Pouco antes de sua morte, o conhecido exorcista produziu um livro-entrevista em que ele nos exorta a não entregar-nos na batalha contra os poderes das trevas
Por Luca Marcolivio
ROMA, 09 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - [A primeira parte foi publicada na quarta-feira, 04 de setembro]
ZENIT: Na primeira parte do livro, você conta como o encontro com o padre Matteo mudou a sua vida de alguma forma e como realizar esta obra com ele tenha sido para você uma espécie de missão de chamado. Como foi que isso aconteceu?
Roberta Ruscica: Não havia segredos com o Padre Matteo. Ele lia a
sua alma. Me disse: “Você é uma excelente jornalista. Escreve bem. Mas
não deve se deixar levar pelo coração, mas pela mente”. Eis que ele se
utilizou do meu coração. Como falo sempre: “Utilizou o Manual do Amor”.
Quando Padre Matteo se convenceu de que eu não procurava nem uma
vantagem econômica nem um sucesso pessoal. Quando decidi desistir. Ele
começou a trabalhar. E me deixou ser levada pelo lento rio do Seu Amor. A
minha vida é uma outra vida. Se o seu coração está cheio de rancor,
você não tem condições de lidar com temas espirituais. Recebi um grande
dom: perdoar aqueles que procuraram a minha infelicidade. Não nego que
tive que vencer muitos obstáculos antes de publicar Contra Satanás.
Desencontros, armadilhas, incompreensões, calúnias, fofocas... O
Inimigo me colocou contra tudo e todos. Como Padre Matteo me disse no
seu último telefonema: “Estamos só eu e você... Os outros não contam”.
ZENIT: Antes dessa experiência - para você profissional e, ao mesmo tempo, fortemente espiritual – qual era a sua atitude com relação aos exorcistas e com a Igreja em geral?
Roberta Ruscica: Quando o diretor me pediu: "Você tem que
entrevistar um exorcista". Eu respondi : “Tá brincando. É melhor eu
entrevistar o chefe da Cosa Nostra”. Eu pensava que um exorcista era um
feiticeiro. Hoje, muitos sacerdotes que lutam contra as forças do Mal,
são os meus melhores amigos. A Igreja sempre foi a minha Casa. Ou
melhor, uma doce mãe que acolhe seus filhos. Tive a sorte de crescer em
uma família católica, em um grupo de escoteiros que era guiado por um
sacerdote severo, mas paterno. Encontrei um frei maravilhoso no Padre
Giulio Savoldi. A este respeito, gostaria de fazer um pedido: é preciso
valorizar a grande missão dos exorcistas. O livro Contro Satana
é um bom viático. Foi-me dito que muitos sacerdotes sugerem o livro no
segredo da confissão. Meu grande "sonho" é presentear um exemplar do
livro ao Papa Francisco.
ZENIT: Morando e exercendo seu ministério em Palermo, o Padre Matteo teve contato com a realidade da máfia. No passado também você lidou com este tema, como jornalista investigativa e de crônica judiciária. Você acha que esta “coincidência” seja divina?
Roberta Ruscica: Certamente é sim. O meu encontro com o frei “santo”
entra num plano divino. Também a publicação do seu livro-entrevista.
Nunca denunciei publicamente – depois de ter realizado muitos serviços
exclusivos para Seitas e o Donna – mas recebi uma ameaça da
máfia. Muitos colegas têm construído uma carreira sob ameaças. Eu pelo
contrário, somente enfrentei dificuldades, porque me permitiram
trabalhar. A minha única arma é o Santo Terço, a Santa Missa, que nunca
deixo de lado. Agradeço os monsenhores que ficaram do meu lado com a
oração. E tenho uma linda lembrança: antes de voar ao Céu, mons.
Alessandro Maggiolini me chamou e me disse: “Rezarei por você”.
ZENIT: Que conclusão pode ser tirada depois de ler o seu livro-entrevista ? Como podemos vencer o poder das trevas , nós, que , além de não sermos exorcistas, somos pobres pecadores?
Roberta Ruscica: Contra Satanás é um livro de esperança. As
páginas que contam as histórias de cura estão imbuídas do amor da Virgem
Maria, a única Mulher que o padre Mateus amou. É possível lutar o bom
combate permanecendo ancorados em Deus. E na entrevista explicamos como
esse “milagre” se realiza. O medo é próprio de quem se deixa subjugar
pelos tentáculos do Maligno. Padre Mateus nos ensina que “a vida não é
rosa, a vida é poesia”.
Tradução do original italiano por Thácio Siqueira
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