ihu - A centralidade da misericórdia, a ideia de que "a verdade não
se esgota na definição dogmática", mas "se insere no amor e na plenitude
de Deus". O Papa Francisco encontra os padres de Roma
e pede a eles e à Igreja – uma Igreja "que não desmorona", porque "a
santidade é maior do que os escândalos" – que mostrem "o rosto da
acolhida", uma "uma acolhida cordial", em especial com relação aos
"casais que moram juntos".
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 17-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O raciocínio do pontífice é sutil, não se trata de ser rígidos, nem
liberais, diz, porque ambas as atitudes não são misericordiosas:
trata-se de "dizer sempre a verdade", sabendo, porém, que o aspecto
"dogmático" e "moral" devem ser "sempre acompanhados pelo amor de Deus".
Ainda durante a viagem ao Brasil, no fim de julho, Francisco
tinha convidado a mudar de "atitudes" e tinha se perguntado,
considerando as pessoas que fogem da Igreja como os discípulos no
caminho de Emaús: "Ainda somos uma Igreja capaz de aquecer o coração?". A Igreja "aberta" e "próxima" de Bergoglio não deve excluir ninguém.
Assim, o padre misericordioso, explica o papa aos sacerdotes da sua diocese na Basílica de São João,
é aquele que "diz a verdade", mas, depois, acrescenta: "Não se
assustem, o Deus bom nos espera, vamos juntos". Ele que "acompanha" as
pessoas como Jesus acompanhou, no episódio evangélico de Emaús, os dois discípulos perdidos.
Ao responder as perguntas dos sacerdotes, Francisco também voltou sobre a questão dos divorciados em segunda união
excluídos dos sacramentos: e confirmou que o tema será abordado tanto
pelo "grupo de conselho" dos oito cardeais no início de outubro, quanto
pelo próximo Sínodo dos bispos.
Um problema que "não pode ser reduzido apenas" à questão "se se pode
fazer ou não a comunhão": isso significa "não entender qual é o
verdadeiro problema, um problema grave de responsabilidade da Igreja com
relação às famílias que vivem nessa situação". Essa "é uma verdadeira
periferia existencial", afirmou o papa: uma daquelas "periferias" às
quais a Igreja deve ir.
Mas há mais: Francisco disse que é preciso "encontrar um outro caminho, na justiça", lembrou como para o próprio Bento XVI
esse era "um problema grave", e acrescentou que a Igreja "neste momento
deve fazer algo para resolver os problemas das nulidades matrimoniais".
Isso significa que Bergoglio está pensando na mesma solução sobre a qual Ratzinger
havia convidado a refletir: a possibilidade de anular o primeiro
matrimônio por "falta" ou "carência" de fé dos cônjuges e regularizar,
assim, as "segundas uniões".
Mas a "acolhida cordial" diz respeito a todos, Francisco
fala sarcasticamente daqueles que, em uma paróquia, estão mais
preocupados em pedir dinheiro para uma certidão de sacramento. "Se as
pessoas veem um interesse econômico, elas se afastam". Além disso, a
proximidade do papa também diz respeito aos seus padres: Francisco falou
da "fadiga do coração" dos sacerdotes, quando "o padre se interroga
sobre a sua existência, ele olha para trás" e pensa nas renúncias, nos
"filhos que não teve", pergunta-se se a sua vida "fracassou". Então,
quando se experimenta "a escuridão da alma", aconselhou, deve-se rezar:
"Até adormecer diante do Tabernáculo, mas estar ali".
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