O casal em 2011, quando as duas fundaram a igreja, em retrato de Eduardo Anizelli
O pedido já estava fazendo bodas de cobre: faz dez anos que Lanna
Holder, 38, perguntou se Rosania Rocha, 40, se casaria com ela. É que à
época a lei brasileira não deixava pessoas do mesmo sexo se casarem e as
duas faziam parte de uma igreja que nada simpatizava com a ideia.
Mas agora sai. Em 19 de dezembro as duas pastoras que fundaram a
igreja evangélica Comunidade Cidade de Refúgio, no centro de São Paulo,
sobem ao altar.
Em grande estilo: elas vão se casar num bufê em formato de castelo em
Mauá, cidade no interior de São Paulo. “Minha mulher é uma rainha,
então nada mais adequado”, justifica Lanna, que teve a ideia de cenário
quando voltava do aeroporto e viu um outdoor perguntando “Você já pensou
em se casar num castelo?”. Ela levou como um sinal. E essa história é
cheia deles.
A começar pelo momento em que as duas se viram pela primeira vez.
Rosania era uma cantora gospel radicada nos EUA que se vestia com roupas
descoladas e não tinha medo de maquiagem. Já Lanna era uma missionária
em ascenção no Brasil que foi convidada a propagar sua fé em solo
americano. “Ela chegou com uma saia rodada, jeans, e um cabelão preso no
coque. Achei estranho”, diz Rosania, “mas senti vontade de me
aproximar”.
A vontade se concretizou e as duas ficaram amigas. “Ensinei ela a
usar um pouco de maquiagem, usar uns terninhos em vez das roupas muito
conservadoras de então”, diz Rosania, que era casada, tinha um filho e
nunca se sentira atraída por outra mulher.
Já Lanna sabia bem o que sentia. “Sempre tive esse desejo, e tentava
lutar contra. Por isso, tinha um discurso ainda mais anti-gay do que o
Silas Malafaia tem hoje em dia.”
A atração pela amiga venceu. Seis meses depois de se conhecerem,
durante uma viagem a Nova York, Lanna aproveitou que as irmãs de igreja
estavam dormindo ou no banho e roubou uma bitoca de Rosania.
Rosania se casará com um vestido de luxo, enquanto Lanna optará “por algo simples, sem ser masculinizado”
E começou um namoro escondido e cheio de culpa. “Era duro. Pedíamos
para Deus nos matar durante esse período”, diz Rosania. Não matou. Então
as duas acharam por bem se sentarem com os dois maridos e, juntas, pôr
às claras o que acontecia. Três meses depois, Lanna estava divorciada.
Já Rosania lutou para salvar seu matrimônio. “Passamos quatro meses
em batalha contra nosso amor”, conta ela. Durante esse período, chegaram
a ficar nove meses sem se falar.
O silêncio foi rompido por uma notícia triste: Lanna havia sofrido um
acidente de carro e estava na UTI, com quatro costelas quebradas e um
coração que mal batia. “Foi nessa hora que me dei conta: o que seria de
mim se perdesse ela?”, lembra Rosania, que passou a fazer visitas contra
os conselhos dos pares da igreja. “Eles diziam que o acidente tinha
sido providência divina, que cada vez que eu fosse vê-la ela ia piorar
um pouco, até morrer.”
“Diziam que o acidente era a providência de Deus, para mostrar que
estávamos errando. Mas Ele falou comigo, para eu ir. E eu ia”, relembra
Rosania. “E a cada vez que ela ia, eu melhorava”, diz Lanna.
Decidiram ficar juntas de vez quando Lanna recebeu alta, mesmo que
isso significasse se afastar da igreja. “A gente só se aproximou mais e
mais.”
Durante o namoro, outro sinal brilhou. Um dia, conversando, Rosania
disse que adorava margaridas. Na mesma semana, as duas viajavam por uma
auto-estrada quando Lanna Viu um campo de margaridas sobre o morro, no
acostamento. Parou o carro sem pensar duas vezes, subiu a ladeira e
voltou com os braços cheios de margaridas, que entregou de joelhos. “Foi
o começo do pedido”, diz.
A proposta em si foi durante uma conversa séria sobre como havia
impedimentos ao amor. “Perguntei se ela queria superar todas elas
comigo”, diz Lanna. A resposta foi sim.
Desde então, tornaram ao Brasil e construíram sua própria igreja, que
chega em 2014 ao quarto templo. “É uma igreja para Jesus, não só para
gays”, explica Lanna. Têm hoje 500 seguidores e celebraram mais de dez
casamentos homossexuais de maio para cá.
E como duas pastoras com o dom da oratória definiriam seu amor? “É sair do preto e branco e ir para o colorido, como a Alice no país das maravilhas, sabe?”, diz Lanna. Uma terceira pastora amiga casa as duas em 19 de dezembro, com 500 membros da comunidade assistindo.
E como duas pastoras com o dom da oratória definiriam seu amor? “É sair do preto e branco e ir para o colorido, como a Alice no país das maravilhas, sabe?”, diz Lanna. Uma terceira pastora amiga casa as duas em 19 de dezembro, com 500 membros da comunidade assistindo.
A lua de mel será em Paris, como previu um outro sinal, diz Lanna:
“Fui convidada a ministrar na França uns anos atrás. Comprei uma torre
Eiffel de cristal e dei para ela, com a promessa de que iríamos juntas
depois de nos casar, o que era impossível na época. Foi um ato
profético”. Felicidade às noivas.
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jbpsverdade: Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra devido o pecado do homossexualismo que "inundava" as cidades. Querer afirmar que o homossexualismo não é pecado e que é uma vontade de Deus, é no mínimo chamar Deus de mentiroso, pois, a sua Palavra (Deus), condena veementemente tal prática.
Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação. (Lv 18, 22), e...
Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa. (Lv 20, 13)
Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação. (Lv 18, 22), e...
Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa. (Lv 20, 13)
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