De
tal modo a liturgia tradicional ressaltava a grandeza do nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo que as mentalidades, as tendências e os
costumes dos fiéis se moldavam todos para a sua solene celebração.
Infelizmente, com as inovações pós-conciliares e a consequente
laicização da sociedade, o Natal vem perdendo, ano após ano, muito de
seu simbolismo.
A deformação atingiu tal clímax que o Natal começou a ser celebrado nas praias, nos shoppings,
clubes, restaurantes e praças, no contexto de uma efeméride mundana. E,
na medida em que o neopaganismo avança as pessoas vão perdendo a noção
dos períodos litúrgicos.
Passado o dia 25 de dezembro, continuam na liturgia católica as
festas relacionadas ao Natal. Entre outras, a comemoração dos Santos
Inocentes no dia 28; a circuncisão; a festa do Santíssimo Nome de Jesus
no primeiro domingo que se segue a circuncisão; a festa dos Reis Magos; e
no domingo da oitava dos Reis Magos é celebrada a festa da Sagrada
Família.
No dia 13 de janeiro comemora-se o batismo de Jesus, ocasião em que
se inicia o novo período litúrgico, apresentando a vida pública de
Cristo. O período natalino ainda lança luz na festa da apresentação do
Menino Jesus no Templo e a purificação de Nossa Senhora. Nesse dia,
dedicado a Nossa senhora das Candeias, são bentas as velas cujo lume
representa a luz de Cristo.
Com a introdução de leis como a do aborto, “casamento” homossexual,
eutanásia, tolerância com a prostituição, mais um golpe foi desfechado
contra o santo Natal, pois o ódio que rondava a manjedoura de Jesus
Cristo é o mesmo que se prolonga através dos séculos contra a Sua
Igreja. Elas decorrem das palavras do divino Salvador: “Não vos admireis que o mundo vos odeie, porque Me odiou primeiro”.
Em vez de amor, Jesus Cristo foi odiado no seu Presépio pelo establishment da
época. Em vez de aconchego, foi ameaçado de morte a ponto de obrigar a
Sagrada Família a buscar refúgio no Egito, pois Herodes “irou-se
em extremo e mandou matar todos os meninos de Belém e arredores na idade
de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos
Magos”.
Aquele mesmo ódio acompanhou Jesus Cristo até o Calvário, quando
derramou todo o Seu sangue pela humanidade inteira. Este ódio imenso
não contém para nós alguma lição? Ai de nós, que jamais a
compreenderemos suficientemente se não chegarmos a ser santos. Entre
Jesus Cristo e o demônio, entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro
há um ódio profundo, irreconciliável, eterno, conforme nos ensinou
Plinio Corrêa de Oliveira.
E Herodes utilizando-se mal da sua autoridade maquinou matar o Menino
Jesus. Para isso, ordenou o massacre de todas as crianças
recém-nascidas de Belém e circunvizinhanças. De passagem, levanto uma
pergunta. — Não acontece algo de semelhante hoje nas clínicas de aborto?
As leis que vêm sendo impostas para sacrificar inocentes ainda no
ventre materno não se assemelham ao decreto de Herodes?
O profeta Jeremias havia anunciado: “Uma voz se ouviu em Ramá,
grandes prantos e lamentações. Raquel chora os seus filhos e não se quer
consolar porque eles já não existem”. O profeta se utilizou desta
figura enternecida de grande significado. Como Raquel deu a vida pelo
seu filho Benjamim, ali mesmo recebeu sepultura.
Como as duas tribos — Judá e Benjamim — andavam juntas, Raquel gemeu
em seu túmulo pelos filhos que morreram sob o ódio de Herodes. Assim a
Igreja faz no Natal, e lamenta o frio bisturi que arranca do ventre
materno aquelas pobres crianças que sequer ainda abriram os olhos para a
luz, e, sobretudo, ficarão privadas do batismo das mãos da Igreja.
Peçamos para nós as melhores graças para este Ano Novo. Façamos o
propósito de lutar incansavelmente contra todas as investidas dos
adversários da Santa Igreja e da Civilização Cristã, à imitação de José
que salvou o Menino e a Sua Mãe das mãos assassinas de Herodes.
Quantos novos Herodes existem hoje quais lobos vorazes procurando devorar o que ainda resta de Civilização Cristã!
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*Pe. David Franciquini
Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ e
colaborador da Agência Boa Imprensa (ABIM).
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