jbpsverdade: Eu vejo muitas vezes pessoas que se direcionam para receber a Sagrada Comunhão de um modo totalmente desleixado, como se estivesse na fila de uma lanchonete par fazer um lanche. Vejo também pessoas na fila para receber a Sagrada Comunhão totalmente contritas e quando se aproxima ajoelham-se em sinal de adoração ao Senhor Jesus Cristo presente na Eucaristia. Todo aquele que recebe a Sagrada Comunhão, se discernisse quem verdadeiramente está recebendo, se prostraria antes mesmo de O receber, pois que na Eucaristia recebemos o próprio Jesus vivo e ressuscitado. Eis o que escreve São Paulo aos coríntios: Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim. Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. (I Cor 11, 23-29)
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Neste terceiro artigo sobre os ensinamentos de Monsenhor Guido Marini a respeito da liturgia, o texto reflete sobre adoração e união com Deus na Santa Missa
Na adoração eucarística o homem reconhece a beleza do Senhor e tende a
glorificá-lo, colocando-se de joelhos e em atitude de plena comunhão.
Ali no altar reside Deus, o Santo dos Santos, que se fez carne para
nutrir a alma e o coração da humanidade durante a sua peregrinação nesta
terra, assim como o maná do céu nutriu o povo que caminhava no deserto.
E é por isso que o Bem-aventurado João Paulo II fez questão de
enfatizar na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia que "a Igreja vive da
Eucaristia". Sem uma, a outra não pode existir.
Com efeito, complementa o mestre de cerimônias pontifícias, Monsenhor
Guido Marini, "diante da beleza indizível da caridade de Deus, que toma
forma no mistério do Verbo encarnado, morto e ressuscitado em nosso
favor, e que encontra na liturgia a sua manifestação sacramental, não
nos resta outra coisa senão permanecer em adoração". E aqui cabe lembrar
aquela belíssima oração ao Cristo Eucarístico que o Anjo de Portugal
ensinou aos três pastorinhos, antes da aparição da Virgem Maria em
Fátima: "meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão
pelos que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam".
Sendo a Missa, portanto, o lugar do encontro com Deus nas espécies
eucarísticas, é de suma importância que todos os sinais da liturgia
conduzam à adoração. E isso, observa Marini, inclui "a música, o canto, o
silêncio, a maneira de proclamar a Palavra de Deus e o modo de rezar,
as vestes litúrgicas e objetos sagrados, como também o edifício sagrado
no seu complexo". Tudo deve ser belo, pois Deus é belo. Não se trata,
porém, de esteticismo ou espetáculo, mas de conceder a Deus o seu devido
culto, uma vez que na liturgia deve resplandecer o mistério da beleza
do amor de Deus. É o que praticaram santos como São João Maria Vianney e
São Josemaria Escrivá que, não obstante à vida de pobreza e imensa
caridade, sempre buscaram celebrar a Eucaristia com os melhores
paramentos possíveis. Eis o que ensina também o Papa Emérito Bento XVI:
"As nossas liturgias da terra, inteiramente dedicadas a celebrar este gesto único da história, nunca conseguirão expressar totalmente a sua densidade infinita. Sem dúvida, a beleza dos ritos jamais será bastante requintada, suficientemente cuidada nem muito elaborada, porque nada é demasiado belo para Deus, que é a Beleza infinita. As nossas liturgias terrenas não poderão ser senão um pálido reflexo da liturgia que se celebra na Jerusalém do céu, ponto de chegada da nossa peregrinação na terra. Possam, porém, as nossas celebrações aproximar-se o mais possível dela, permitindo-nos antegozá-la!" (Cf. Homilia durante a celebração das Vésperas na Catedral de Notre Dame, Paris, 12 de Setembro de 2008)
É exatamente nesta perspectiva que se insere a decisão de Bento XVI
de, a partir de 2008, distribuir a Sagrada Comunhão diretamente na
língua dos fiéis de joelhos. Ora, o próprio Santo Agostinho advertia: "ninguém come desta carne, sem antes adorá-la".
Ademais, é importante salientar que a comunhão na boca e de joelhos é
um direito dos católicos assegurado pela Santa Sé: "todo fiel tem sempre
direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o
que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento", (nº 92; vid. ainda
Missale Romanum, Institutio Generalis, nº 161). A isso também se soma a
lição da Exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis que "receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração diante daquele que recebemos" (n. 66)
Por outro lado, algumas teologias difundiram em vários ambientes uma
ideia um tanto quanto materialista acerca do Sacramento da Comunhão,
como se não fosse necessário adorá-lo, somente comê-lo. Há também a
acusação de que a adoração obscureceria a dimensão social da caridade.
Todavia, a história dos santos mostra uma realidade totalmente diversa.
Basta pensar nas horas em que Madre Teresa gastava à frente do sacrário
para se desfazer esse pensamento equivocado. Na verdade, novamente
explica Guido Marini, "somente através de uma renovada adoração do
mistério de Deus em Cristo, mistério que toma forma no ato litúrgico,
poderá brotar uma autêntica comunhão fraterna e uma nova história de
caridade, conforme a fantasia e heroicidade que só a graça de Deus pode
doar aos nossos pobres corações".
Neste sentido, o Papa Francisco deu um belo exemplo a toda a Igreja,
quando a 2 de junho convocou uma adoração eucarística universal, na qual
dioceses do mundo inteiro se reuniram para adorar o Senhor no mesmo
horário que o seu vigário. Como não recordar o belíssimo hino de Santo
Tomás de Aquino, Adoro te devote? Adorar a Cristo com devoção significa
reconhecer Nele o bondoso pelicano, aquele que lava a sujeira do mundo
com o próprio sangue, sendo uma só gota capaz de salvar todo o mundo e
apagar todo pecado.
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
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