Sviatoslav Shevchuk: "A Igreja não faz política, mas também não pode ficar de braços cruzados"
Por Don Mariusz Frukacz
ROMA, 15 de Janeiro de 2014 (Zenit.org)
- "A pregação da paz é particularmente necessária quando existe uma
possível ameaça contra a paz", respondeu o chefe da Igreja
greco-católica da Ucrânia, Sviatoslav Shevchuk, diante das ameaças do
governo de Kiev de privar de status jurídico as autoridades das
organizações religiosas da Igreja greco-católica ucraniana.
Durante
entrevista coletiva concedida neste dia 13 de janeiro, dom Shevchuk
afirmou que "as pessoas nas ruas se voltaram para a Igreja
greco-católica ucraniana e para as outras igrejas pedindo apoio e oração
comum".
“De fato, neste momento de falta de diálogo entre o governo e os
cidadãos que acreditam em Deus, sente-se particular necessidade de
fortalecer a oração pela paz e pela tranquilidade do nosso país, pelo
fim da violência e por um basta aos ataques contra a dignidade e os
direitos constitucionais dos cidadãos ucranianos”, prosseguiu Shevchuk.
O patriarca greco-católico ucraniano enfatizou que "a atitude dos
sacerdotes é uma realização das ideias que o papa Francisco apresentou
em seu último documento, a exortação apostólica Evangelii Gaudium. Os
pastores precisam estar no meio das pessoas, porque ‘um pastor deve ter
cheiro de ovelha’”.
Shevchuk salientou que, pela primeira vez desde a independência da
Ucrânia, houve expressa ameaça contra as organizações religiosas, feita
em uma carta oficial enviada ao Ministério da Cultura da Ucrânia e
assinada pelo vice primeiro-ministro, Timofiy Kokhan.
O chefe da Igreja greco-católica na Ucrânia declarou que "a Igreja
não faz parte do processo político estrito, mas não pode ficar de braços
cruzados quando os seus fiéis pedem ajuda espiritual". Estar com os
fiéis é dever de todo sacerdote. Este dever está ligado à missão da
Igreja, afirmou o patriarca.
"A nossa igreja tem sido sempre fiel a essa missão que Cristo nos
confiou e assim permanecerá, apesar das ameaças. A Igreja se reserva o
direito de avaliar a situação no país, de avaliar se há violação dos
direitos humanos e dos princípios da moralidade pública, que fluem da
lei de Deus e que se refletem na doutrina social da Igreja", disse ele
em comunicado oficial, concluindo: “A única maneira de resolver a crise
sócio-política na Ucrânia é o diálogo honesto e aberto entre todas as
partes. O ponto de partida é a vontade das autoridades de ouvir o seu
povo”.
No domingo, 12 de janeiro, durante a oração ecumênica em Kiev, o
bispo auxiliar de Kijowsko-Żytomierz e administrador apostólico da
diocese, Luck Stanislaw Szyrokoradiuk, pediu “respeito pela dignidade
dos cristãos na Ucrânia”.
O bispo, como relatado pela KAI (Agência Católica de Informação na
Polônia), ressaltou ainda "a necessidade da presença do clero entre os
manifestantes". A Igreja não pode permanecer em silêncio, olhando para
as injustiças sociais, disse Szyrokoradiuk.
Desde o dia 21 de novembro de 2013, acontecem manifestações
antigovernamentais em Kiev. A Praça da Independência tornou-se o lugar
central em que os cidadãos da Ucrânia se manifestam para reivindicar os
direitos e a dignidade das pessoas.
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