ihu - Deus é somente bom. O mal,
no entanto, existe. Quem o criou? A resposta a essa pergunta é bastante
incerta por parte dos três monoteísmos, mas, se Deus criou tudo o que
existe, e se o mal existe, a lógica concluiria que Deus também criou o
mal. Ou senão quem?
A reflexão é de Eugenio Scalfari, em artigo publicado no jornal La Repubblica, 07-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Agradeço a Riccardo Di Segni pela gentil citação que faz dos meus inúmeros artigos sobre o Papa Francisco e o diálogo que tive com o pontífice em setembro passado. Mas o agradeço, sobretudo, pela contribuição que fornece na sua carta aqui publicada.
Como sabemos e como o artigo do rabino de Roma
confirma, o judaísmo também teve a sua evolução com o passar do tempo;
as religiões se adaptam às mudanças da sociedade nas quais estão
presentes e ainda mais aquele "povo eleito" que esteve na origem do
monoteísmo e, dispersando-se na diáspora no primeiro século da era
cristã, levou as suas escrituras e a sua visão religiosa para toda a Ásia Menor, para toda a África setentrional, para toda a Europa do leste ao oeste e, enfim, mais recentemente, para a América do Norte.
Depois de infinitas perseguições, o genocídio do Holocausto provocou o horror, a solidariedade e o respeito do mundo inteiro e permanecerá sempre na nossa memória e dos nossos filhos.
Acrescento a essas considerações uma notícia pessoal que talvez poderá interessar Di Segni:
eu fiquei sabendo apenas há alguns anos que tenho dentro de mim uma
derivação judaica por parte materna; a família da minha mãe se chamava e
se chama Fanuel, judeus sefarditas estabelecidos na Itália
há alguns séculos, muitos dos quais se converteram à religião católica
no século XVIII, e alguns deles fervorosamente crentes, como minha mãe e
minha avó.
Dito isso, o rabino de Roma coloca algumas questões
que merecem uma resposta. Acima de tudo, ele faz uma pergunta a mim,
pessoalmente: eu me declaro e sou um não crente, mas – diz ele – o não
crente também crê em alguma coisa. Em que eu acredito?
Eu respondo brevemente assim, como também respondi ao Papa Francisco
no nosso encontro impresso depois em um livro de dupla assinatura: eu
não acredito que haja um Além onde as almas dos indivíduos humanos
continuam vivendo de algum modo; não acredito em nenhuma divindade; não
acredito que as nossas pessoas sejam compostas de um corpo mortal e de
uma essência imortal chamada alma; não acredito que o nosso trânsito
terreno tenha um "sentido último".
Acredito que tenha um sentido no Aquém se o indivíduo em questão
considera dá-lo, o que muitas vezes não acontece. E isso é tudo acerca
da minha não crença. Eu deveria me delongar muito mais sobre os aspectos
filosóficos e até científicos da minha não crença; falei a respeito
amplamente em alguns dos meus livros; um artigo de jornal não é o âmbito
adequado para a necessidade.
Passo agora a algumas observações do meu interlocutor sobre o Papa Francisco
e sobre a Igreja Católica em relação à religião judaica. Sobretudo
sobre o tema do amor, da justiça, da misericórdia, do pecado.
Historicamente, existem três religiões monoteístas,
que, em ordem de sua aparição, veem o judaísmo no primeiro lugar, o
cristianismo no segundo, e o islamismo no terceiro. Todas as três
acreditam em um só Deus, que, para todas as três, não tem um nome
pronunciável e, de fato, não deve ser nomeado. Deus é Deus, e ponto
final. Ele criou o Universo e todas as coisas existentes.
As "sagradas escrituras", que cada um dos três monoteísmos produziu
como relatos e também como leis para se obedecer e regras para adequar
os próprios comportamentos, atribuem a Deus uma série de potencialidades
que não variam muito entre uma e outra, mesmo que tenham se modificado
notavelmente ao longo dos séculos. O Deus monoteísta é amado,
respeitado, rezado, e os seus fiéis o consideram eterno, onipotente,
onisciente, onipresente. Também acreditam que ele é justo,
misericordioso, severo com os malvados, amoroso com os bons. Quem não
respeita as leis divinas e as regras provenientes das "escrituras"
comete pecado, mas, se e quando se arrepende, é perdoado. Essa é a
essência dos três monoteísmos.
