12 de setembro de 2013
Sobre
a Virgem Maria Toda a Tradição fala abundantemente de Nossa Senhora;
razão pela qual a Igreja lhe presta um culto especial (hiperdulia). Os
santos Padres e Doutores confirmam a nossa fé. Vejamos um pouco de tudo
aquilo que eles nos oferecem sobre a Virgem Maria.
São Cirilo de Alexandria (370-442): sobre ‘Maria,
Mãe de Deus’: ‘Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidam em
dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus. Realmente, se Nosso
Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo não pode ser chamada de Mãe
de Deus a Virgem Santíssima que o gerou? Esta verdade nos foi
transmitida pelos discípulos do Senhor, embora não usassem esta
expressão. Assim fomos também instruídos pelos santos Padres. Em
particular Santo Atanásio (295-373), nosso pai na fé, de ilustre
memória, na terceira parte do livro que escreveu sobre a santa e
consubstancial Trindade, dá frequentemente à Virgem Santíssima o título
de Mãe de Deus. Vejo-me obrigado a citar aqui as suas palavras, que têm o
seguinte teor: ‘A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar,
tem por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador essas
duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser, visto que é a
Palavra do Pai, seu explendor e sabedoria; e também que nestes últimos
tempos, por causa de nós, se fez homem, assumindo um corpo da Virgem
Maria, Mãe de Deus’. E continua mais adiante: ‘Houve muitos que já
nasceram santos e livres de todo pecado: Jeremias foi santificado desde o
seio materno; também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria
ao houvir a voz de Maria Mãe de Deus. Estas palavras são de um homem
inteiramente digno de lhe darmos crédito, sem receio, e a quem podemos
seguir com toda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma só
palavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras. De fato, a
Escritura, verdadeiramente inspirada por Deus, afirma que a Palavra de
Deus se fez carne, uniu´se à alma dotada de alma racional. Portanto, a
Palavra de Deus assumiu a descendência de Abraão e, formando para si um
corpo vindo de uma mulher, tornou se participante da carne e do sangue.
Assim, já não é somente Deus mas também homem, semelhante a nós, em
virtude da sua união com a nossa natureza. Por conseguinte, o Emanuel,
Deus-conosco, possue duas realidades, isto é, a divindade e a
humanidade. Todavia é um só Senhor Jesus Cristo, único e verdadeiro
Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas
um homem divinizado, igual àqueles que pela graça se tornam
participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, para nossa
salvação, se tornou visível em forma humana, conforme Paulo testemunha
com as seguintes palavras: ´Quando se completou o tempo previsto, Deus
enviou seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de
resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a
filiação adotiva’ (Gl 4, 4-5).
São Cirilo de Alexandria (370-442): da homilia
pronunciada no Concílio de Éfeso (431) contra Nestório que negava ser
Maria Mãe de Deus: Contemplo esta assembleia de homens santos, alegres e
exultantes que, convidados pela santa e sempre Virgem Maria e Mãe de
Deus, prontamente acorreram para cá. Embora oprimido por uma grande
tristeza, a vista dos santos padres aqui reunidos encheu-me de júbilo.
