“Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis,
monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de
descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a
mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais
nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante
(nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e
rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e
santidade.” (Martinho Lutero, “Comentário do Magnificat”, cf. escritora
evangélica M. Basilea Schlink, revista “Jesus vive e é o Senhor”).
“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe [para Maria] um
carro de ouro e conduzi-la com quatro mil cavalos, tocando a trombeta
diante da carruagem, anunciando: ‘Aqui viaja a mulher bendita entre
todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano’. Mas tudo isso
foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo
e, apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos
admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria.”
(idem, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista “Pergunte e
Responderemos” nº 429).
“Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que
supera todo e qualquer intelecto. Daí lhe advém toda a honra e a alegria
e isso faz com que ela seja uma única pessoa em todo o mundo, superior a
quantas existiam e que não tem igual na excelência de ter com o Pai
Celeste um filhinho comum. Nestas palavras, portanto, está contida toda a
honra de Maria. Ninguém poderia pregar em seu louvor coisas mais
magníficas, mesmo que possuísse tantas línguas quantas são na terra as
flores e folhas nos campos, nos céus as estrelas e no mar os grãos de
areia.” (idem, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista
“Jesus vive e é o Senhor”)
“Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do
Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua
Santa Mãe! Amém.” (Martinho Lutero, “Comentário do Magnificat”).
“O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito
Santo sem o auxílio de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre
virgem.” (Martinho Lutero, “Artigos da Doutrina Cristã”)
“Maria é digna de suprema honra na maior medida.” (“Apologia da Confissão de Fé de Augsburg”, art. IX).
“Um só Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nascido da Virgem Maria.” (idem)
“Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem
reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu
Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (João Calvino, Comm. Sur l’Harm.
Evang.,20)
“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como
virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após
o parto, permaneceu virgem pura e íntegra.” (Zwinglio, em “Corpus
Reformatorum”)
“Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina
em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo,
nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo
à luz, continuou virgem pura e imaculada.” (John Wesley, fundadador da
Igreja Metodista, em carta dirigida a um católico em 18.07.1749)
“Ao ler estas palavras de Martinho Lutero [em "Comentário do
Magnificat"], que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que
santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se
percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude
para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada
Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos
envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos
escritos confessionais se lêem sentenças como esta: “Maria é digna de
ser honrada e exaltada no mais alto grau”.
O racionalismo ignorou por completo o mistério da santidade. O que é
santo, é bem diferente do resto; diante do que é santo, só nos podemos
quedar em admiração, adorar e prostrar-nos no pó. O que é santo, não é
possível compreendê-lo. Diante da exotação, de Martinho Lutero, de que
Maria nunca pode ser suficientemente honrada na cristandade, como a
mulher suprema, como a jóia mais preciosa depois de Cristo, e sou
obrigada a me confessar adepta daqueles que durante muitos anos de sua
vida não seguiram esta admoestação de exaltá-la e assim também não
cumpriram a exotação da Sagrada Escritura segundo a qual as gerações
considerariam Maria bem-aventurada (Lucas 1,48).
Eu não entrei na fila destas gerações. É verdade que também li na
Sagrada Escritura como Isabel, mulher agraciada por Deus, falando pelo
Espírito Santo e denominando Maria “a mãe do meu Senhor”, lhe prestou a
maior homenagem, ao lhe dizer como prima mais idosa: “Donde me vem a
honra de tu entrares em minha casa?!” Eu, de fato, poderia ter aprendido
o procedimento correto com Isabel, mas eu não prestei homenagem a Maria
com pensamento algum, com nenhum sentimento do coração, com palavra
alguma, nem com algum canto. E muito menos eu a louvava sem fim,
deixando de seguir a orientação de Lutero, quando escreve que jamais
chegaríamos a exaltá-la o suficiente.
