Quando o Papa João Paulo II aprovou o Catecismo da Igreja, entregou também a Encíclica “Veritatis Splendor”, sobre algumas questões fundamentais do ensinamento moral da Igreja.
Na introdução, o Papa diz: “amadureceu em
mim (…) uma Encíclica destinada a tratar mais amplamente e
profundamente das questões relativas aos próprios fundamentos da
teologia moral “ (n.5).
E afirmou aos Bispos do mundo inteiro
que o objetivo “é o de preservar a ‘sã doutrina’ (2Tm 4,3), para
debelar aquela que constitui, sem dúvida, uma verdadeira crise, tão
grave são as dificuldades que acarreta à vida moral dos fieis e à
comunhão da Igreja” (n.5).
Diante desta verdadeira crise moral de
nossos dias, o Papa quis colocar o ensinamento da Igreja, com a
assistência que o Espírito Santo lhe garante, quando define as verdades
de fé e de moral, conforme definido no Concílio Vaticano I (1870) e II
(1965).
No centro da “crise”, o Papa vê uma grave “contestação ao patrimônio moral da Igreja”. Ele diz:
“Não se trata de contestações parciais e
ocasionais, mas de uma discussão global e sistemática do patrimônio
moral… Rejeita-se, assim, a doutrina tradicional sobre a lei natural,
sobre a universalidade e a permanente validade dos seus preceitos;
consideram-se simplesmente inaceitáveis alguns ensinamentos morais da
Igreja…”(n. 4).
E chama a atenção para o fato grave de
que “a discordância entre a resposta tradicional da Igreja e algumas
posições teológicas está acontecendo mesmo nos Seminários e Faculdades
eclesiásticas”.
Nas razões que geram esta crise moral, o
Papa vê o questionamento que se faz aos “mandamentos de Deus, que estão
escritos no coração do homem e fazem parte da Aliança, e que têm
capacidade de iluminar as opções cotidianas dos indivíduos e das
sociedades inteiras.”
Ainda no bojo desta crise, o santo Padre
aponta a separação que alguns querem fazer entre a moral e a fé, como se
fosse possível vivê-las de maneira separada; e também uma dicotomia
entre a moral e a verdade do Evangelho.
Para resolver a crise o Papa reafirma:
“A luz da face de Deus resplandece em
toda a sua beleza no rosto de Jesus Cristo, ‘ imagem do Deus invisível’
(Cl 1.15), ‘ resplendor da sua glória’ (Hb 1,3), ‘ cheio de graça e de
verdade’ (Jo 4,6). Por isso, a resposta decisiva a cada interrogação do
homem, e particularmente às suas questões religiosas e morais, é dada
por Jesus Cristo”.
E insiste, com toda ênfase:
“O mistério do homem só se esclarece
verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado. Ele é “o caminho, a
verdade e a vida” (Jo 14,6), e sem Jesus Cristo o homem permanece para
si mesmo um desconhecido, um mistério insondável, um enigma
indecifrável. Sem a verdade de Jesus, “a luz que ilumina todo homem que
vem a este mundo” (Jo 1,9), o homem não é verdadeiramente livre, e não
tem uma consciência esclarecida para viver a vontade de Deus manifesta
nos Mandamentos”.
Quando o jovem perguntou a Jesus:
“Mestre, que devo fazer de bom para entrar na vida eterna?”, Jesus lhe
respondeu: “Cumpre os mandamentos…” (Mt 19,16).
No centro da “crise moral” enfatizada pelo Pontífice, ele revela qual é a sua causa – o homem quer ocupar o lugar de Deus:
“A Revelação ensina que não pertence ao homem o poder de decidir o bem e o mal, mas somente a Deus” (Gen 2,16-17).
Não é lícito que cada cristão queira fazer a fé e a moral segundo o “seu” próprio juízo do bem e do mal.
“A liberdade do homem, diz o Papa,
encontra a sua plena e verdadeira realização na lei moral que Deus dá ao
homem. Deus, que “só é bom”, conhece perfeitamente o que é bom para o
homem, e, devido ao seu mesmo amor, o propõe nos mandamentos” (n. 35).
O remédio para a crise está no que diz o
Papa:“Impõe-se que o homem de hoje se volte novamente para Cristo, a
fim de obter dele a resposta sobre o que é bom e o que é mal. Ele é o
Mestre, o Ressuscitado que possui a vida e que sempre está presente na
sua Igreja e no mundo.”(n. 8)
Ele – Jesus Cristo – é o Esplendor da Verdade.
Prof. Felipe Aquino
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