral adjunto da Conferência Episcopal da Bolívia, José Fuentes.
A reportagem é do sítio Religión Digital, 19-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"A pessoa que aborta, que incentiva o outro a abortar, assim como os
relacionados à saúde que participam de um aborto (...) cometem um pecado
diante de Deus, porque se convertem em donos da vida, e o único dono da
vida, para nós, é Deus. Esse pecado se chama excomunhão, e, por isso,
não pode comer o corpo de Cristo", manifestou Fuentes.
Os ministros da Comunicação, Amanda Dávila; da Autonomia, Claudia Peña; da Educação, Roberto Aguilar; e do Desenvolvimento Produtivo, Teresa Morales, se mostraram a favor da descriminalização do aborto em julho.
Suas opiniões eram pessoais e não refletiam a posição do governo. Prova disso é que o presidente, Evo Morales, e, dias depois, o vice-presidente, Alvaro Garcia Linera, indicaram que o aborto é um crime. O presidente, no entanto, disse que é um assunto que deve ser debatido.
As quatro autoridades fizeram as declarações para as consultas que o Tribunal Constitucional realiza com instituições para derrubar uma ação de inconstitucionalidade apresentada pela deputada Patricia Mancilla (MAS) contra 12 artigos do Código Penal, dos quais três (263, 266 e 269) penalizam a prática do aborto.
Desde então, foi aberto um amplo debate, e a Igreja Católica se
pronunciou em diversas oportunidades. Na sexta-feira, apresentou três
razões para vetar a descriminalização.
Nesse dia, o secretário geral adjunto da Conferência Episcopal da Bolívia
disse que "se os ministros são católicos, não podem estar a favor do
aborto, e se são e propiciam uma lei de aborto, não podem se aproximar
da Eucaristia".
"Porque neste momento não estão em comunhão com um valor que na
Igreja é absoluto e total", disse um dos representantes da Conferência.
No entanto, ressaltou que, se as autoridades se arrependem e confessam,
poderão receber a absolvição e os sacramentos.
"Não é imperdoável se eu me arrependo e me dou conta de que o que eu
eu fiz não está certo, que é o caso das mulheres que fizeram aborto
(...), se deram conta do que fizeram e não encontraram a paz, recorreram
ao sacramento da penitência, onde a excomunhão lhes foi levantada".
"Porque senão parece que a tolerância soa a zero", disse Fuentes.
A pena se baseia no cânon 1398 do Código de Direito Canônico, que ordena que "quem procura o aborto, se este acontece, incorre em excomunhão latae sententiae", que é uma excomunhão automática.
A excomunhão não só proíbe o católico de receber a Eucaristia, mas
também que "não participe da vida cotidiana da Igreja, porque também não
pode ser padrinho de qualquer sacramento, como o batismo, a confirmação
ou o casamento", explica o diácono Moisés Rojas.
Mas qual é a transcendência disso? O sacerdote Thelian Corona, reitor da Universidade Salesiana,
explica que é um castigo muito grave para um católico, já que ocasiona
um dano que é evidente pela falta de valor, coerência e fé dos fiéis. "É
uma exclusão da Igreja", diz.
Isso não significa que não possa assistir a missa, mas não poderá
participar do rito fundamental do ofício que é receber a comunhão.
"Porque esse é o ato máximo de pertença à Igreja", explica o reitor
da universidade. "É como se uma pessoa vai para um aniversário, mas não
come a torta", ilustra o padre.
Se não houver arrependimento da pessoa, nem poderá receber o
sacramento da unção dos enfermos. "Mas, se nesse momento ele confessa,
então será absolvido", comenta Corona.
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