Neste momento vão realizar se entre nós aquelas doces palavras do
salmista Davi: ‘Vede como é bom, como é suave os irmãos viverem juntos
bem unidos!’ (Sl 132,1). Salve, ó mística e santa Trindade, que nos
reunistes a todos nós nesta igreja de Santa Maria Mãe de Deus. Salve, ó
Maria, Mãe de Deus, venerável tesouro do mundo inteiro, lâmpada
inextinguível, coroa da virgindade, cetro da verdadeira doutrina, templo
indestrutível, morada daquele que lugar algum pode conter, virgem e
mãe, por meio de quem é proclamado bendito nos santos evangelhos ‘o que
vem em nome do Senhor’ (Mt 21,9). Salve, ó Maria, tu que trouxeste em
teu sagrado seio virginal o Imenso e Incompreensível; por ti; é
glorificada e adorada a Santíssima Trindade; por ti, se festeja e é
adorada no universo a cruz preciosa; por ti, exultam os céus; por ti, se
alegram os anjos e os arcanjos; por ti, são postos em fuga os demônios;
por ti, cai do céu o diabo tentador; por ti, é elevada ao céu a
criatura decaída; por ti, todo o gênero humano, sujeito à insensatez dos
ídolos, chega ao conhecimento da verdade; por ti, o santo batismo
purifica os que crêem; por ti, recebemos o óleo da alegria; por ti, são
fundadas igrejas em toda a terra; por ti, as nações são conduzidas à
conversão. E que mais direi? Por Maria, o Filho Unigênito de Deus veio
iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte´ (Lc1,77); por
ela, os profetas anunciaram as coisas futuras; por ela, os apóstolos
proclamaram aos povos a salvação; por ela os mortos ressuscitam; por
ela, reinam os reis em nome da Santíssima Trindade. Quem dentre os
homens é capaz de celebrar dignamente a Maria, merecedora de todo
louvor? Ela é mãe e virgem. Que coisa admirável! Este milagre me deixa
extasiado. Quem jamais ouviu dizer que o construtor fosse impedido de
habitar no templo que ele próprio construiu? Quem se humilhou tanto a
ponto de escolher uma escrava para ser a sua própria mãe? Eis que tudo
exulta de alegria! Reverenciemos e adoremos a divina Unidade, com santo
temor veneremos a indivisível Trindade, ao celebrar com louvores a
sempre Virgem Maria! Ela é o templo santo de Deus, que é seu Filho e
esposo imaculado. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.’
Santo Ireneu (140-202): ‘No Cristo que nasce de
Maria, é a humanidade toda que renasce à vida, a solidariedade existente
entre Cristo e os homens traz esta consequência: a concepção e o
nascimento de Jesus já são a redenção por antecipação dos homens.’ ”Como
por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim
também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem
recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em
Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem
feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência
virginal a desobediência de uma virgem.”
Santo Agostinho (+430): ‘Pelo sexo feminino caiu o
homem e pelo sexo feminino encontrou sua reparação. Pois, uma Virgem deu
à luz a Cristo, e uma mulher anunciou a ressurreição! Pela mulher veio a
morte. Pela mulher chegou a vida’ (Sermão 232,2). ”Enquanto Cristo é
gerado pelo Pai, Deus de Deus, não é sacerdote. Ele o é, em razão da
carne que assumiu, em razão da vítima que oferece e recebeu de nós.” (A
Virgem Maria, Ed. Paulus, 1996) ”Nem se deve tocar na palavra ‘pecado’
em se tratando de Maria; e isto em respeito Àquele de quem mereceu ser a
Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça.’ ‘Nosso Senhor
entrou por sua livre vontade no seio de Virgem… Engravidou sua Mãe,
todavia sem privá-la da sua virgindade. Tendo-se formado a si mesmo,
saiu e manteve íntegras as entranhas da mãe. Desta maneira, revestiu
aquela de quem se dignou nascer, com a honra de mãe e com a santidade de
virgem… Que significa isso? Quem pode dizê-lo? Quem o pode calar? Coisa
admirável. Mas não nos é permitido calar aquilo de que somos incapazes
de esclarecer… Não obstante, sentimo-nos constrangidos a louvar, para
que o nosso silêncio não seja sinal de ingratidão. Graças sejam dadas a
Deus! Aquilo que não se pode exprimir dignamente, pode-se crer
firmemente.’ (Sermão 215,3). ‘Maria permaneceu virgem concebendo o seu
Filho, virgem ao dá-lo à luz, virgem ao carregá-lo, virgem ao
alimentá-lo do seu seio, virgem sempre’. (Sermões 186,1- 3° de Natal).‘Veio ele[Cristo] habitar num seio materno, deixando-o intacto’.
