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O mundo perseguido pelo papa Francisco, com inflexível determinação, é o mesmo proclamado pelo Apóstolo Paulo.
Por Geovane Saraiva*
"Dar o pão a quem tem fome é um ato de justiça, mas é preciso saciar a fome de dignidade”. Estas palavras fazem-nos compreender o mundo perseguido pelo papa Francisco e para qual direção estamos caminhando, muitas vezes, na nossa insensibilidade e indiferença, aos clamores da criatura humana, com carência de toda natureza, tudo por causa do dinheiro, transformado em ídolo absoluto. Indo nós, na direção contrária de Jesus de Nazaré, enviado com a inenarrável missão de realizar o projeto do Pai, quando denunciou veementemente o culto ao dinheiro, chamando atenção para a importância da solidariedade como algo inexprimível aos olhos da fé, apoiando-se na Boa Nova da Salvação: "Vos não podeis servir a Deus e ao Dinheiro" (MT 6, 24).
O Sucessor de Pedro tem consciência clara da força dominadora dos bens materiais, sobre a criatura humana e sobre a sociedade como um todo, negando aquilo que existe de mais sagrado, segundo a vontade do Criador e Pai, o ser humano, como absoluto, dentro do mistério insondável de Deus. Daí a sua profecia nesta afirmação: "Estamos nos tornando incapazes de nos compadecer dos clamores dos outros, já não choramos ante o drama dos demais". E acrescenta, como consequência, "enquanto os ganhos de uns poucos crescem exponencialmente, os da maioria ficam cada vez mais afastados do bem-estar dessa minoria feliz". E mais: "Não pode ser que não seja notícia um ancião que morre de frio na rua e que o seja a queda de dois pontos na bolsa. Isso é exclusão. Não se pode tolerar que se atire fora comida quando há gente que passa fome. Isso é iniquidade".
No desejo obstinado de lutar por um mundo, no qual se veja sinais claros de solidariedade, Francisco tem nas suas prioridades, a dor e a angústia dos refugiados, retomando o tema no dia 29 de janeiro de 2014, quando recebeu elogios do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR); aproveitando a circunstância para encorajar cerca de vinte e cinco mil pessoas presentes ao encontro, no sentido de se empenharem diante das necessidades dos refugiados e imigrantes, estabelecendo práticas e princípios em relação aos que solicitam assistência e asilo, bem como as vítimas do tráfico humano e do trabalho escravo.
Peço licença ao Padre Manfredo Oliveira, um dos pensadores da Igreja Católica, respeitado no Brasil e no mundo, que no seu rigor intelectual, nas suas palavras sábias e acertadas, as quais muito nos ajudam a pensar no mundo que Francisco persegue, na seguinte afirmação: "A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano". Apesar de se constatar avanços e sinais evidentes de progressos, nos diversos campos da realidade da vida humana, no bem-estar, saúde e educação, sem esquecer o setor da comunicação.
O mundo perseguido pelo papa Francisco, com inflexível determinação, é o mesmo proclamado pelo Apóstolo Paulo, no qual anuncia que, "a criação está gemendo como em dores de parto" (Rm 8, 22). Ainda de acordo com o filósofo Manfredo Oliveira, entre diversas cifras citadas, o mundo se encontra assim: “Há hoje na Europa 500.000 pessoas infectadas pela AIDS. Através das novas terapias desenvolvidas a mortalidade está em queda livre: a grande maioria destas pessoas viverá à custa destes tratamentos. Na África, porém, são 22 milhões de pessoas infectadas. Aqui não existem praticamente medicamentos assim que a esmagadora maioria destas pessoas morrerá”. Suponhamos que se queira dar à toda a população do mundo uma alimentação razoável (2.700 calorias diárias), água potável e acesso aos recursos da saúde básica. Isto equivalerá aproximadamente ao que os habitantes dos Estados Unidos e da Europa gastam anualmente com perfumes (cf. artigo, fgsaraiva.blogspot.com.br).
Temos consciência de que não é fácil dizer não ao ídolo do dinheiro. O nosso mundo é profundamente marcado por esta loucura, em cujo objetivo é divinizar, sempre e cada vez mais o mercado. As palavras do bispo de Roma como ajudam a compreender a realidade do mundo atual, na seguinte assertiva: "A cultura do bem-estar anestesia as pessoas, a ponto de perder a calma se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas essas vidas mutiladas pela falta de possibilidades nos parecem um espetáculo que de nenhuma forma nos altera”. Ademais, pense num mundo todo envolvido pela ambição do ter, prazer e poder! Não esquecendo-nos que nesta direção, embarcam no mesmo caminho a corrupção, de um modo generalizado. Eis, pois, os enormes desafios.
A exemplo dos profetas do todos os tempos, suplicamos a Deus Nosso Senhor, neste tempo da Quaresma, o qual favorece a conversão interior, que através da voz da Igreja, convidado-nos a uma mudança de mentalidade; para tal, propõe a CF 2014 e neste ano com o tema: Fraternidade e Tráfico Humano. Que Deus nos dê a graça da docilidade, associados ao Papa Francisco, na sua inflexível luta por mundo solidário e mais justo, verdadeiramente de irmãos, longe do comércio de seres humanos, tendo diante dos olhos, na mente e no coração o lema da CF: "É para a liberdade que o Cristo nos libertou" (Gl 5, 1). Assim seja!
