Do blog Julisevero
12 de janeiro de 2014
Tentativa de Paulo ocupar uma vaga de missionário numa grande agência missionária brasileira se depara com resistências teológicas e éticas
Conta-se que o Apóstolo Paulo enviou seu currículo para a Junta de Missões Mundiais de certa denominação protestante, oferecendo-se para trabalhar como missionário. Depois de algumas semanas, o secretário da Junta escreveu-lhe esta carta, justificando a razão por que não poderia aceitá-lo.
Apóstolo Paulo tenta vaga de missionário na Igreja Protestante do Brasil |
Ao
Reverendo Saulo Paulo
Missionário Independente
Roma, Itália
Missionário Independente
Roma, Itália
Recebemos recentemente seu
currículo, exemplares de seus livros e o pedido para ser sustentado pela nossa
Junta como missionário na Espanha.
Adotamos a política da franqueza
com todos os candidatos. Fizemos uma pesquisa exaustiva no seu caso. Para ser
bem claro, estamos surpresos que o senhor tenha conseguido “passar” até aqui como
missionário independente.
Em Antioquia, o senhor provocou uma
confusão com Simão Pedro, um pastor muito estimado na cidade, chegando a
repreendê-lo em público. O senhor provocou tantos problemas que foi necessário
convocar uma reunião especial da Junta de Apóstolos e Presbíteros em Jerusalém.
Não podemos apoiar esse tipo de atitude.
Acha que é adequado para um
missionário trabalhar meio-período em uma atividade secular? Soubemos que
fabrica tendas para complementar seu sustento. Em sua carta à igreja de
Filipos, o senhor admite que aquela é a única igreja que lhe dá algum suporte
financeiro. Não entendemos o motivo, já que serviu a tantas igrejas. O senhor
não se dá bem com as igrejas que funda? Então por que agora está atrás de nosso
sustento?
É verdade que já esteve preso
diversas vezes? Alguns irmãos nos disseram que passou dois anos na cadeia em
Cesareia e que também esteve preso em Roma, e em outros lugares. Não achamos
adequado que um missionário da nossa Junta tenha ficha suja na polícia, pelo
fato de que esse tipo de mancha compromete gravemente seu testemunho e
credibilidade, e também o testemunho e credibilidade de nossa Junta.
O senhor causou tantos problemas
para os fabricantes de ídolos da deusa Diana em Éfeso que eles o chamavam de “o
homem que virou o mundo de cabeça para baixo.” Sensacionalismo é totalmente
desnecessário no trabalho missionário. Deploramos, também, o vergonhoso episódio
em que o senhor fugiu de Damasco escondido em um grande cesto. Nossos
missionários jamais fogem das autoridades.
Estamos admirados em ver sua falta
de conduta conciliatória. Os homens educados e que sabem chegar a um acordo não
são apedrejados nem arrastados para fora dos portões das cidades, muito menos
atacados por multidões enfurecidas. Alguma vez parou para pensar que palavras
mais agradáveis poderiam ganhar mais ouvintes? Envio-lhe um exemplar do
excelente livro "Como Ganhar os Judeus e Influenciar os Gentios", do Dr.
Presunçoso Sabetudo, o maior teólogo da nossa denominação.
Em uma de suas cartas, o senhor se
descreve como “Paulo, o velho.” As normas de nossa Missão não permitem a
contratação de missionários além de certa idade.
Percebemos que é dado a fantasias e
alucinações. Em Trôade, o senhor alegou que viu “um homem da Macedônia” e em
outra ocasião diz que “foi levado até o Terceiro Céu e que ouviu palavras inexprimíveis.”
Afirma ainda que viu o próprio Senhor Jesus e que ele o confortou. Achamos que
a obra de evangelização mundial requer pessoas com os pés no chão e com mente saudável.
Num de seus livros, o senhor ensina:
“Busquem com dedicação os dons
espirituais, principalmente o dom de profecia.” (1 Coríntios 14:1 NVI)
Como se não lhe bastasse ter essas “profecias,”
“sonhos,” “visões” e outras alucinações, o senhor ainda se esforça para estimular
seus ouvintes a buscar as mesmas fantasias. Não podemos permitir tais ensinos
que violam nossas normas doutrinárias e denominacionais, colocando a saúde
mental dos ouvintes em risco.
Além disso, o senhor tem mostrado
incoerência em seus próprios ensinos estranhos. E temos prova disso em seus
próprios livros. O senhor disse, em 1 Coríntios 12, que Deus dá vários dons
sobrenaturais, inclusive o dom de cura, mas não vive de acordo com o que prega.
Por exemplo, em Gálatas 4:13, o senhor confessou ter uma grave enfermidade
física. Não acha estranho pregar sobre dons sobrenaturais de cura quando o
senhor é incapaz de curar suas próprias enfermidades?