‘Com efeito, assim como nesse sepulcro nenhum morto foi sepultado,
nem antes, nem depois, (Jo 19,41) também no seio virginal de Maria, nem
antes nem depois, ser mortal algum foi concebido.’ (De fide et symbolo
IV,8.11). ‘Virgem concebeu. Virgem deu à luz. Virgem viveu até a morte,
ainda que estivesse desposada com um operário. ‘(A Instrução dos
Catecúmenos 22,40). ‘Nossa fé não é ficção. Nunca vimos o rosto da
Virgem Maria da qual, sem contato de varão e sem detrimento de sua
virgindade no parto, nasceu o Senhor Jesus Cristo milagrosamente’ (A
Trindade VIII,5,7). ‘Na verdade, era digno, e de todo conveniente, que o
parto daquela que havia procriado ao Senhor do céu e da terra, e que
permanece virgem após ter dado à luz, fosse celebrado não somente com
festejos humanos, mas com cânticos sublimes de louvor, pelos anjos.’
(Sermão 193,1-10° do Natal) ‘Causa-nos admiração o parto de uma Virgem… A
integridade virginal permanece inviolada na concepção e no parto.’
(Sermão 192,1- 9° do Natal)
‘Já era Filho único do Pai aquele que nasceu como filho único de sua
Mãe.’ (idem) ‘Causa-te estranheza, [ó Porfírio] porventura, o inusitado
parto de uma Virgem? Nem sequer isto deve constranger-te. Digo mais:
isto deve conduzir-te a aceitar a ter piedade, porque aquele que é
admirável nasce admiravelmente.’ (A Cidade de Deus, X,29,1.2) ‘Maria,
Jesus ao ser concebido em ti, encontrou-te virgem, e uma vez nascido te
deixa virgem. Concede-te a fecundidade sem te privar da integridade! De
onde te vem tudo isso?… Dize-me, ó Anjo, de onde veio tal glória a
Maria? E o Anjo diz: Eu já o declarei ao saudá-la: ‘Ave, cheia de graça’
(Gratia plena!) (Lc 1,28). (Sermão 291,6). ‘Mas os católicos… ao
contrário, sempre creram na virgindade da santa Maria, no parto. Ele
tomou de Maria um corpo real e autêntico, tendo sua Mãe permanecido
virgem no parto, assim como depois do parto’. (Contra Iulianum I, 2,4)
‘Mereceu ela conceber e dar à luz, ao que nos consta, sem pecado algum…
porque sabemos que lhe foi conferida maior abundância de graça para
vencer qualquer pecado.’ (De natura et gratia 36,42).
S. Agostinho: sobre ”os irmãos de Jesus”: ‘Quando
voces ouvirem falar dos ‘irmãos do Senhor’, pensem logo que se trata de
algum parentesco que os une a Maria, sem imaginar ter ela tido outros
filhos.’ (Comentário do Evangelho de João XXVIII,3). ‘O hábito de nossa
Escritura santa, com efeito, é de não restringir esse nome de ‘irmãos’
unicamente aos filhos nascidos do mesmo homem e da mesma mulher… É
preciso penetrar o sentido das expressões empregadas pela Sagrada
Escritura. Ela tem sua maneira de dizer. Possui sua linguagem própria.
Quem ignora essa linguagem pode ficar perturbado e perguntar-se: Então, o
Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não! De
modo algum! Qual é, pois, a razão de ser da expressão ‘irmãos do
Senhor?’ Irmãos do Senhor eram os parentes de Maria… Como se demonstra
isso? Pela própria Escritura, que chama, por exemplo, Lot de irmão de
Abraão (Gn 13,8 e 14,14). E ele era tio de Lot, e, todavia, chamam-se
ambos de irmãos, unicamente por serem parentes. Também Labão era tio de
Jacó, por ser irmão de Rebeca, esposa de Isaac. Lede a Escritura e
vereis que tio e sobrinho tratavam-se de irmãos.’ (Comentário do
Evangelho de João X,2) ‘O seio de Maria é a câmara nupcial. É aí que Ele
se tornou a cabeça da Igreja.’ (Comentário do Evangelho de João). ‘Para
esse fim [a Encarnação]criou a Virgem, essa que Ele escolheu para que
lhe desse o ser em seu seio’ (De peccatorum meritis et remissione II,
24,38). ‘Maria deu à luz corporalmente a Cabeça deste corpo. A Igreja dá
à luz espiritualmente os membros dessa Cabeça. Nem em Maria nem na
Igreja, a virgindade impede a fecundidade. E nem em uma nem em outra a
fecundidade destrói a virgindade’ (A Virgindade Consagrada II,2). ‘Entre
todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo tempo Virgem e Mãe,
não somente segundo o espírito, mas também pelo corpo.’ ‘Cristo nasceu
com efeito da Mãe que embora em contato com varão concebeu intacta, e
sempre intacta permaneceu, concebeu virgem, dando à luz virgem, virgem
morrendo, embora fosse desposada com o carpinteiro, extinguiu todo
orgulho da nobreza carnal. Uma virgem concebe, virgem leva o fruto, uma
virgem dá à luz e permanece perpetuamente virgem.’
