sábado, 19 de outubro de 2013

Arqueólogos reconhecem: “Pedro está aqui”. A emocionante descoberta dos ossos de São Pedro no Vaticano – 3


[ipco] 
16 de outubro de 2013  
Juan Miguel Montes
Altar da Confissao, tumulo de Sao Pedro
Raio de sol bate no Altar da Confissão onde estão os ossos de São Pedro, basílica do Vaticano
Raio de sol bate no Altar da Confissão onde estão os ossos de São Pedro, basílica do Vaticano
Em 1950 foi divulgada a grande notícia: o túmulo de São Pedro fora descoberto. O próprio Papa Pio XII fez o anúncio, associando-o ao Ano Santo.
Mas explicava-se que, segundo o modo como os ossos foram encontrados, não se podia concluir se eles seriam ou não do Apóstolo.
Ao par do grande júbilo, houve muitos protestos dos meios científicos, que solicitavam, um exame rigoroso de todos os ossos, descobertos na pequena abertura em forma de Λ na parede do túmulo de São Pedro, por algum grande especialista.
Afinal em 1956, Pio XII concordou, e foi nomeado o dr. Venerando Correnti, um dos maiores antropólogos da Europa.
O trabalho foi lento e difícil, pois faltavam vários ossos importantes. A conclusão, em 1960, constituiu uma sensacional decepção: tratava-se de ossos de três pessoas – dois homens de meia idade e uma mulher idosa.
E junto, encontravam-se vários ossos de animais. Todos antiquíssimos, talvez do século I.
Para os arqueólogos, a situação se explicava: como as leis romanas proibiam a remoção de ossos de uma sepultura, esses haviam sido encontrados e amontoados no pequeno buraco ao pé do nicho.
Raio de luz natural ilumina a urna com os ossos de São Pedro, Vaticano
Raio de luz natural ilumina a urna com os ossos de São Pedro, Vaticano
Apenas para completar os estudos, o dr. Correnti verificou rapidamente os demais ossos das tumbas próximas.
Ao analisar os ossos encontrados na cavidade revestida de mármore, da parede dos grafitos, chamou-lhe a atenção o estado de conservação, estando a maioria bem branca.
Dada sua grande antiguidade decidiu estudá-los melhor. Eram 135 ossos sendo que poucos estavam inteiros. Constatou que provinham de um só indivíduo, do sexo masculino, de físico robusto e falecido entre os 60 e 70 anos.
Antes de estar na cavidade marmórea eles estiveram enterrados na terra nua, mas depois, durante muito tempo, permaneceram bem protegidos e envoltos por tecidos purpúreos, que mancharam um pouco alguns.
Ao tomar conhecimento dessas conclusões, a dra. Guarducci ficou sobressaltada. Ela revelou que a expressão grega “Πέτροσ ἔνι” ecoava continuamente em sua cabeça.
Seriam essas as relíquias de São Pedro?
Não é a única explicação possível para o “Pedro está aqui”? E para a misteriosa cavidade?
Todos os dados confluíam para essa teoria. A razão do esconderijo seria evitar profanações.
O dr. Correnti logo apoiou a tese da dra. Guarducci, e ambos obtiveram de Paulo VI, que havia sido eleito recentemente, permissão para reabrir as pesquisas.
O teste crucial foi o dos fragmentos de terra existentes nos ossos. Sua composição química revelaria se era a mesma terra que se encontra no piso do túmulo vazio de São Pedro.
Uma circunstância tornava esse teste particularmente importante: a terra do túmulo é de tipo calcária argilosa, bem diferente da que se observa em toda a região vizinha, inclusive dos túmulos próximos.
O nome de São Pedro inscrito numa pedra recuperada nas excavações
O nome de São Pedro inscrito numa pedra recuperada nas excavações
Conclusão do exame: a terra é a mesma do túmulo de São Pedro.
O tecido purpúreo foi examinado. Seria púrpura autêntica? E seria romana?
Só os membros da alta nobreza romana podiam usar a púrpura verdadeira, cuja fabricação era um rigoroso segredo de Estado. Os demais ricos usavam, uma imitação.
Hoje a composição química de ambos os tipos é conhecida. Outra particularidade: a púrpura com fios de ouro era de uso exclusivo da família imperial em raras ocasiões.
Resultado do exame: era púrpura romana verdadeira, decorada com finíssimas placas de ouro. E os fios que estavam junto aos ossos eram fios de ouro.
Este foi um argumento essencial a favor da teoria da dra. Guarducci, pois como a cavidade marmórea foi considerada como já existente na época constantiniana, ficava claro que o Imperador autorizara envolver as preciosas relíquias na púrpura imperial.
Antes de publicar novos estudos, cinco renomados especialistas independentes verificaram tudo o que havia sido feito e deram-se por satisfeitos.
Mas, quando foi dada a público a nova teoria, levantou-se um grande vozerio em certos meios científicos.
Este era explicável, pois, para preservar o bom nome dos arqueólogos e de Mons. Kaas, a dra. Guarducci procurou cobrir com um manto o incrível episódio do eclesiástico ao recolher os ossos sem avisar aos membros da equipe.
Também impugnou-se o exame do tecido, exigindo-se algo mais rigoroso. E, sobretudo, argumentava-se que não havia nenhuma prova que demonstrasse não ter sido violado o repositório marmóreo.
Vista da cripta com os ossos de São Pedro numa urna
Vista da cripta com os ossos de São Pedro numa urna
Assim nova série de pesquisas foi iniciada. O exame mais rigoroso dos tecidos feito na Universidade de Roma, confirmou os resultados anteriores.
E Paulo VI autorizou a se abrir o repositório, para confirmar se ele datava da época de Constantino e se não fora violado. A dúvida surgiu porque fora encontrada uma moeda do início da Idade Média no local.
Uma equipe desmontou a parte de baixo da parede azul dos grafitos, a fim de penetrar no repositório sem tocar nas paredes e no teto.
Tudo foi examinado minuciosamente, e a conclusão foi que ele fora fechado no século IV, e jamais fora aberto.
Várias moedas foram ali encontradas, tendo penetrado através de fissuras da parede causadas por acomodação do terreno.
Para silenciar definitivamente as críticas novo trabalho foi publicado, relatando as circunstâncias exatas do episódio de Mons. Kaas, acompanhado de documento juramentado do “sampietrini” Segoni.
E a dra. Guarducci rebateu convincentemente a última crítica que ainda pairava: como explicar a remoção dos ossos da sepultura, mesmo por motivos de segurança, uma vez que os costumes romanos não o permitiam?
Na realidade os ossos não foram removidos da sepultura, pois a parede azul é parte integrante dela.
Após algum tempo, certificando-se de que a crítica nada mais de ponderável podia apresentar, e vendo que os novos exames reforçaram singularmente a teoria da dra. Guarducci, Paulo VI, a 26 de junho de 1968, anunciou solenemente ao mundo que, após longos e extensos estudos “as relíquias de São Pedro foram identificadas de um modo que julgamos convincente”.
E, por isso, ele fazia “este feliz anúncio” aos fiéis de todo o mundo.
No dia seguinte, em cerimônia presidida por Paulo VI, as relíquias de São Pedro, guardadas em caixas com tampos transparentes, foram recolocadas no repositório onde haviam sido encontradas.
Confirmando a tradição católica, sobre as relíquias de São Pedro fora edificada a grande Basílica de Constantino, considerada o centro da Cristandade.
E sobre tal Basílica, mil anos depois, ergueu-se a atual Basílica de São Pedro.
Cumpriu-se assim, até de modo físico, a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.

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