Entrevista com Maria Luisa, fundadora e diretora internacional - Parte I
Por Thácio Lincon Soares de Siqueira
BRASíLIA, 19 de Agosto de 2013 (Zenit.org)
- Sexualidade e formação dos filhos: como fazer para educá-los hoje?
Eis aí algo que preocupa muitos pais hoje em dia. E não sem motivo, já
que cresce o número de países aprovando leis que obrigam as escolas a
darem “educação sexual” para as crianças e adolescentes. O que fazer?
Como atuar? O que será melhor: esperar que o governo eduque os próprios
filhos na sexualidade ou ser protagonistas dessa formação?
“Protege
tu corazón” é um “projeto que nasceu de uma necessidade de dar razões
às crianças, adolescentes e jovens... Razões do porquê integrar a
sexualidade na formação é muito importante”, afirmou Maria Luisa,
fundadora e diretora do projeto “Protege o seu coração”, em entrevista
exclusiva a ZENIT.
Quando em 1992 foi aprovada na Colômbia uma lei que obrigava a
educação sexual em todas as instituições educativas, baseada no ponto de
vista do “sexo seguro” que auspiciava o modelo de redução de riscos, o
casal Maria Luisa e João Francisco, perceberam que os seus filhos
estavam entrando na adolescencia e para não ficarem só esperando a
formação que o governo passaria para as suas crianças, resolveram
empreender uma obra que hoje já está em 15 países.
O casal Maria Luisa e Juan Francisco moram hoje em Monterrey, México,
e juntos idealizaram e fundaram o programa de formação sexual “Protege o
teu coração” (www.protegetucorazon.com). O site em português é esse: www.protegetucorazon.com.br
“Vimos com clareza que a sexualidade tinha que ser educada e decidimos converter essa visão em oportunidade. Colocamos o propósito de propô-la de forma atrativa, com sentido positivo e não como um problema, abarcando toda a pessoa e não exclusivamente o seu aparelho reprodutor”, disse Maria Luisa. Acompanhe a entrevista abaixo, que será publicada em partes ao longo dessa semana.
Estávamos preocupados com que a sexualidade fosse reduzida a uma lista de doenças ou porcentagens sobre a gravidez. Que o remédio se concentrasse exclusivamente no biológico, deixando de lado a sua estreita relação com outros elementos da personalidade como o social, o intelectual e o afetivo. Evitar uma gravidez ou se livrar de uma infecção não garante que o beneficiado se faça mais sociável, empático, assertivo, amigo, lide com suas emoções, em poucas palavras, que tenha bem equipado o seu coração para o amor... Vimos com clareza que a sexualidade tinha que ser educada e decidimos converter essa visão em oportunidade. Colocamos como meta propô-la de forma atrativa, com sentido positivo e não como um problema, abarcando toda a pessoa e não exclusivamente o seu aparelho reprodutor.
Exigir: Ter em vista um objetivo apoiado em valores e normas.
“Vimos com clareza que a sexualidade tinha que ser educada e decidimos converter essa visão em oportunidade. Colocamos o propósito de propô-la de forma atrativa, com sentido positivo e não como um problema, abarcando toda a pessoa e não exclusivamente o seu aparelho reprodutor”, disse Maria Luisa. Acompanhe a entrevista abaixo, que será publicada em partes ao longo dessa semana.
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ZENIT: Como nasceu o projeto “Protege o teu coração” e do que se trata?
Maria Luisa: O projeto nasceu de uma necessidade de dar razões às crianças, adolescentes e jovens ... Razões do porquê integrar a sexualidade na formação é muito importante. O projeto nasceu por dois motivos. Em primeiro lugar, os nossos filhos mais velhos começavam a adolescência e os filhos das pessoas ao nosso redor também. Em segundo lugar, uma lei aprovada na Colômbia em meados de 92, obrigava a educação sexual em todas as instituições educativas, baseada na abordagem do "sexo seguro" que auspiciava o modelo de redução de riscos.Estávamos preocupados com que a sexualidade fosse reduzida a uma lista de doenças ou porcentagens sobre a gravidez. Que o remédio se concentrasse exclusivamente no biológico, deixando de lado a sua estreita relação com outros elementos da personalidade como o social, o intelectual e o afetivo. Evitar uma gravidez ou se livrar de uma infecção não garante que o beneficiado se faça mais sociável, empático, assertivo, amigo, lide com suas emoções, em poucas palavras, que tenha bem equipado o seu coração para o amor... Vimos com clareza que a sexualidade tinha que ser educada e decidimos converter essa visão em oportunidade. Colocamos como meta propô-la de forma atrativa, com sentido positivo e não como um problema, abarcando toda a pessoa e não exclusivamente o seu aparelho reprodutor.
ZENIT: Por que é importante dar razões?
