Pe. Hélio Luciano responde a várias questões sobre fé e Igreja
Por Thácio Lincon Soares de Siqueira
BRASíLIA, 30 de Setembro de 2013 (Zenit.org)
- Ultimamente a edição portuguesa de ZENIT tem recebido várias
perguntas que abrangem os mais variados temas de fé e de Igreja. Para
respondê-las pedimos ajuda ao Pe. Hélio Luciano, mestre em bioética
pela Universidade de Navarra, mestre em Teologia Moral pela Pontificia
Universidade Santa Cruz em Roma e membro da comissão de bioética da
CNBB, que se dispôs com muito carinho a responder as perguntas
selecionadas.
Publicamos a primeira parte sexta-feira, 27 de Setembro. A terceira parte será publicada na quarta-feira, 2 de Outubro. Acompanhe abaixo duas perguntas sobre os motivos da renúncia do Papa Bento e a relação do Papa Francisco com Leonardo Boff e Frei Betto.
O Papa Bento foi quem começou reformas profundas na cúria romana – evitando carreirismos – e na Igreja. Um exemplo claro – ainda antes de ser eleito Papa – foi de exigir a denúncia de sacerdotes pedófilos às autoridades civis de cada País, evitando que tais crimes pudessem ser encobertos por bispos ou autoridades eclesiásticas. Talvez o único “problema” do Papa Bento tenha sido a comunicação. Ele nunca investiu em marketing. Talvez se tivesse anunciado a quatro ventos o bem que fazia e as atitudes que tomava, tivesse sido melhor compreendido. Sua opção foi de fazer o bem em silêncio, repito, construindo seu tesouro em Deus e não para os homens. Alguns serviços de comunicação internacional, não tendo notícias reais sobre o que fazia o Papa, decidiram criar notícias para encher o espaço destinado à Igreja. Não faltaram também homens de igreja – na sua grande maioria carreiristas – insatisfeitos com algumas mudanças, que alimentaram este mal estar midiático.
A grandeza do Papa Bento talvez tenha se manifestado em toda a sua profundidade na coragem da sua renúncia e no silêncio profundo desde a eleição do Papa Francisco.
Publicamos a primeira parte sexta-feira, 27 de Setembro. A terceira parte será publicada na quarta-feira, 2 de Outubro. Acompanhe abaixo duas perguntas sobre os motivos da renúncia do Papa Bento e a relação do Papa Francisco com Leonardo Boff e Frei Betto.
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ZENIT: Ouve-se dizer em alguns lugares que o Papa Bento foi obrigado a sair porque encobriu muitas falcatruas de alguns padres e cardeais. É isso mesmo?
Pe. Hélio: Muitos conhecem profundamente os méritos e a humildade do Papa Bento, mas creio que à grande maioria das pessoas, tais méritos só serão conhecidos no céu – ainda bem que devemos acumular tesouros para o céu e não para este mundo.O Papa Bento foi quem começou reformas profundas na cúria romana – evitando carreirismos – e na Igreja. Um exemplo claro – ainda antes de ser eleito Papa – foi de exigir a denúncia de sacerdotes pedófilos às autoridades civis de cada País, evitando que tais crimes pudessem ser encobertos por bispos ou autoridades eclesiásticas. Talvez o único “problema” do Papa Bento tenha sido a comunicação. Ele nunca investiu em marketing. Talvez se tivesse anunciado a quatro ventos o bem que fazia e as atitudes que tomava, tivesse sido melhor compreendido. Sua opção foi de fazer o bem em silêncio, repito, construindo seu tesouro em Deus e não para os homens. Alguns serviços de comunicação internacional, não tendo notícias reais sobre o que fazia o Papa, decidiram criar notícias para encher o espaço destinado à Igreja. Não faltaram também homens de igreja – na sua grande maioria carreiristas – insatisfeitos com algumas mudanças, que alimentaram este mal estar midiático.
A grandeza do Papa Bento talvez tenha se manifestado em toda a sua profundidade na coragem da sua renúncia e no silêncio profundo desde a eleição do Papa Francisco.
ZENIT: É verdade que o frei Beto e o Leonardo Boff foram perseguidos injustamente pela Igreja, porque eles defendem a verdadeira opção pelos pobres?
Pe. Hélio: Fico impressionado como muitas vezes no Brasil – dentro e fora da Igreja – são bem vistos aqueles que se rebelam, que atacam ao Magistério e que tentam dividir a Igreja de Cristo. Talvez faça parte da atual crise de autoridade que vivemos – é melhor aquele que ataca do que aquele que obedece. Será que somos tão cegos? Poderíamos entender se considerássemos a Igreja de um modo simplesmente humano – ainda assim seria uma grande ousadia, ou soberba, mas se poderia entender. Se uma instituição humana de dois mil anos tivesse se perdido e viesse um “iluminado” para dizer como retomar o caminho, este deveria ser muito “iluminado” ou muito soberbo.
Porém sabemos que a Igreja não é uma simples instituição humana.
Possui o Espírito Santo que a ilumina e ajuda a ser fiel àquilo que
Cristo lhe confiou. Por isso a obediência, que não é obscurantismo, pois
não se trata de uma obediência cega, mas sim de uma obediência
inteligente, que pode argumentar, propor, questionar. Mas a partir de um
momento, ou abaixamos a cabeça afirmando nossa fidelidade a Cristo
através da Igreja que Ele mesmo quis, ou nos rebelamos e desligamos da
Igreja, acreditando que o Espírito Santo nos ilumina mais a nós
individualmente do que à sua Igreja.
Isso não significa dizer que não houve ou não há erros dentro da
Igreja – claro que existem. Mas sim que o modo de solucioná-los é a
perseverança e humildade dos santos e não a soberba e arrogância de
palanques. Quantos santos sofreram e foram fieis?
Quanto à opção preferencial pelos pobres é algo que sim deve ser
visto. Mas podemos nos perguntar – onde tal modelo proposto foi
implantado não teria aumentado ainda mais o sofrimento, a desilusão e a
falta de esperança?
Talvez Deus tenha permitido tais problemas para realmente chamar nossa atenção para aqueles que necessitam de ajuda material – não podemos falar de conversão a quem morre de fome – mas a solução deve se dar dentro da Igreja, em comunhão e humildade.
Talvez Deus tenha permitido tais problemas para realmente chamar nossa atenção para aqueles que necessitam de ajuda material – não podemos falar de conversão a quem morre de fome – mas a solução deve se dar dentro da Igreja, em comunhão e humildade.
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