Santo Efrém (306-373) – doutor da Igreja: Virgem gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como a sarça que ardia ao fogo sem se consumir’.
Santo Epifânio (+403): ‘Voltando-se o Senhor, viu o
discípulo a quem amava’, e lhe disse, a respeito de Maria: ‘Eis aí tua
Mãe’; e então à Mãe: ‘Eis aí teu filho’ (Jo 19,26). Ora, se Maria
tivesse filhos, ou se seu esposo ainda estivesse vivo, por que o Senhor a
confiaria a João, ou João a ela? Mas, e por que não a confiou a Pedro, a
André, a Mateus, a Bartolomeu? Fê-lo a João por causa da sua
virgindade. A ele foi que disse: ‘Eis aí a tua mãe’. Não sendo mãe
corporal de João, o Senhor queria significar ser ela a mãe ou o
princípio da virgindade: dela procedeu a Vida. Nesse intuito dirigiu-se a
João, que era estranho, que não era parente, a fim de indicar que sua
Mãe devia ser honrada. Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao
corpo; sua encarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse
verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera a carne, e que o dera à
luz, não se preocuparia tanto em recomendá-la como a sempre Virgem.
Sendo sua Mãe, não admitia mancha alguma na sua honra e no admirável
vaso do seu corpo. Mas prossegue o Evangelho: ‘e a partir daquele
momento, o discípulo a levou consigo’. Ora, se ela tivesse esposo, casa e
filhos, iria para o que era seu, não para o alheio.’ (PG, 42, 714s)
S. João Crisóstomo (349-407: ‘Virgem que permaneceu virgem, sendo verdadeiramente mãe.’
S. Gregório Magno (540-604) – Papa e doutor da Igreja: ‘Virgem que deu à luz e, enquanto dava à luz, duplicava a virgindade’.
Cirilo de Jerusalém (370-444) – doutor da Igreja – sobre a Imaculada:
Que arquiteto, erguendo uma casa de moradia, consentiria que seu
inimigo a possuísse inteiramente e habitasse?´ São João Damasceno
(675-749) ‘da homilia sobre a dormição da Mãe Santíssima de Deus na
festa da Assunção: ‘Quem ama ardentemente alguma coisa costuma trazer
seu nome nos lábios e nela pensar noite e dia. Não se me censure, pois,
se pronuncio este terceiro panegírico da Mãe de meu Deus, como oferenda
em honra de sua partida. Isto não será favor para ela mas servirá a mim
mesmo e a vós, aqui presentes… Não é Maria que precisa de elogios, nós é
que precisamos de sua glória. Um ser glorificado, que glória pode
receber ainda? a fonte da luz, como será iluminada ainda? Ela [Maria]
cativou o meu espírito, ela reina sobre a minha palavra, dia e noite sua
imagem me é presente. Mãe do Verbo, dá-me de que falar!… Eis aquela
cuja festa celebramos hoje em sua santa e divina Assunção. Aquele que…
desceu ao seio virgíneo para ser concebido e se encarnar, sem deixar o
seio do Pai; Aquele que através da Paixão marchou voluntariamente para a
morte, conquistando pela morte a imortalidade e voltando ao Pai; como
não pôde ele atrair ao Pai sua Mãe segundo a carne? como não elevaria da
terra ao céu aquela que fora um verdadeiro céu sobre a terra? Hoje, da
Jerusalém terrestre, a Cidade viva de Deus foi conduzida à Jerusalém do
alto; aquela que concebera como seu primogênito e unigênito o
Primogêntio de toda a criatura e o Unigênito do Pai, vem habitar na
Igreja das primícias; a arca do Senhor, viva e racional, é transportada
ao repouso de seu Filho. As portas do paraíso se abrem para acolher a
terra portadora de Deus, onde germinou a árvore da vida eterna,