Maria Luisa: A educação é parte essencial do processo de realização de uma pessoa e tem que ter em conta estes quatro elementos:Exigir: Ter em vista um objetivo apoiado em valores e normas.
Informar: Dar razões que levem a compreender o objetivo.
Incentivar: Fazer que o objetivo seja desejável, para o qual é necessário motivar, ou corrigir ou elogiar segundo cada caso.
Dar um exemplo: Ir à frente mostrando o caminho.
A educação da sexualidade deve incluir todos estes aspectos e não apenas o dar razões. Pais e professores devem aprender a "vender" ideais como algo atraente, a "quebrar-se a cabeça" para argumentar porque um comportamento é mais humano, e portanto bom e melhor do que outro. A fomentar o desejo de que filhos e alunos sejam melhores e esforçar-se eles mesmos para serem melhores – com as limitações próprias de seres humanos – para encarnar um modelo que seja atrativo. Infelizmente, o ambiente não ajuda muito nesse aspecto, porque a cultura contemporânea, com a mídia e as leis que a formam, vão na contramão de muitos ideais. Isto implica uma outra qualidade nos educadores: a de conhecer bem o ambiente e ensinar a “filtrar” as suas mensagens com realismo.
Muitas pessoas padecem hoje uma espécie de “síndrome sentimental”: se gosto disso, deve ser bom; se isso me atrai, então vale a pena; se aquilo não é emocionante, deve ser descartado... É muito difícil para os sentimentos, que são muito bons e necessários, captar as realidades da vida com nitidez. Confiar unicamente neles é arriscado porque são limitados para guiar-nos no caminho da vida. A inteligência, pelo contrário, possui maior capacidade de captar com lucidez se algo é bom, ou vale a pena, ou deve ser descartado... em cada sessão de “Protege o seu coração”, convida-se a pensar para gerar descobertas sobre a própria realidade e reunir elementos de juízo que conduzam a decisões ótimas. Deste modo contribuímos para aliviar essa dolorosa “síndrome” contemporânea.
Transmitir a vida não só exige a fusão de umas células, exige muita atenção, contínuos cuidados, renúncia, fortaleza, generosidade, para que o novo ser faça-se capaz com o tempo, de responder por si mesmo ao seu próprio destino. E o amor em ação, que vem acompanhado dos sentimentos, deve ir além dos momentos de êxtase. Requer buscar realmente o bem dos demais como caminho para a própria felicidade, ou seja, colocar-se em atitude de serviço: acompanhar, escutar, compreender, desculpar, ceder..., um conjunto de qualidades que devem ser desenvolvidas para que a sexualidade contribua para a felicidade que buscamos. No entanto, entender as coisas é apenas uma parte da formação. Crer que informar é formar, seria platônico.
Ninguém pode viver bem a sexualidade humana se não conta com o apoio dessas qualidades, buscadas voluntariamente e conseguidas com esforço. Como é algo que se consegue quando se quer, ninguém pode fazê-lo por outro, é uma tarefa intransferível, muito pessoal, exige passar das ideias para os atos, passar desse estar informando-se ao estar formando-se. A formação se consegue com ações repetidas uma e outra vez que vão sendo transformadas aos poucos em hábitos, sinônimo de virtudes, ou seja, de bom caráter: integridade, respeito, responsabilidade, auto-controle, otimismo, fortaleza, moderação, austeridade, alegria, prudência, coerência e amor. Este é o objetivo de Protege o seu coração. O programa inclui pais e professores para que acompanhem os seus filhos e alunos nessa tarefa. Conectando, guiando e influenciando-os pacientemente para incutir os traços de bom caráter que é proposto no programa já mencionado.
Além disso, o programa está estruturado para ser aplicado a longo prazo. Não são conferências isoladas, nem palestras, nem oficinas isoladas com o fim de preencher uma necessidade momentânea, como por exemplo falar às crianças das mudanças físicas na puberdade e depois deixá-las sozinhas. Lidamos com mais de 35 temas apropriados à cada idade, estreitamente relacionados com as suas experiências, ministrados dentro de um plano de continuidade. Por exemplo, um aluno de 7 anos recebe a sua primeira sessão.
Durante o colegial, o ensino médio e a universidade continua recebendo dois ou três temas por ano até completar o plano previsto. Os temas nunca se repetem. São diferentes para cada idade. Há conceitos-chave ou ideias-mãe que são o fio condutor de todo o programa: as cinco dimensões, a assertividade, a auto-estima, o auto-conhecimento, o valor da pessoa, a sexualidade como elemento fundamental da personalidade.
Uma menina ao terminar seu último ano de faculdade disse: "PTC veio a mim com os temas que eu precisava em cada etapa da minha vida. Muito obrigado”
Dar um exemplo: Ir à frente mostrando o caminho.