O Dr. Lucas nos deu esta informação
sobre você: “Deus fazia milagres
maravilhosos por meio das mãos de Paulo, de tal maneira, que até lenços e
aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os doentes. Estes eram
curados de todas as suas enfermidades, assim como espíritos malignos eram
expelidos deles.” (Atos 19:11-12 KJA)
O testemunho do Dr. Lucas é
importante, pois mostra que o senhor, usando um alegado dom de cura, apenas
tocava em pessoas ou objetos que elas usariam para que houvesse experiência de
curas e expulsão de demônios. Essa questão dos lenços e aventais é algo que está
a uma galáxia de distância das práticas oficiais de nossa denominação. Mais parece
heresia neopentecostal. Além disso, ao dizer ao Dr. Lucas e a outros que o
senhor tem esse suposto poder de cura nas mãos, o senhor entrou em grave
contradição consigo mesmo.
Em 2 Timóteo 4:20, com suas próprias
palavras o senhor admitiu: “Deixei
Trófimo enfermo em Mileto.” Já pensou o escândalo que o senhor traria para
nossa denominação saindo por aí dizendo que Deus cura através de dons
sobrenaturais pelas suas mãos, mas nos bastidores deixando seus ajudantes
pastorais enfermos? O que o público diria de nós se esse escândalo, por causa
de sua pregação e atitudes incoerentes, viesse a público?
Por isso, a postura oficial de
nossa denominação é que esses dons sobrenaturais cessaram dois mil anos atrás.
Com isso, evitamos muita confusão, coisa que o senhor parece gostar. Temos mais
provas. Sua igreja em Corinto estava enfrentando uma crise muito grande, e
entre suas soluções o senhor apontou como ter e utilizar dons sobrenaturais do
Espírito Santo, inclusive profecias e curas. Aliás, foi justamente para essa
igreja que o senhor disse: “Busquem com
dedicação os dons espirituais, principalmente o dom de profecia.” (1 Coríntios
14:1 NVI)
Em que o uso de fantasias e
alucinações poderia ajudar uma igreja problemática? Seguindo as normas práticas
de nossa denominação, o senhor teria uma solução simples e fácil. A confortável
doutrina do cessacionismo, que é uma de nossas principais tradições religiosas,
resolve eficazmente o problema de alucinações e fantasias pessoais e coletivas.
Mas em vez dessa solução prática, o senhor preferiu estimular todos em Corinto a buscar
mais alucinações do que eles já tinham. O senhor não percebe que esse tipo de
conselho só aumenta a confusão?
Mas quem disse que o senhor gosta
de evitar confusão?
Em toda a parte por onde andou, o
senhor provocou muitos problemas, especialmente de relacionamentos. Em
Jerusalém, entrou em conflito com os líderes do seu próprio povo. Se alguém não
consegue se relacionar bem com seu próprio povo, como pode querer servir no
exterior? O senhor parece desconhecer o que Deus diz em Sua Palavra: “Esforçai-vos para viver em paz com todas
as pessoas.” (Hebreus 12:14 KJA)
O senhor parece ter rasgado essa
passagem da sua Bíblia! É de admirar então as consequências? O senhor mesmo admite:
“Todos me abandonaram.” (2 Timóteo 4:16
NVI) Temos na nossa denominação famosos teólogos que são referência constante
nas revistas evangélicas nacionais e congressos de missões. São homens
equilibrados, sem fantasias e alucinações. Por isso, ninguém se esquece deles
nem os abandona. Entenda bem: Os homens bons nunca são esquecidos pelos seus
amigos. Três excelentes irmãos, Diótrefes, Demas e Alexandre, o ferreiro,
disseram-nos que acharam impossível trabalhar com o senhor e com seus planos cheios
de fantasias e alucinações. Eles disseram que o senhor é um encrenqueiro que
não consegue se dar bem com ninguém.
Esse problema, que é digno de
tratamento em consultório, vem de longe em seu histórico. Soubemos que muito
antes de suas discórdias com os três queridos irmãos, o senhor teve uma
discussão amarga com um colega missionário chamado Barnabé e que acabaram
encerrando uma longa parceria. Palavras duras não ajudam em nada a expansão da
obra de Deus.
Analisando friamente seu
ministério, vemos que não para em lugar algum e quando para, fica pouco tempo.
Primeiro, a Síria, depois, Chipre, vastas regiões da Turquia, Macedônia,
Grécia, Itália, e agora o senhor fala em ir à Espanha. E o pior é que no
trabalho missionário, o senhor insiste em ser guiado por fantasias e
alucinações. E agora quer nosso sustento? Se suas fantasias fossem divinas, o
senhor não precisaria recorrer a nós.