Minha intenção, ao escrever este opúsculo sobre o caminho de Maria,
segundo o que diz dela a Sagrada Escritura, foi conscientemente reparar
esta omissão pela qual me tornei culpada para com o testemunho da
Palavra de Deus. Nas últimas décadas o Senhor me concedeu a graça de
aprender a amar e honrar cada vez mais a Maria, a mãe de Jesus. E isto, à
medida que, pela Sagrada Escritura, me ia aprofundando no conhecimento
de sua vida e dos seus cainhos. Minha sincera intenção, ao escrever este
livro, é fazer o que posso para ajudar, a fim de que entre nós, os
evangélicos, a mãe de nosso Senhor seja novamente amada e honrada, como
lhe compete, segundo as palavras da Sagrada Escritura e conforme nos
recomendou Martinho Lutero, nosso reformador.
Com gratidão gostaria de confessar aqui quanto o testemunho de sua
obediência, de sua entrega total de disponibilidade para andar todos os
seus penosos caminhos, me foram uma bênção. Pois ela viveu e andou o
caminho da humilhação, numa atitude que – no dizer de Lutero, quando
escreve a introdução ao Magnificat – nos pode servir de exemplo: “A
delicada mãe de Cristo sabe ensinar melhor do que ninguém – pelo exemplo
de sua prática – como devemos conhecer, louvar e amar a Deus…”
Quanto amor nós, os evangélicos, dedicamos aos apóstolos Paulo e
Pedro! Muitas vezes até encontramo-nos num relacionamento individual e
espiritual com eles. Nós os honramos e lhe agradecemos por terem andado
este caminho de discípulos de Cristo. Agradecemos ao apóstolo Paulo,
porque sabemos que, sem ele, a mensagem de Jesus não teria chegado até
nós, os gentios. Exaltamos, cheios de gratidão, os mártires de nossa
Igreja, cujo sangue foi semente da qual a Igreja tira vida. E nos
esquecemos muitas vezes de agradecer a Maria, a mãe de nosso Senhor.
Não está ela inserida na “nuvem de testemunhas” que nos circundam
(cf. Hebreus 12,1) e cujo testemunho nos deve fortalecer para a luta que
temos a sustentar?
Se honramos apóstolos e arcanjos e deles esperamos que sejam nossos
guias no caminho, usando seus nomes para denominar comunidades e igrejas
nossas, então, como é que poderíamos excluir Maria, que está ligada a
Jesus como a primeira e mais íntima e que andou com Ele o caminho da
cruz?
A nossa Igreja Evangélica deixou de lhe prestar honra e louvor,
receando com isto reduzir a honra devida a Jesus. Mas o que acontece é o
seguinte: toda honra autêntica dirigida aos discípulos de Jesus e
também à Sua mãe aumenta a honra do Senhor. Pois foi Ele, só Ele, que os
elegeu, os cobriu com Sua graça e fez deles Seu vaso de eleição. Por
sua fé, seu amor e sua dedicação para com Deus, é Deus colocado no
centro das atenções e é glorificado.
É intenção nossa – como Irmandade de Maria – contribuir, em
obediência à Sagrada Escritura, para que nosso Senhor Jesus não seja
entristecido por um comportamento nosso destituído de reverência para
com Sua mãe ou até de desprezo. Pois ela é Sua mãe que O deu à luz e O
criou e educou e a cujo respeito falou o Espírito Santo, por intermédio
de Isabel: “Bem-aventurada a que creu!”
Jesus espera de nós que a honremos e amemos. É isto que nos é
proposto pela Palavra de Deus e é, portanto, Sua vontade. E somente os
que guardam Sua palavra, são os que amam a Jesus de verdade (João
14,23).
(M. Basilea Schlink, escritora evangélica que escreveu, em 1960,o
livro “Maria – o Caminho da Mãe do Senhor” e fundadora da Irmandade
Evangélica de Maria, em Darmstadt, Alemanha; fonte)
“Em Lourdes, em Fátima e em outros santuários marianos, a crítica
imparcial se encontra diante de fatos sobrenaturais, que tem relação
direta com a Virgem Maria, seja mediante as aparições, seja por causa
das graças milagrosas solicitadas pela sua intercessão. Estes fatos são
tais que desafiam toda a explicação natural.
Sabemos ou deveríamos saber que as curas de Lourdes e Fátima são
examinadas com elevado rigor científico por médicos católicos e
não-católicos. Conhecemos a praxe da Igreja Católica, que deixa
transcorrer vários anos antes de declarar alguma cura milagrosa.
