quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Para não se deixar contagiar pela tentação

18 de Fevereiro de 2014
 

Missa em Santa Marta

A tentação apresenta-se-nos de modo traiçoeiro, contagia todo o ambiente que nos circunda, leva-nos a procurar sempre uma justificação. E no fim faz-nos cair no pecado, fechando-nos numa jaula da qual é difícil sair. Para lhe resistir é preciso ouvir a palavra do Senhor, porque «ele nos espera», dá-nos sempre confiança e abre diante de nós um novo horizonte. É este em síntese o sentido da reflexão do Papa Francisco durante a missa celebrada em Santa Marta esta manhã, terça-feira 18 de Fevereiro.
O Pontífice parte da liturgia do dia, sobretudo da Carta de são Tiago (12-18) na qual o apóstolo «depois de nos ter falado ontem da paciência – observou – nos fala hoje da resistência às tentações que atraem e seduzam». Mas de onde vem a tentação? Como age em nós?

Inicialmente a tentação «começa com um ar tranquilizador»?, mas «depois aumenta. O próprio Jesus o dizia quando contou a parábola do trigo e do joio (Mt 13, 24-30). O grão crescia, mas crescia também o joio semeado pelo inimigo. E assim também a tentação, cresce, cresce, cresce. E se não a bloqueamos, invade tudo». Depois vem o contágio. A tentação «cresce mas não gosta da solidão»; portanto «procura companhia, contagia outro e assim acumula pessoas». Outro aspecto é a justificação, porque nós homens «para estarmos tranquilos justificamo-nos».
A este propósito o Pontífice observou que a tentação se justifica desde sempre, «desde o pecado original», quando Adão dá a culpa a Eva por o ter convencido a comer o fruto proibido. E neste seu crescer, contagiar e justificar-se, ela «fecha-se numa ambiente do qual não se pode sair com facilidade». «Quando caímos em tentação não ouvimos a palavra de Deus. Jesus teve que recordar a multiplicação dos pães para ajudar os discípulos a sair daquele ambiente». Isto acontece – explicou o Pontífice – porque a tentação nos fecha qualquer horizonte «e assim leva-nos ao pecado». Quando caímos em tentação, «só a palavra de Deus, a palavra de Jesus nos salva». Ouvir aquela palavra abre-nos o horizonte», porque «ele está sempre disposto a ensinar-nos como sair da tentação. Jesus é grande porque não só nos faz sair da tentação mas nos dá confiança».
Neste sentido, o Papa recordou o episódio narrado pelo Evangelho de Lucas (22, 31-32) a propósito do diálogo entre Jesus e Pedro, durante o qual o Senhor «diz a Pedro que o diabo queria joeirá-lo»; mas ao mesmo tempo confidencia-lhe que rezou por ele e entrega-lhe uma nova missão: «Quando estiveres convertido, confirma os teus irmãos». Portanto Jesus, disse o Papa, não só nos espera para nos ajudar a sair da tentação, mas confia em nós. E «esta é uma grande força», «porque ele nos abre sempre novos horizontes», enquanto o diabo com a tentação «fecha e faz crescer o ambiente no qual há desarmonia», de modo que, «se procuram justificações acusando-se uns aos outros».
«Não nos deixemos aprisionar pela tentação» foi a exortação do bispo de Roma. Do círculo no qual a tentação nos fecha «só se sai ouvindo a Palavra de Jesus», recordou o bispo de Roma, concluindo: Peçamos ao Senhor que nos diga sempre, como fez com os discípulos, quando caímos em tentação: Pára. Fica tranquilo. Ergue os olhos, olha para o horizonte, não te feches, vai em frente. Esta palavra salvar-nos-á de cair no pecado no momento da tentação».

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