Em um sermão recente, o senhor
disse “Longe de mim gloriar-me, a não
ser na Cruz de Cristo.” Achamos justo que possamos nos gloriar da história e
doutrinas da nossa denominação. Como poderemos sustentá-lo se o senhor não se
gloriar de nossa missão?
Seus sermões são muito longos. Em
certa ocasião, um rapaz que estava sentado em um lugar alto, adormeceu após
ouvi-lo por várias horas, caiu e quase quebrou o pescoço. Já está provado que
as pessoas perdem a capacidade de concentração após trinta ou quarenta minutos,
no máximo. Nossa recomendação aos nossos missionários é: Levante-se, fale por
trinta minutos, e feche a boca em seguida.
O Dr. Lucas nos informou que o
senhor é um homem de estatura baixa, calvo, de aparência desprezível, de saúde
frágil e que está sempre agitado, preocupado com as igrejas e que nem consegue
dormir direito à noite. Ele nos disse que o senhor costuma levantar durante a
madrugada para orar. Achamos que o ideal para um missionário é ter uma mente
saudável em um corpo forte. Uma boa noite de sono também é indispensável para
garantir a disposição no trabalho no dia seguinte. Para que orar tanto? Cinco
minutos de oração é o suficiente. Afinal, Deus não é surdo.
Algumas testemunhas relataram que o
senhor ora numa “língua desconhecida.” Pensávamos que poderia ser apenas
fofoca. Mas quando consultamos um de seus livros, vimos escrito: “Dou graças a Deus por falar em línguas
mais do que todos vós.” (1 Coríntios 14:18 KJA) Aí o senhor mesmo reconhece
que sua igreja, provavelmente sob sua influência, fala nessa “língua estranha,”
e o senhor fala mais. Como se já não bastassem as perturbações da igreja, o
senhor deu mau exemplo ao introduzir práticas pagãos a ela.
Evidentemente, além de alucinações,
o senhor parece estar sofrendo de alguma perturbação mental. Línguas estranhas,
de acordo com nossa documentação teológica, é prática comum em algumas
religiões heréticas e até mesmo na bruxaria. Portanto, é totalmente incompatível
com um cristão verdadeiro que se propõe ao trabalho missionário.
Finalizando, o senhor mostrou
desconhecer totalmente a Teologia da Missão Integral. Quando tentamos lhe
explicar que essa teologia é hoje padrão nas missões das igrejas protestantes,
o senhor disse que nunca ouviu falar. Como o senhor pode ser missionário se desconhece
o que é fundamental para as modernas agências missionárias?
Quando lhe mencionamos que o Rev.
Ariovaldo Ramos, um dos líderes protestantes mais importantes nas missões do
Brasil, declarou que a Teologia da Missão Integral é a versão protestante da
marxista Teologia da Libertação, o senhor não demonstrou nenhum interesse. Não
é possível trabalhar hoje em missões brasileiras sem apreciar a Teologia da
Missão Integral e seus teólogos. Rejeitá-los é terminar sozinho. Isso explica
sua situação. Quem é que não ficaria em igual estado de abandono se rejeitasse
o que hoje todos aceitam?
Nosso irmão Ariovaldo Ramos é
querido por todos. Sua teologia é querida por todos. Ele era até convidado
especial de Hugo
Chávez, cuja morte foi uma grande tristeza para ele. Se o senhor tivesse se
espelhado nele, teria também sido convidado especial dos grandes deste mundo, e
seu nome seria famoso. O senhor tem sofrido perdas por sua teimosia e espírito
de discórdia.
Grande é o seu despreparo teológico
para trabalhar em nossa denominação e nas missões oficiais. E o pior é que o senhor
não tem humildade para se adaptar aos novos tempos e às novas teologias.
Lamento muito dizer isto, irmão
Paulo, mas nenhuma igreja protestante moderna poderia aceitar seu currículo. Em
meus vinte e cinco anos de experiência, nunca encontrei um homem tão dado a
fantasias e alucinações, envolvido com tantas confusões e encrencas e que
agora, depois que todos o abandonaram, conforme o senhor mesmo nos confessou,
deseja trabalhar para nós para ter nosso sustento. Se o aceitássemos,
estaríamos violando as normas de nossa Junta e as doutrinas mais importantes de
nossa denominação, colocando em perigo a reputação dos nossos grandes teólogos.
Sinceramente,
Reverendo Dr. Teo Lógico Cabeçadura
Secretário da Junta de Missões
Mundiais da Igreja das Doutrinas Esplêndidas
e Gloriosas
Adaptado
por Julio Severo de um texto anônimo que tem andado pela internet há anos.
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