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dez 2013
Quando Paulo diz que Jesus “é o único mediador entre Deus e os
homens” (1Tm 2,5-6), ele quer dizer que Jesus é o único Salvador e não o
único intercessor. Para confirmar, observe que o vs 6 fala sobre
“salvação” e não sobre “intercessão”: “Jesus Cristo, homem, que se
entregou como resgate por todos” Na verdade, existem muitos
intercessores. O novo testamento está repleto de passagens que nos
exortam a interceder uns pelos outros, inclusive, a que precede o
versículo citado acima:
“Acima de tudo, recomendo que se façam preces,
orações, súplicas, ações de graça por todos os homens (…). Isto é bom e
agradável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2,1-3). “Orai uns pelos
outros para serdes curados” (Tg 5,16b) Logo, Jesus não pode ser o único
intercessor. No entanto, todo e qualquer intercessor, sempre ora e obtém
a graça em nome de NS Jesus Cristo, e não em seu próprio nome. Pois é
somente através de Jesus Cristo que temos acesso ao Pai. Quanto mais
santo o intercessor, mais eficaz é a intercessão. Diz ainda a Bíblia,
que quanto mais santo o intercessor, maior a eficácia da oração: “A
oração do justo tem grande eficácia.” (Tg 5,16c) Ora, se a oração de um
justo tem grande eficácia, não há dúvida que é melhor pedir a
intercessão de um justo do que de um pecador. E, como não existem homens
neste mundo mais santificados do que aqueles que já estão no Céu,
obviamente, é melhor pedir a intercessão de um santo do Céu do que de um
homem que ainda vive neste mundo. Os santos do Céu estão vivos.Porém,
argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e
inconscientes?” E quem disse que estão mortos aqueles que estão VIVOS
diante do Trono de Deus, porque o nosso Deus não é Deus de mortos, mas
de vivos, como ensinou Jesus: “Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão,
Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos
vivos porque todos vivem para Ele.” (Lc 20, 37-38) Portanto, Jesus nos
diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na
Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem
inconscientes! O livro do Apocalipse também ensina que os santos
falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição, suas
almas dialogam e intercedem junto a Deus: “Vi sob o ALTAR as ALMAS DOS
HOMENS IMOLADOS por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho
que dela tinham prestado. E CLAMARAM EM ALTA VOZ: Até quando ó Senhor,
Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando o nosso sangue
contra os habitantes da terra? A cada um deles foi dada, então, uma
veste branca, e foi-lhes dito, também, que aguardassem ainda um pouco,
até que se completasse o número dos seus companheiros e irmãos, que
iriam SER MORTOS COMO ELES.” (Apc 6,9-11) Neste diálogo, as almas dos
santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final.
Observe que as almas não estão adormecidas, mas estão sob o altar de
onde falam com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que
será também o dia da aguardada ressurreição da carne. Deus lhes dá uma
veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco.
E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou
vivas e acordadas? Vejamos: “Então um dos anciões falou comigo e
perguntou-me: Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e
de onde vêm? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses
são os SOBREVIVENTES da grande tribulação. Lavaram as suas vestes e as
alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, ESTÃO DIANTE DO TRONO DE
DEUS, E O SERVEM, DIA E NOITE, NO SEU TEMPLO.” (Apc 7,13-15) Portanto,
esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo
Final e da ressurreição da carne, quando finalmente “Deus os abrigará em
sua tenda e não haverá nem fome, sede, sol ou calor e Deus enxugará
toda lágrima de seus olhos” (Apc 7,15-16). Veja também como estas almas
(os santos, pois estavam com vestes brancas, símbolo da santidade),
intercedem diante do Trono de Deus: “Outro anjo pôs-se junto ao ALTAR,
com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes para que
os oferecesse com as ORAÇÕES DE TODOS OS SANTOS NO ALTAR de ouro, que
ESTÁ ADIANTE DO TRONO. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com AS
ORAÇÕES DOS SANTOS, DIANTE DE DEUS.” (Apc 8,3-4) Eis aí uma passagem
bíblica que nos garante a intercessão dos santos falecidos, e que agora
estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de TODOS
os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos
da terra (cristãos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu
(que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este
trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no
quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a
Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações
de TODOS os santos. Um exemplo destas orações de santos falecidos,
encontra-se em Macabeus. Nela, Judas Macabeus relata uma visão que teve
de Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo: “Onias (…)
estava com as mãos estendidas, INTERCEDENDO por toda a comunidade dos
judeus. Apareceu a seguir um homem notável (…) Esse é aquele que MUITO
ORA pelo povo e por toda cidade santa, é Jeremias, o Profeta de Deus.”
(2Mac 15,12-14) E como os santos conhecem nossas preces? Eles são
onipresentes?De modo algum. Só Deus é Onipresente. No entanto, todos
pertencemos ao Corpo Místico de Cristo no qual vivenciamos a comunhão
dos santos, ou seja, vivenciamos o fluxo de amor e relacionamentos entre
todos os membros do Corpo Místico. De um modo especial, os santos que
estão no Céu já possuem uma relação de profunda intimidade com Deus, de
modo que através da onipresença de Deus, os santos tomam conhecimento
das preces que lhes são dirigidas. Em outras palavras, é o próprio Deus
quem lhes transmite as nossas preces. Eis como Dom Estevão Bettencourt
explica esta questão: “Os bem-aventurados têm conhecimento das preces
que neste mundo lhes são dirigidas, pois Deus, que fez os homens
solidários entre si, não permite que essa comunhão seja dissolvida pela
morte. Por isso pedimos aos santos que intercedam por nós no Céu, e Deus
lhes dá a conhecer nossas orações para que, de fato, eles rezem por nós
ao Pai.” Mas, então, qual a necessidade desta intercessão, se Deus já
conhecia a prece antes mesmo do santo interceder?Na verdade, toda e
qualquer prece feita neste mundo, já era do conhecimento de Deus, antes
mesmo de nós formularmos nossas súplicas. Embora assim seja, Deus quer
façamos nossas súplicas. Vejamos o que disse Jesus a respeito: “O Pai já
sabe de vossas necessidades antes mesmo de pedirdes.” (Mt 6,8) “Pedi e
recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” (Jo 16,24) Embora
Jesus reconheça que Deus já conheça nossas necessidades antes mesmo de
fazermos nossa prece, Jesus insiste que devemos formular nossas preces
dizendo: Pedi e recebereis. Porquê? Para que tenhamos um diálogo, uma
relação com Deus através da oração. Ora, esta relação amorosa, Deus
também deseja que exista entre todos os membros do seu Corpo Místico.
Por isso, mesmo já conhecendo de ante-mão as nossas súplicas, Deus
incentiva a prática da oração e da intercessão para que exista este
relacionamento amoroso entre nós e Deus e também entre todos os filhos
de Deus, ou seja, para que “a nossa alegria seja completa”. Interceder
por alguém é um ato de amor entre os filhos de Deus. Deixar de
interceder é falta de amor. Deus jamais proibirá a intercessão porque
Deus é Amor. “Naquele dia pedireis em meu nome e já não digo que rogarei
ao Pai por vós. Pois o mesmo Pai vos ama, porque vós me amastes e
crestes que saí de Deus.” (Jo 16,26-27)
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