redentora da desobediência de Eva e da morte infligida a Adão. Aquela
que foi o leito nupcial onde se deu a divina encarnação do Verbo, veio
repousar em túmulo glorioso, como em tálamo nupcial, para de lá se
elevar até a câmara das núpcias celestes, onde reina em plena luz com
seu Filho, e seu Deus, deixando-nos também como lugar de núpcias seu
túmulo sobre a terra…. Mas então? morreu a fonte da vida, a Mãe de meu
Senhor? Sim, era preciso que o ser formado da terra à terra voltasse,
para dali subir ao céu, recebendo o dom da vida perfeita e pura a partir
da terra, após ter´lhe entregue o seu corpo. Era preciso que, como o
ouro no crisol, a carne rejeitasse o peso da imortalidade e se tornasse,
pela morte, incorruptível, pura, e assim ressuscitasse do túmulo… Eguei
vossos olhos, Povo de Deus, alçai vosso olhar! Eis em Siào a Arca do
Senhor Deus dos exércitos, à qual vieram pessoalmente prestar
assistência os Apóstolos, tributando seu derradeiro culto ao corpo que foi princípio de vida e receptáculo de Deus. Eis a Virgem, filha de Adão
e Mãe de Deus: por causa de Adão entrega o seu corpo à terra, mas por
causa de seu Filho eleva a alma aos tabernáculos celestes! Que toda a
criação celebre a subida da Mãe de Deus: os grupos de jovens em sua
alegria, a boca dos oradores em seus panegíricos, o coração dos sábios
em suas dissertações sobre essa maravilha, os velhos de veneráveis cãs
em suas contemplações. Que todas as criaturas se associem nesta
homenagem, que ainda assim, não seria suficiente. Todos, pois, deixemos
em espírito este mundo com aquela que dele parte. Cantemos hinos sacros e
nossas melodias se inspirem nas palavras: ‘Ave, cheia de graça, o
Senhor é contigo!’ (PG. 96, 753´761)Santo Ildefonso de Toledo (617-667) sobre a virgindade perpétua de Maria:
‘Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua prole; tua
virgindade encontra segurança no nome de teu Filho, e assim permaneces
honesta e íntegra depois do parto. Não quero ver-te [Joviano] questionar
sobre o pudor de nossa Virgem no parto, não quero ver-te corromper a
sua integridade na geração; não quero saber violada sua virgindade no
momento em que deu à luz. Não lhe negues a maternidade porque foi
virgem; não a prives da plena glória da virgindade, porque foi mãe. Se
uma dessas coisas tu confundes, em tudo erraste. Desconhecer a harmonia
que as une é ignorar por completa a verdade que encerram. Se não pensas
assim estas errado, pecas contra a justiça. Se negas à Virgem sua
maternidade ou sua virgindade, injurias grandemente a Deus. Negas que
ele possa fazer a sua vontade, que ele possa manter virgem a que
encontrou virgem. Mas então a divindade do Onipotente antes trouxe
detrimento do que benefício a Maria; enfeiou-a Aquele que enchera de
beleza, ao criá-la. Cesse o pensamento que assim julga, cale-se a boca
que assim fala, não ressoe tal voz. Porque Maria é Virgem por graça de
Deus, virgem de homem, virgem por testemunho do anjo, virgem por
declaração do esposo, virgem sem sombra de dúvida, virgem antes da vinda
do seu filho, virgem depois de concebê-lo, virgem no parto, virgem
depois do parto. Fecundada pelo Verbo e de repleta, dignamente deu o à
luz, em nascimento humano, sim, conforme à condição e à verdade das
coisas humanas, mas de modo intacto, incorrupto e totalmente íntegro.
