quinta-feira, 3 de outubro de 2013

As reformas que o Papa quer sobre o poder e o serviço na Igreja

Papa Francisco. Foto: Grupo ACI

01 Out. 13
ROMA, (ACI/EWTN Noticias).- Em uma entrevista publicada hoje pelo jornal italiano La Reppublica, o Papa Francisco expressou as reformas que deseja realizar durante seu pontificado no referente ao poder e ao serviço da Igreja no mundo.
O Santo Padre advertiu que "eu não gosto da palavra narcisismo, indica um amor desmedido por nós mesmos e isto não está bem, pode gerar danos graves não só na alma de quem o sofre, mas também na relação com os outros, com a sociedade onde vive".
"O principal problema é que os mais afetados por isso, que na verdade é uma espécie de desordem mental, são pessoas que têm muito poder. Com frequência os chefes são narcisistas".
Interpelado por seu entrevistador, o cofundador de La Reppublica, Eugenio Scalfari, sobre que "alguns chefes da Igreja o foram", Francisco disse que "sabe o que penso sobre este ponto? Os chefes da Igreja foram com frequências narcisistas, vaidosos e erroneamente estimulados pelos seus cortesãos. A corte é a lepra do papado".
Continuando, o Papa explicou que a Cúria não é a corte do papado, embora nela "provavelmente haja cortesãos".
A Cúria vaticana, disse, "na sua complexidade, é algo diferente. É a que na prática administra os serviços que servem à Santa Sé. Mas tem um defeito: é vaticanocêntrica. Cuida dos interesses do vaticano, que são ainda em grande medida interesses temporais".
"Esta visão centrada no Vaticano descuida o mundo que nos rodeia. Eu não compartilho este ponto de vista e farei o que esteja ao meu alcance para muda-lo".
O Santo Padre indicou que "A Igreja é ou deve voltar a ser a comunidade do povo de Deus e os presbíteros, os sacerdotes, os bispos preocupados com as almas, a serviço do povo de Deus".
"A Igreja é isso, uma palavra não surpreendentemente diferente da Santa Sé que tem o seu próprio papel importante, mas que deve estar a serviço da Igreja".
Francisco assegurou que "eu não poderia ter a plena fé em Deus e no Seu Filho se não tivesse me formado na Igreja e tive a sorte de me encontrar, na Argentina, em uma comunidade sem a qual eu não teria tomado consciência de mim mesmo e da minha fé".
Reconhecendo que "não sou Francisco de Assis e não tenho a sua força nem a sua santidade. Mas sou o bispo de Roma e o Papa da catolicidade. Decidi em primeiro lugar nomear um grupo de oito cardeais para que sejam os meus conselheiros. Não cortesãos, mas pessoas sábias e animadas pelos meus mesmos sentimentos".
"Este é o início da Igreja com uma organização não só hierárquica, mas também horizontal".
O Papa ressaltou também durante a entrevista que "a Igreja não se meterá na política".
Francisco também se referiu ao número de cristãos no mundo, assinalados pelo seu entrevistador como "uma minoria".
"Sempre o fomos, mas o tema hoje não é esse", disse Francisco.
"Pessoalmente, penso que ser uma minoria é inclusive uma força. Devemos ser uma levedura de vida e de amor, e a levedura é uma quantidade imensamente menor que a massa das frutas, flores e árvores que surgem da levedura".
O Papa assinalou que "acho que falei antes que o nosso objetivo não é fazer proselitismo, mas escutar as necessidades, desejos, desilusões, desesperos, esperança".
"Devemos restaurar a esperança nos jovens, ajudar os idosos, nos abrir ao futuro, difundir o amor. Pobre entre os pobres. Devemos incluir os excluídos e pregar a paz".
Francisco assinalou que o Concílio "Vaticano II, inspirado pelo Papa João XXIII e Paulo VI, decidiu olhar para um futuro com espírito moderno e aberto à cultura moderna".
"Os Padres Conciliares sabiam que abrir-se à cultura moderna significava o ecumenismo religioso e o diálogo com os não-crentes. Depois se fez muito pouco nessa direção. Eu tenho a humildade e ambição para querer fazê-lo", assegurou.

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