A Igreja Católica localiza as origens da Eucaristia nas ações e
palavras do próprio Jesus Cristo, tal como foram registradas nos três
Evangelhos sinóticos, no Evangelho de João e nos escritos de São Paulo,
no Novo Testamento. O Uso do pão e vinho como oferenda começa ainda sob a
Antiga Aliança e é descrita no Livro do Gênesis:”E Melquizedeque, rei
de Salem, trouxe pão e vinho; ele era sacerdote do Deus Altíssimo”.
Gênesis 14,18
Ao iniciarem o êxodo do Egito, os judeus comeram pão sem fermento
(Êxodo 12,15), o que foi necessário por causa da pressa deles em fugir; e
eles continuam até hoje a honrar essa memória com pão sem fermento,
quando eles celebram a Páscoa. O último “cálice de bênção” ao término da
refeição de Páscoa era um cálice de vinho que celebrava o fato de Deus
haver abençoado Seu povo escolhido, o qual abençoaria novamente em algum
dia em Jerusalém. Eles comeram maná – pão enviado do Céu – enquanto
vagavam no deserto à procura da Terra Prometida, à qual finalmente
chegaram, Deus lhes havia prometido. Depois que eles perderam sua terra,
por causa de seu fracasso continuado no sentido de obedecer aos
Mandamentos de Deus, foram-lhes enviados profetas, que predisseram que
um Messias seria enviado por Deus, um salvador que os devolveria ao seu
lugar original de honra perante Deus. Ele chegou há aproximadamente
2.000 anos atrás.
A vida de Jesus começou em Beth-Lechem …a Casa do Pão (Mateus 2,1).
Seu primeiro milagre público ocorreu numa festa de casamento em Canã
(João 2,2-5), onde Ele transformou água em vinho, em resposta a um
pedido de sua Mãe. Com o milagre da multiplicação dos pães (Mateus
14:14-20), ao Jesus abençoar os pães e distribui-los, Ele prefigurou a
superabundância de pão sem igual que viria a ser Sua Eucaristia. Depois
de ensinar e curar os doentes e operar outras maravilhas nas colinas da
Galiléia, Jesus tinha desenvolvido um grande número de partidários, com
muitos discípulos. Foi na sinagoga de Cafarnaum, por época do banquete
de Páscoa, que Jesus começou a descortinar a natureza de Sua Eucaristia
aos que O seguiam:”Esforçai-vos, não pelo alimento que se estraga, e sim
pelo alimento que permanece até à vida eterna. É este o alimento que o
Filho do homem vos dará, porque Deus Pai o marcou com seu selo”. (João
6,27)
Quando os seguidores dele perguntaram sobre a natureza deste alimento
eterno, Jesus respondeu:”Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim já não
terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.” (João 6,35)
Quando eles ouviram esta afirmação, alguns de seus seguidores
começaram a murmurar entre si, pois sabiam que Ele era apenas um
carpinteiro, o filho de José. Como poderia este homem ser o pão da vida?
Mas Jesus insistiu, explicando-se a eles:”Eu sou o pão vivo descido do
céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre. E o pão que eu darei é
minha carne para a vida do mundo”. (João 6,51)
Este comentário trouxe real consternação a vários dos que o tinham
seguido. Ele estava afirmando que eles deveriam comer sua carne, um ato
inconcebível. Se as palavras dele estavam sendo mal interpretadas, se
eles estivessem enganados de qualquer forma, então Jesus teria corrigido
seu engano… mas Ele não o fez. Ao invés, Ele ainda enfatizou novamente o
significado já apreendido, ao afirmar:”Em verdade, em verdade eu vos
digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu
sangue, não tereis a vida em vós. Quem come minha carne e bebe meu
sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Porque
minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente
bebida. Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim, e eu
nele.” (João 6,53-56)
Muitos dos que o ouviram afirmar isso não puderam aceitá-lo, ainda
que Ele o explicasse e esclarecesse suas declarações três vezes,
tentando corrigir sua falta de compreensão e repugnância no sentido de
aceitar Suas palavras. Ele tentou novamente uma quarta aproximação, para
lhes ajudar a compreender o que Ele queria dizer:
“O espírito é que dá a vida. A carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.” (João 6,63)
Depois disto, muitos dos que tinham estado seguindo escolheram
afastar-se. Ele tentou quatro vezes ensiná-los e ao fim só alguns
aceitaram. Por que eles não compreenderam Jesus, como muitos ainda não o
compreendem depois de 2.000 anos? Provavelmente porque eles não
entenderam que aquele Jesus era a conclusão da Páscoa começada no Egito
mais de mil anos antes. Ele era a Nova Aliança, o Prometido – o Messias –
mas Ele não se ajustava ao conceito contemporâneo de como o Messias
deveria ser. A Páscoa do Egito foi comemorada com uma refeição – pão sem
fermento, cordeiro e vinho compartilhados – e Jesus tinha vindo
dar-Se-lhes como o último Pão e Cordeiro, uma comida a ser consumida por
todos os que desejassem escapar ao anjo da Morte.