Isso ela deve a um dom divino, a uma divina graça, a uma divina
concessão, mediante uma obra totalmente nova, de eficácia nova, de
realização inédita, mantendo-se virgem pela concepção e depois da
concepção, pelo parto, com o parto e depois do parto, virgem com o que
havia de nascer, com o que nascia, virgem depois do seu nascimento.
Dita, pois, esposa e virgem, escolhida para esposa e virgem, criada como
esposa e virgem. Sempre virgem, apesar do filho e do esposo, alheia a
toda união e comércio conjugal. Verdadeiramente virgem e santa, virgem
gloriosa, virgem honrada. E após o nascimento do Verbo encarnado, após a
natividade do homem assumido em Deus, do homem unido a Deus, mais santa
virgem ainda, santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, mais
nobre, mais honrada, e mais augusta.’ (Patrologia Latina 96,58)
Sobre as Imagens: S.
Gregório de Nissa (+394) ‘O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das
igrejas e ajuda grandemente´(Panegírico de S. Teodoro, PG 46, 737d).
S. Gregório Magno (+604) Papa e doutor da Igreja, a Sereno, bispo de
Marselha: ‘Tu não devias quebrar o que foi colocado nas igrejas não para
ser adorado, mas simplesmente para ser venerado. Uma coisa é adorar uma
imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem
as tuas preces. O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a
imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho
a seguir. A imagem é o livro daqueles que não sabem ler’ (Epístola XI
13 PL 77,1128c).
S. João Damasceno (+749) ‘O que a Bíblia é para os que sabem ler, a
imagem o é para os iletrados’ (De imaginibus I 17 PG 94, 1248 c).
‘Antigamente Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser
absolutamente representado através duma imagem. Mas agora que Ele se fez
ver na carne e que Ele viveu com os homens, eu posso fazer uma imagem
do que vi de Deus.’ ‘A beleza e a cor das imagens estimula minha oração.
É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo dos campos
estimula o meu coração para dar glória a Deus’ (CIC, 1162).
II Concílio de Niceia (787) ”Nós definimos com todo o rigor e cuidado
que, à semelhança da representação da cruz preciosa e vivificante,
assim as venerandas e sagradas imagens pintadas quer em mosaico, quer em
qualquer outro material adaptado, devem ser expostas nas santas igrejas
de Deus, nas alfaias sagradas, nos paramentos sagrados, nas paredes e
nas mesas, nas casas e ruas; sejam elas a imagem do Senhor Deus e
Salvador Jesus Cristo, a da imaculada Senhora nossa, a santa Mãe de
Deus, dos santos anjos, de todos os santos justos’ (DS, 600-601).
Concílio de Trento (1545-1563) ‘As imagens de Cristo e da Virgem
Maria, Mãe de Deus, e dos Santos, devem ser guardadas nas Igrejas, onde
se lhes devem prestar a devida honra e veneração; não por crer que haja
nelas ‘Divindades’ ou ‘virtude alguma’, a quem queremos adorar ou pedir
favores imitando os antigos gentios, que punham toda a sua confiança em
seus ídolos; mas porque as honras que lhes prestamos as referimos aos
protótipos que elas representam, de sorte que, quando beijamos uma
imagem, ou nos descobrimos ou prostramo-nos diante dela, adoramos Jesus
Cristo e veneramos os santos por elas representadas’.
Martinho Lutero ‘Penso que no que diz respeito às imagens, símbolos e
vestes litúrgicas,.. e coisas semelhantes, deixe-se à livre escolha.
Quem não quiser essas coisas deixe-as de lado. Se bem que as histórias
inspiradas na Bíblia ou em histórias edificantes, parecem-me serem muito
úteis’ (Carta, 1528).
Prof Felipe Aquino
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