Do UOL, em São Paulo
24/12/2013
Tiago Dantas
A JMJ (Jornada Mundial da Juventude) foi mais rentável para o país
do que a Copa das Confederações. O evento católico movimentou cerca de
60% mais dinheiro na economia brasileira do que o torneio de futebol da
Fifa, segundo estudo feito pela Embratur (Instituto Brasileiro do
Turismo).
Embora atraiam públicos diferentes e tenham suas
particularidades, a JMJ e a Copa das Confederações marcaram o ano como
os dois grandes eventos que o Brasil recebeu e, por isso, foram
lembrados pela Embratur em seu estudo.
Impulsionados pela
primeira visita do Papa Francisco ao Brasil, cerca de 3,5 milhões de
católicos estiveram no Rio de Janeiro entre 23 e 28 de julho para a JMJ.
Dados da Embratur revelam que o evento movimentou R$ 1,2 bilhão na
economia brasileira.
O Comitê Organizador Local da JMJ calcula
que foram gastos cerca de R$ 350 milhões com a preparação da estrutura
para receber o papa e os turistas. O dinheiro veio de doações de
peregrinos, parcerias com empresas e venda de produtos licenciados.
O poder público investiu cerca de R$ 30 milhões no projeto, de acordo
com dados oficiais. A verba foi utilizada para melhorar a infraestrutura
urbana e o acesso ao Campus Fidei, em Guaratiba, local onde aconteceram
parte das atividades da JMJ.
Já a Copa das Confederações rendeu
R$ 740 milhões, segundo a Embratur, e atraiu cerca de 250 mil turistas
entre 15 e 30 de junho nas seis cidades-sede do torneio. Os seis
estádios utilizados na competição custaram cerca de R$ 5 bilhões.
Um levantamento feito pelo Ipece (Instituto de Pesquisa e Estratégia
Econômica do Ceará) questiona o número de turistas atraídos ao estado
pela realização de três jogos no Estádio Castelão, em Fortaleza.
A competição levou cerca de 59 mil turistas ao Ceará – um terço do
total de visitantes que o estado recebeu em junho. A presença dos
turistas gerou R$ 387 milhões à economia local. O carnaval de Fortaleza,
que nem é o mais movimentado do Nordeste, atraiu 93 mil pessoas em
2013.
Copa deve movimentar R$ 25 bilhões
Apesar dos resultados
pouco expressivos com o evento preliminar, o governo federal calcula que
os turistas que pretende vir ao país acompanhar a Copa do Mundo devem
gastar R$ 25 bilhões entre junho e julho de 2014 – 30 vez mais dinheiro
do que foi movimentado na Copa das Confederações.
A projeção
feita pelo governo federal seria capaz de pagar todo o investimento
feito pela União na preparação do País para o evento, incluindo todas as
obras viárias e a remodelação de portos e aeroportos. Entre
investimentos federais, estaduais e municipais, são previstos R$ 25,9
bilhões de investimentos.
"Mesmo considerando que houvesse a
hipótese de o ganho não 'pagar' integralmente os investimentos para
realização dos megaeventos, é fundamental lembrar que R$ 1 de cada R$ 3
investidos pelo governo federal 'na Copa' estão sendo usados para
melhoria da mobilidade urbana nas metrópoles brasileiras. Se
considerarmos o investimento em aeroportos e portos, o valor sobe para
mais da metade de todo o investimento 'na Copa'", afirma o presidente da
Embratur, Flávio Dino, em seu recente artigo "Os megaeventos valem a
pena", publicado na página do instituto.
Dino cita a melhoria da
visibilidade internacional do Brasil e do incremento na estrutura dos
aeroportos como um dos legados da Copa. Dez anos atrás, os aeroportos
brasileiros atendiam 30 milhões de passageiros por ano. Atualmente, o
volume de viagens é de 100 milhões de passageiros por ano.
"Alguns os veem [os grandes eventos, como a Copa] como vilões que sugam
recursos que poderiam ser investidos em serviços públicos. Prefiro
vê-los como uma grande aposta em um novo projeto nacional de
desenvolvimento, que evidentemente abrange a urgente melhoria dos
serviços públicos", diz o presidente da Embratur.
Nenhum comentário:
Postar um comentário