A educação da sexualidade deve incluir todos estes aspectos e não apenas o dar razões. Pais e professores devem aprender a "vender" ideais como algo atraente, a "quebrar-se a cabeça" para argumentar porque um comportamento é mais humano, e portanto bom e melhor do que outro. A fomentar o desejo de que filhos e alunos sejam melhores e esforçar-se eles mesmos para serem melhores – com as limitações próprias de seres humanos – para encarnar um modelo que seja atrativo. Infelizmente, o ambiente não ajuda muito nesse aspecto, porque a cultura contemporânea, com a mídia e as leis que a formam, vão na contramão de muitos ideais. Isto implica uma outra qualidade nos educadores: a de conhecer bem o ambiente e ensinar a “filtrar” as suas mensagens com realismo.
Muitas pessoas padecem hoje uma espécie de “síndrome sentimental”: se gosto disso, deve ser bom; se isso me atrai, então vale a pena; se aquilo não é emocionante, deve ser descartado... É muito difícil para os sentimentos, que são muito bons e necessários, captar as realidades da vida com nitidez. Confiar unicamente neles é arriscado porque são limitados para guiar-nos no caminho da vida. A inteligência, pelo contrário, possui maior capacidade de captar com lucidez se algo é bom, ou vale a pena, ou deve ser descartado... em cada sessão de “Protege o seu coração”, convida-se a pensar para gerar descobertas sobre a própria realidade e reunir elementos de juízo que conduzam a decisões ótimas. Deste modo contribuímos para aliviar essa dolorosa “síndrome” contemporânea.
ZENIT: Quando os jovens entendem, conseguem formar-se?
Maria Luisa: As ideias claras são o ponto de partida. A informação oportuna, veraz e precisa ajuda para captar o sentido que tem a sexualidade humana: a vida e o amor.Transmitir a vida não só exige a fusão de umas células, exige muita atenção, contínuos cuidados, renúncia, fortaleza, generosidade, para que o novo ser faça-se capaz com o tempo, de responder por si mesmo ao seu próprio destino. E o amor em ação, que vem acompanhado dos sentimentos, deve ir além dos momentos de êxtase. Requer buscar realmente o bem dos demais como caminho para a própria felicidade, ou seja, colocar-se em atitude de serviço: acompanhar, escutar, compreender, desculpar, ceder..., um conjunto de qualidades que devem ser desenvolvidas para que a sexualidade contribua para a felicidade que buscamos. No entanto, entender as coisas é apenas uma parte da formação. Crer que informar é formar, seria platônico.
Ninguém pode viver bem a sexualidade humana se não conta com o apoio dessas qualidades, buscadas voluntariamente e conseguidas com esforço. Como é algo que se consegue quando se quer, ninguém pode fazê-lo por outro, é uma tarefa intransferível, muito pessoal, exige passar das ideias para os atos, passar desse estar informando-se ao estar formando-se. A formação se consegue com ações repetidas uma e outra vez que vão sendo transformadas aos poucos em hábitos, sinônimo de virtudes, ou seja, de bom caráter: integridade, respeito, responsabilidade, auto-controle, otimismo, fortaleza, moderação, austeridade, alegria, prudência, coerência e amor. Este é o objetivo de Protege o seu coração. O programa inclui pais e professores para que acompanhem os seus filhos e alunos nessa tarefa. Conectando, guiando e influenciando-os pacientemente para incutir os traços de bom caráter que é proposto no programa já mencionado.
Além disso, o programa está estruturado para ser aplicado a longo prazo. Não são conferências isoladas, nem palestras, nem oficinas isoladas com o fim de preencher uma necessidade momentânea, como por exemplo falar às crianças das mudanças físicas na puberdade e depois deixá-las sozinhas. Lidamos com mais de 35 temas apropriados à cada idade, estreitamente relacionados com as suas experiências, ministrados dentro de um plano de continuidade. Por exemplo, um aluno de 7 anos recebe a sua primeira sessão.
Durante o colegial, o ensino médio e a universidade continua recebendo dois ou três temas por ano até completar o plano previsto. Os temas nunca se repetem. São diferentes para cada idade. Há conceitos-chave ou ideias-mãe que são o fio condutor de todo o programa: as cinco dimensões, a assertividade, a auto-estima, o auto-conhecimento, o valor da pessoa, a sexualidade como elemento fundamental da personalidade.
Uma menina ao terminar seu último ano de faculdade disse: "PTC veio a mim com os temas que eu precisava em cada etapa da minha vida. Muito obrigado”
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Amanhã, terça-feira, (20) será publicada a segunda parte dessa entrevista.
Um pai de família de língua portuguesa, seja do Brasil, Portugal,
África ou Ásia, ou de país de língua espanhola, pode levar esse projeto
para a sua própria cidade entrando em contato por meio desse email: info@protegetucorazon.com
Será enviado a explicação de como proceder para implantar o
projeto e em seguida se programará um seminário presencial de
capacitação.
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