Até
hoje, 1200 curas ocorridas em Lourdes foram pelos médicos consideradas
cientificamente inexplicáveis. Todavia a Igreja Católica só declarou
milagrosas 44 delas. Nos últimos 30 anos, 11000 médicos passaram por
Lourdes. Todos os médicos, qualquer que seja a sua religião ou posição
científica, tem livre acesso ao “Bureau des Constatations Medicales”.
Por conseguinte, uma cura milagrosa é cercada das maiores garantias
possíveis.
Qual é, pois, o sentido profundo destes milagres no plano de Deus?
Bem parece que Deus quer dar uma resposta irrefutável à incredulidade
dos nossos dias. Como poderá um incrédulo continuar a viver de boa fé na
sua incredulidade diante de tais fatos? E também nós,
cristãos-evangélicos, podemos ainda, em virtude de preconceitos, passar
ao lado destes fatos sem nos aplicarmos a um atento exame? Uma tal
atitude não implicaria grave responsabilidade para nós? Por que um
cristão evangélico pode ter o direito de ignorar tais realidades pelo
fato de se apresentarem na Igreja Católica e não na sua comunidade
religiosa? Tais fatos não deveriam, ao contrário, levar´nos a restaurar a
figura da Mãe de Deus na Igreja Evangélica?
Somente Deus pode permitir que Maria se dirija ao mundo, através de aparições.
Não nos arriscamos talvez a cometer um erro fatal, fechando os olhos
diante de tais realidades e não lhes dando atenção alguma? Cristãos
Evangélicos da Alemanha, deveremos talvez continuar a opor-lhes recusa e
indiferença? Continuaremos a nos comportar de modo que o inimigo de
Deus nos mantenha em atitude de intencional cegueira?
Não deveremos talvez abrir o nosso coração a esta luz que Deus faz
brilhar para a nossa salvação? Tal problema evidentemente merece exame,
não deve ser afastado de antemão, por preconceito, pelo único motivo de
que tais curas são apresentadas pela Igreja Católica. Uma tal atitude
acarretaria grave dano para nós mesmos e para o mundo inteiro. Grande
responsabilidade nos toca. Temos o direito de examinar tais fatos. Não
nos é possível passar ao largo e encampar tudo no silêncio. Hoje, em
alguns países, está em causa a existência mesmo do Cristianismo. Seria o
cúmulo da tolice ignorarmos a voz de Deus que fala ao mundo, pela
mediação de Maria, e dar-lhe as costas, unicamente, porque Ele faz ouvir
sua voz através da Igreja Católica. Como quer que seja, não podemos
calar por muito tempo sobre tais realidades. Temos que examiná-las, sem
preconceito, pois é iminente uma catástrofe.
Poderia acontecer que, rejeitando ou ignorando a mensagem que Deus
nos faz chegar através de Maria, estejamos recusando a última graça que
ele nos oferece para a nossa salvação. É, por isso, um dever muito grave
para todos os chefes da Igreja luterana e para outras comunidades
cristãs examinar tais fatos e tomar uma posição objetiva. Este dever
impõe-se também pelo fato de que a Mãe de Deus não foi esquecida somente
depois da Guerra dos 30 anos e na época dos livres pensadores da metade
do século XVIII.
Sufocando no coração dos evangélicos o culto da Virgem, destruíram os sentimentos mais delicados da piedade cristã.
No seu Magnificat, Maria declara que todas as gerações a proclamarão
bem-aventurada até o fim dos tempos. Todos nós verificamos que esta
profecia se cumpre na Igreja Católica e, nestes tempos dolorosos, com
intensidade sem precedentes. Na Igreja Evangélica, tal profecia caiu em
tão grande esquecimento que dificilmente se encontra algum vestígio da
mesma. Ainda uma vez estas reflexões nos impõe o dever de examinar os
fatos acima citados e de tirar dos mesmos todas as conclusões
pertinentes.”
(Manifesto de Dresden – documento redigido por vários teólogos
luteranos e publicado pela revista “Spiritus Domini” n.5, Maio/1982)
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