"Dar o pão a quem tem fome é um ato de justiça, mas é preciso saciar a fome de dignidade”. Estas palavras fazem-nos compreender o mundo perseguido pelo papa Francisco e para qual direção estamos caminhando, muitas vezes, na nossa insensibilidade e indiferença, aos clamores da criatura humana, com carência de toda natureza, tudo por causa do dinheiro, transformado em ídolo absoluto. Indo nós, na direção contrária de Jesus de Nazaré, enviado com a inenarrável missão de realizar o projeto do Pai, quando denunciou veementemente o culto ao dinheiro, chamando atenção para a importância da solidariedade como algo inexprimível aos olhos da fé, apoiando-se na Boa Nova da Salvação: "Vos não podeis servir a Deus e ao Dinheiro" (MT 6, 24).
O Sucessor de Pedro tem consciência clara da força dominadora dos bens materiais, sobre a criatura humana e sobre a sociedade como um todo, negando aquilo que existe de mais sagrado, segundo a vontade do Criador e Pai, o ser humano, como absoluto, dentro do mistério insondável de Deus. Daí a sua profecia nesta afirmação: "Estamos nos tornando incapazes de nos compadecer dos clamores dos outros, já não choramos ante o drama dos demais". E acrescenta, como consequência, "enquanto os ganhos de uns poucos crescem exponencialmente, os da maioria ficam cada vez mais afastados do bem-estar dessa minoria feliz". E mais: "Não pode ser que não seja notícia um ancião que morre de frio na rua e que o seja a queda de dois pontos na bolsa. Isso é exclusão. Não se pode tolerar que se atire fora comida quando há gente que passa fome. Isso é iniquidade".
No desejo obstinado de lutar por um mundo, no qual se veja sinais claros de solidariedade, Francisco tem nas suas prioridades, a dor e a angústia dos refugiados, retomando o tema no dia 29 de janeiro de 2014, quando recebeu elogios do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR); aproveitando a circunstância para encorajar cerca de vinte e cinco mil pessoas presentes ao encontro, no sentido de se empenharem diante das necessidades dos refugiados e imigrantes, estabelecendo práticas e princípios em relação aos que solicitam assistência e asilo, bem como as vítimas do tráfico humano e do trabalho escravo.
Peço licença ao Padre Manfredo Oliveira, um dos pensadores da Igreja Católica, respeitado no Brasil e no mundo, que no seu rigor intelectual, nas suas palavras sábias e acertadas, as quais muito nos ajudam a pensar no mundo que Francisco persegue, na seguinte afirmação: "A adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano". Apesar de se constatar avanços e sinais evidentes de progressos, nos diversos campos da realidade da vida humana, no bem-estar, saúde e educação, sem esquecer o setor da comunicação.
O mundo perseguido pelo papa Francisco, com inflexível determinação, é o mesmo proclamado pelo Apóstolo Paulo, no qual anuncia que, "a criação está gemendo como em dores de parto" (Rm 8, 22). Ainda de acordo com o filósofo Manfredo Oliveira, entre diversas cifras citadas, o mundo se encontra assim: “Há hoje na Europa 500.000 pessoas infectadas pela AIDS. Através das novas terapias desenvolvidas a mortalidade está em queda livre: a grande maioria destas pessoas viverá à custa destes tratamentos. Na África, porém, são 22 milhões de pessoas infectadas. Aqui não existem praticamente medicamentos assim que a esmagadora maioria destas pessoas morrerá”. Suponhamos que se queira dar à toda a população do mundo uma alimentação razoável (2.700 calorias diárias), água potável e acesso aos recursos da saúde básica. Isto equivalerá aproximadamente ao que os habitantes dos Estados Unidos e da Europa gastam anualmente com perfumes (cf. artigo, fgsaraiva.blogspot.com.br).
Temos consciência de que não é fácil dizer não ao ídolo do dinheiro. O nosso mundo é profundamente marcado por esta loucura, em cujo objetivo é divinizar, sempre e cada vez mais o mercado. As palavras do bispo de Roma como ajudam a compreender a realidade do mundo atual, na seguinte assertiva: "A cultura do bem-estar anestesia as pessoas, a ponto de perder a calma se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas essas vidas mutiladas pela falta de possibilidades nos parecem um espetáculo que de nenhuma forma nos altera”. Ademais, pense num mundo todo envolvido pela ambição do ter, prazer e poder! Não esquecendo-nos que nesta direção, embarcam no mesmo caminho a corrupção, de um modo generalizado. Eis, pois, os enormes desafios.
A exemplo dos profetas do todos os tempos, suplicamos a Deus Nosso Senhor, neste tempo da Quaresma, o qual favorece a conversão interior, que através da voz da Igreja, convidado-nos a uma mudança de mentalidade; para tal, propõe a CF 2014 e neste ano com o tema: Fraternidade e Tráfico Humano. Que Deus nos dê a graça da docilidade, associados ao Papa Francisco, na sua inflexível luta por mundo solidário e mais justo, verdadeiramente de irmãos, longe do comércio de seres humanos, tendo diante dos olhos, na mente e no coração o lema da CF: "É para a liberdade que o Cristo nos libertou" (Gl 5, 1). Assim seja!
*Geovane Saraiva é padre da
Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado
Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de
Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as
Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom
Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.
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