Como não crente, eu observo: as potencialidades do Deus monoteísta
não são possuídas pelos homens, mas são por todos desejadas: nós
queremos ardentemente ser eternos, onipotentes, oniscientes e
onipresentes. Não o somos e, por isso, atribuímos a Deus o que
gostaríamos para nós.
Atribuímos-lhe tipicamente sentimentos nossos: amor, justiça, ira,
perdão, misericórdia. O mal, não; Deus é somente bom. O mal, no entanto,
existe. Quem o criou? A resposta a essa pergunta é bastante incerta por
parte dos três monoteísmos, mas, se Deus criou tudo o que existe, e se o
mal existe, a lógica concluiria que Deus também criou o mal. Ou senão
quem?
Desse brevíssimo resumo, é claro para mim que o Deus monoteísta é
profundamente antropomórfico, isto é, criado pela fantasia dos homens.
Mas essa é precisamente uma das causas de não crença.
Enfim: os católicos reconheceram tem tempos recentes que os judeus
não foram deicidas, não foram eles que condenaram Jesus Cristo. A Igreja
se arrependeu de ter afirmado isso e também de ter perseguido os
judeus. Esse certamente é um progresso: os papas mais recentes e
especialmente João XXIII, Paulo VI, Wojtyla, Ratzinger e Bergoglio declararam que os judeus são os nossos "irmãos mais velhos", e o seu Deus é também o nosso. O Papa Bergoglio até disse no nosso diálogo acima citado que "Deus não é católico porque é universal".
Essa conscientização é certamente louvável, mas a religião judaica
não contempla o Deus trinitário e muito menos a islâmica. O Deus cristão
é um Deus uno e trino, e Jesus de Nazaré é uma
articulação chamada Filho. Mas judeus e muçulmanos não contemplam nenhum
Filho, muito menos um Filho encarnado. Os judeus creem que um Messias
virá, mensageiro do Deus único, que anunciará a chegada iminente do
Reino dos justos.
Até mesmo os cristãos, em uma primeira fase da pregação de Jesus, pensaram que o seu mestre era o Messias, mas os judeus ainda esperam o Messias, e quanto a Jesus de Nazaré
não estão nem certos de que ele jamais existiu. Não têm a prova disso,
nem nunca a procuraram. Com efeito, essa prova não existe, senão nos
Evangelhos.
Como não crente, tudo isso não diz respeito a mim, mas, ao invés, me
dizem respeito os valores que as religiões contêm, me diz respeito a
função social das religiões, a sua influência sobre os comportamentos e
sobre os sentimentos das pessoas. Por isso, vejo de modo muito positivo a
ação inovadora do Papa Francisco e a reaproximação
entre as religiões, quando renunciam à imagem de um Deus que seja
bandeira de superioridade, de fundamentalismo e até mesmo de guerra como
muitas vezes ocorreu no passado e como ainda ocorre nos fanáticos que
praticam o terrorismo em nome de um Deus cruel. Os terroristas o
transformaram em um demônio que traz massacres e ruínas.
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jbpsverdade: Não convém a nós criaturas ficarmos questionando os mistérios de Deus, Ele é soberano. Sabemos através da Palavra e o próprio Espírito Santo nos confirma que Deus criou o homem como também os anjos à Sua imagem e semelhança, isto é, livre.
Existem coisas ocultas ao nosso conhecimento que só dizem respeito ao Criador, eu não posso ficar tentando entender aquilo que não irá me edificar para a vida de santidade, convém sim, que obedeçamos ao Senhor independente de qualquer coisa, ademais, a Palavra de Deus nos diz o seguinte: O que está oculto pertence ao Senhor, nosso Deus; o que foi revelado é
para nós e para nossos filhos, para sempre, a fim de que ponhamos em
prática todas as palavras desta lei. (Dt 29, 29), tem gente que procura querer entender como é o mistério de que Deus sempre existiu, não teve começo e nem terá fim, existe pessoas que perguntam: O que Jesus Cristo fez dos 12 aos 30 anos? Eu digo isto porque já me fizeram esta pergunta e insistiram para que eu mostrasse na bíblia e explicasse. E eu li o versículo acima e com isso pude silenciá-lo.
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