sábado, 21 de dezembro de 2013

O papa Francisco fala sobre as reformas do Vaticano

Leia em ÉPOCA desta semana uma entrevista com o líder da Igreja Católica. "O Natal é um anúncio de alegria", diz o papa

20/12/2013
ANDREA TORNIELLI*, DO VATICANO

TERNURA E ESPERANÇA

>> Trecho de entrevista publicada em ÉPOCA desta semana:

"Para mim, Natal é esperança e ternura.” Francisco fala sobre seu primeiro Natal como papa. Estamos na Casa Santa Marta, no Vaticano, às 12h50 de uma terça-feira, em dezembro. O papa nos recebe numa sala, próxima ao salão de jantar, por uma hora e meia. Por duas vezes, durante a entrevista, o olhar sereno que o mundo inteiro se acostumou a ver no rosto de Francisco desaparece: quando fala sobre o sofrimento de crianças inocentes e sobre a fome no mundo. O papa discorre sobre a convivência com outras correntes cristãs. Toca no assunto da família, a ser abordado no próximo Sínodo, e responde àqueles que o chamaram de marxista, por criticar o capitalismo na Exortação Apostólica.

O que o Natal significa para o senhor?

Papa Francisco – É o encontro com Jesus. Deus sempre procurou seu povo, tomou conta e prometeu estar sempre perto. O livro do Deuteronômio diz que Deus anda conosco. Ele nos pega pela mão como um pai faz com seu filho. É uma coisa bonita. Natal é o encontro de Deus com seu povo. É também uma consolação. O mistério da consolação. Muitas vezes, depois da missa da meia-noite, passei uma hora ou mais sozinho na capela, antes de celebrar a missa da aurora. Experimentei um sentimento profundo de consolação e paz. Me lembro de uma noite de oração após uma missa em Roma. Acho que foi no Natal de 1974. Para mim, o Natal sempre teve a ver com isso: contemplar a visita de Deus a seu povo.

O que o Natal significa para as pessoas?

Papa Francisco – Significa ternura e esperança. Quando Deus nos encontra, nos diz duas coisas. A primeira: tenha esperança. Deus sempre abre portas, Ele nunca as fecha. Ele é o pai que abre portas para nós. A segunda: não tenha medo da ternura. Quando cristãos se esquecem da esperança e da ternura, a Igreja se torna fria, perde seu senso de direção e fica presa a ideologias e atitudes mundanas, enquanto a simplicidade de Deus lhes diz: “Sigam em frente, sou o pai que dá carinho a vocês”. Receio quando os cristãos perdem a esperança e a habilidade de estender um carinho amoroso aos outros. Talvez por isso, ao olhar para o futuro, eu fale tanto sobre as crianças e os idosos, sobre os mais indefesos. Durante minha vida como sacerdote, indo às paróquias, sempre tentei transmitir essa ternura, particularmente às crianças e aos idosos. Isso me faz bem e me faz pensar na ternura que Deus tem conosco.

O Natal costuma ser mostrado como um conto de fadas açucarado, mas Deus nasceu num mundo repleto de sofrimento.

Papa Francisco – A mensagem anunciada a nós nos Evangelhos é uma mensagem de alegria. Os evangelistas descreveram para nós uma história de alegria. Eles não questionam a injustiça do mundo ou como Deus pode ter nascido num mundo assim. Tudo isso é fruto de nossas próprias contemplações: o pobre, a criança nascida em condições precárias. O Natal não é a condenação da injustiça social e da pobreza. É um anúncio de alegria. Tudo o mais são conclusões que tiramos. Algumas estão corretas, outras estão menos corretas, e outras ainda estão cercadas de ideologia. Natal é alegria, alegria religiosa. A alegria de Deus, uma alegria interna de luz e paz. Quando você está incapaz ou numa condição humana que não permite compreender essa alegria, então vive-se a festa com alegria mundana. Mas há uma diferença entre a felicidade profunda e a alegria mundana. 

>> Continue lendo esta entrevista em ÉPOCA desta semana.

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