Durante o ritual do banquete de Páscoa, quatro diferentes taças de
bênçãos eram consumidas junto com o pão sem fermento e o cordeiro. O
cordeiro era escolhido e depois morto sem que se quebrassem quaisquer de
seus ossos; e então era cozido e comido para renovar o laço de comunhão
entre Deus e seu povo escolhido. O sangue do cordeiro, aspergido na
soleira de cada casa, era colocado lá como um sinal ao anjo da Morte
para ignorar a casa marcada e assim proteger os primogênitos da casa.
Jesus veio consumar a Páscoa, de forma que todos poderiam passar da
morte à vida eterna. E, da mesma maneira que os judeus da época de
Moisés tiveram que comer o pão não-levedado e o cordeiro sacrificial
para renovar sua comunhão com Deus, assim todos os seguidores de Cristo
estavam sendo convidados a comer o corpo e beber o sangue do novo
cordeiro de Deus (Jesus) para renovar sua comunhão com Ele e serem
marcados com o sinal de vida eterna.
Jesus instituiu sua Eucaristia na Páscoa, para marcar sua passagem da
morte para a Ressurreição e a vida eterna. Foi nestes palavras que
Jesus instituiu Sua Eucaristia:Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e
pronunciou a bênção. Depois, partiu o pão e o deu aos discípulos,
dizendo:”Tomai e comei, isto é o meu corpo”. Em seguida, tomando um
cálice, depois de dar graças, deu-lhes, dizendo: “Bebei dele todos, pois
isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, derramado por muitos, para o
perdão dos pecados”. (Mateus 26,26-28)
Jesus afirmou claramente que Ele estava dando para seus seguidores
Seu corpo e sangue. Não foi uma metáfora, como muitos dos seus
seguidores de Cafarnaum teriam gostado acreditar – era realmente Ele.
Mas teriam seus discípulos verdadeiramente acreditado que ali estavam o
corpo e sangue de Jesus? São Paulo testemunha as convicções dos
primeiros discípulos de Jesus:”Assim, pois, quem come o pão ou bebe o
cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor.
Examine-se, pois, o homem a si mesmo e então coma do pão e beba do
cálice; pois aquele que, sem discernir o corpo [do Senhor], come e
bebe, sua própria condenação.” (1 Coríntios 11,27-29)
São Paulo não era o único dentre os primeiros seguidores de Jesus a
descrever esta convicção e prática. Dúzias escreveram sobre isto nos
primeiros cem anos de existência da Igreja. Esta convicção na Real
Presença de Jesus na Eucaristia permanece até hoje na Adoração católica e
na teologia. A compreensão católica da Real Presença de Jesus na
Eucaristia é diferente das outras denominações Cristãs, que tendem a
encarar a Comunhão Eucarística como um memorial simbólico, ao invés de
uma realidade, real transubstanciação.
Talvez o melhor modo da mente moderna aproximar-se ao mistério da
Eucaristia seja a analogia. Eis uma analogia que poderia ajudar-nos a
abrirmo-nos até a graça insondável que Jesus dá a cada um de nós na
Eucaristia:
Suponhamos que você tenha uma hóstia de pão e a exponha a uma fonte
de radiação não-visível, subatômica, durante um minuto. O pão não
pareceria igual ao que era antes da exposição? Saiba que nada detectável
por seus sentidos aconteceu quando o pão foi exposto à radiação
…Entretanto, sabemos e reconhecemos que agora o pão não está igual ao
que era antes. Ele modificou-se ao nível atômico e há alguns átomos
radioativos participando parte de sua substância agora. Porém, a mudança
que aconteceu só pode ser percebida com instrumentação especial, capaz
de estender o alcance de nossas percepções sensíveis. Se você vivesse há
duzentos anos atrás, por exemplo, você não poderia averiguar qualquer
mudança no pão e provavelmente duvidaria da sanidade de quem afirmasse
que o pão mudara!! Mesmo assim, ele REALMENTE foi mudado. Se você
comesse desse pão, poderia até mesmo sentir náuseas em vista da
radiação!
Na Eucaristia que Jesus nos deu, opera-se uma mudança muito mais
profunda: o pão e o vinho REALMENTE são mudados no corpo e sangue de
Jesus. Podemos perceber isso apenas com nossa percepção sensível? Não.
Nós precisamos de algo além de nossas sensações para determinar que
realmente existe diante de nós. Esse extensor de nossas sensações é a
Fé, uma fé e confiança em Jesus que acredita no que Ele diz, até mesmo
que pão e vinho comuns possam ser mudados no corpo e sangue de Jesus …o
que Ele afirma em suas próprias palavras, registradas nos Evangelhos,
claramente em quatro diferentes ocasiões!
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