Por Philip Pullella
CIDADE
DO VATICANO, 26 Fev (Reuters) - Em um raro rompimento do silêncio desde
que deixou o comando da Igreja Católica há quase um ano, o ex-papa
Bento 16 qualificou de "absurda" as especulações de que teria sido
obrigado a abdicar.
A lei eclesiástica diz que a renúncia
pontifícia só é válida se o papa tomar a decisão com plena liberdade e
isento de pressões alheias.
"Não há absolutamente nenhuma dúvida
da validade da minha renúncia do ministério petrino (de Pedro)", disse o
papa emérito, de 86 anos, em carta publicada nesta quarta-feira pelo
site italiano Vatican Insider.
"A única condição para a validade
da minha renúncia é a completa liberdade da minha decisão. Especulações a
respeito da sua validade são simplesmente absurdas", escreveu ele em
resposta a um pedido do site para que comentasse as recentes
especulações na imprensa italiana.
Bento 16 anunciou sua renúncia
em 11 de fevereiro de 2013 e a efetivou em 28 de fevereiro, tornando-se
o primeiro pontífice em 600 anos a deixar o cargo em vida.
Na
época, ele disse que estava renunciando por não ter mais força física e
espiritual para comandar uma Igreja com 1,2 bilhão de seguidores.
Neste
mês, por ocasião do primeiro aniversário do anúncio da renúncia, o
jornal italiano Libero publicou uma longa reportagem reavivando as
especulações de que Bento 16 pode ter sido forçado a renunciar por causa
dos escândalos no Vaticano.
Em 2012, o mordomo dele foi preso
por divulgar documentos delicados, apontando corrupção entre prelados e
irregularidades nas finanças da Santa Sé.
A imprensa italiana
informou na época que o vazamento havia sido promovido por um grupo de
prelados que desejava desacreditar Bento 16 e forçá-lo a renunciar. O
Vaticano sempre negou isso.
O ex-pontífice alemão vive
praticamente recluso dentro de um antigo convento no Vaticano. O Libero
insinuou que Bento 16 optou por continuar se vestindo de branco porque
ainda se sente papa.
A respeito disso, o papa emérito respondeu:
"Continuo a vestir batina branca e mantive o nome Bento por razões
puramente práticas. No momento da minha renúncia, não havia outras
roupas disponíveis. Seja como for, uso a batina branca de forma
visivelmente diferente daquela como o papa (Francisco) a veste. Esse é
mais um caso de especulação completamente infundada."
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