[domtotal]
O mercado é um sistema especializado em achar exceções e fazer com que sejam atendidas.
A exclusão se manifesta quando viramos as costas à sua existência.
Por Alexandre Kawakami*
O poeta francês Charles Baudelaire escrevia (e o cinema espalharia) que o melhor truque do diabo é convencê-lo de que ele não existe. E eu concordo. Concordo porque muitas vezes, algumas idéias são tão demoníacas que apenas ignorar o capeta nos permite aceitá-las sem nos escandalizarmos.
Para mim, não existe uma idéia mais insidiosa, perversa, destrutiva e anti-cristã do que a emitida por Robespierre e depois repetida por Stalin: “Não se pode fazer um omelete sem se quebrar alguns ovos.” Toda a variação e aplicação desta idéia não gerou outra coisa senão morte, injustiça e tragédia na história das nações. E existem várias. Ela se infiltra desonestamente até mesmo nas coisas que refutamos e admiramos: desde o generalizado “ótimo é inimigo do bom”, até a máxima Vulcana (Jornada das Estrelas, para quem gosta) “a necessidade de muitos sobrepõe-se à necessidade de um”.
Obviamente não falo apenas do comunismo e da noção infernal de que o extermínio desta ou daquela classe compensa o paraíso do proletariado. Combater esta idéia é bater em cavalo que já deveria estar morto (mas que vive lépido na cabeça das nossas esquerdas). Penso agora nas formas mais corriqueiras com que o suspiro deste demônio se consubstancia em nossas vidas.
Por exemplo, quando temos de nos contentar com um serviço medíocre como o das empresas de telefonia, de hospitais ou de seguros de saúde, tendo em vista o argumento de que o número de usuários faz com que seja inevitável que alguns problemas não sejam resolvidos. Ou a idéia de que é inevitável que algumas pessoas muito pobres sofram os males da miséria porque não há nada que possa ser feito.
Sempre há algo que pode ser feito. A verdadeira exclusão não se encontra no fato de que existe sempre uma ou várias minorias. A exclusão se manifesta quando viramos as costas à sua existência.
O mercado é um sistema especializado em achar exceções e fazer com que elas sejam atendidas. Aonde existe uma exceção, existe alguém interessado em atendê-la. Até mesmo os mais pobres se beneficiam de um mercado de caridade que a atende, pois trazer conforto a quem dele precisa é um instinto universal, passível de satisfação e rico quando atingido. Disso bem sabem os brasileiros, talvez mais do que qualquer outro povo.
Já o sistema legal é um sistema pobre para atender as exceções. Isso porque uma regra, quando tenta atender a uma exceção, acaba por criar outra. Um juiz , quando aplica uma regra, raras vezes pode chegar a um meio termo de uma situação: tem de tirar de um para dar a outro.
E é por isso que temos de parar de tentar resolver as mazelas do mundo no atacado e passarmos a vê-las no varejo de cada situação que nos cerca.
O poeta francês Charles Baudelaire escrevia (e o cinema espalharia) que o melhor truque do diabo é convencê-lo de que ele não existe. E eu concordo. Concordo porque muitas vezes, algumas idéias são tão demoníacas que apenas ignorar o capeta nos permite aceitá-las sem nos escandalizarmos.
Para mim, não existe uma idéia mais insidiosa, perversa, destrutiva e anti-cristã do que a emitida por Robespierre e depois repetida por Stalin: “Não se pode fazer um omelete sem se quebrar alguns ovos.” Toda a variação e aplicação desta idéia não gerou outra coisa senão morte, injustiça e tragédia na história das nações. E existem várias. Ela se infiltra desonestamente até mesmo nas coisas que refutamos e admiramos: desde o generalizado “ótimo é inimigo do bom”, até a máxima Vulcana (Jornada das Estrelas, para quem gosta) “a necessidade de muitos sobrepõe-se à necessidade de um”.
Obviamente não falo apenas do comunismo e da noção infernal de que o extermínio desta ou daquela classe compensa o paraíso do proletariado. Combater esta idéia é bater em cavalo que já deveria estar morto (mas que vive lépido na cabeça das nossas esquerdas). Penso agora nas formas mais corriqueiras com que o suspiro deste demônio se consubstancia em nossas vidas.
Por exemplo, quando temos de nos contentar com um serviço medíocre como o das empresas de telefonia, de hospitais ou de seguros de saúde, tendo em vista o argumento de que o número de usuários faz com que seja inevitável que alguns problemas não sejam resolvidos. Ou a idéia de que é inevitável que algumas pessoas muito pobres sofram os males da miséria porque não há nada que possa ser feito.
Sempre há algo que pode ser feito. A verdadeira exclusão não se encontra no fato de que existe sempre uma ou várias minorias. A exclusão se manifesta quando viramos as costas à sua existência.
O mercado é um sistema especializado em achar exceções e fazer com que elas sejam atendidas. Aonde existe uma exceção, existe alguém interessado em atendê-la. Até mesmo os mais pobres se beneficiam de um mercado de caridade que a atende, pois trazer conforto a quem dele precisa é um instinto universal, passível de satisfação e rico quando atingido. Disso bem sabem os brasileiros, talvez mais do que qualquer outro povo.
Já o sistema legal é um sistema pobre para atender as exceções. Isso porque uma regra, quando tenta atender a uma exceção, acaba por criar outra. Um juiz , quando aplica uma regra, raras vezes pode chegar a um meio termo de uma situação: tem de tirar de um para dar a outro.
E é por isso que temos de parar de tentar resolver as mazelas do mundo no atacado e passarmos a vê-las no varejo de cada situação que nos cerca.
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito
Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão.
Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da Mont Pelerin
Society, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre
Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.
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