Completa-se neste 13 de março um ano do solene Habemus Papam que
anunciava a eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio para a Sé de São
Pedro. Após o grande Pontífice que foi Bento XVI, o Paráclito conduziu o
Sacro Colégio de Cardeais a eleger para o Papado o primeiro
latino-americano da história, vindo das terras argentinas.
Era por volta das 20 horas e 30 minutos no horário de Roma, quando o
Cardeal Proto-Diácono da Igreja Romana, Jean-Louis Tauran, surgiu no
balcão da monumental Basílica, construída nas Colinas Vaticanas sobre os
restos mortais de São Pedro, para anunciar a eleição de seu 265°
sucessor dele. O locutor, um francês de 69 anos, debilitado pelo mal de
parkison, com o qual luta desde 2012, possuía uma voz fraca e aparência
frágil. Seu anúncio em nada se comparou com o vigor e a solenidade do Habemus Papam
de 2005, quando o chileno Jorge Arturo Medina, depois de saudar os
fiéis em diversos idiomas, anunciou a eleição de Joseph Ratzinger.
O "Dominum Georgium Marium [...] Cardinalem Bergoglio" ressoou
tão tímido que demorou para que nos déssemos conta da eleição de um
Pontífice do terceiro mundo. Fora escolhido o primeiro Papa argentino da
história; um fato inédito que marcaria para sempre a vida eclesial.
Inusitado também era o fato que pela primeira vez o "Papa branco e o
'papa negro'" eram, ambos, jesuítas. A Companhia de Jesus, fundada por
Santo Inácio de Loyola, legava seu primeiro filho a Sé Petrina.
Ao som da Hino Pontifício, sem murça ou estola, surgiu o novo Papa. Ele
parecia mais assustado que a própria nação católica que acolhia a sua
inesperada eleição. No primeiro discurso, ladeado pelo brasileiro
Cláudio Hummes, ele falou da necessidade da oração, da fraternidade e
rezou pelo seu antecessor, Bento XVI.
Irmãos e irmãs, boa noite!
Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma.
Parece
que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo…
Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma
tem o seu Bispo. Obrigado!
E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo Emérito Bento XVI.
Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.
E agora iniciamos este caminho,
Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside
a todas as Igrejas na caridade.
Um
caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos
sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma
grande fraternidade.
Espero
que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o
meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização
desta cidade tão bela!
E agora quero dar a bênção, mas
antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo,
peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do
povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo.
Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.
Depois
ele se inclinou e permaneceu em silêncio por alguns segundos. Concedeu a
todos a bênção Urbi et Orbe e despediu a todos dizendo:
"Boa noite, e bom descanso!"
Ao ouvir suas primeira palavras, lembrávamos da caridade pastoral de João XXIII, quando do balcão de seu apartamento pontifício proferiu o famoso "discurso da lua", no qual dizia: "ao voltar para casa, encontrareis as criançinhas; fazei-lhes um carinho e dizei-lhes que este é o carinho do Papa".
Mas nos interrogávamos ainda acerca do sugestivo nome escolhido pelo Romano Pontífice: Francisco.
Seria o santo de Assis, a quem Deus mandou "reformar a Sua Igreja"? Ou
seria o seu confrade Xavier, missionário incansável? A questão não
demorou a ser respondida. O Papa alegou que quando foi eleito, estava ao
seu lado o antigo Prefeito da Congregação para o Clero e Arcebispo
Emérito de São Paulo, Dom Claudio Hummes, O.F.M., gaúcho de Salvador do
Sul, que disse: "não se esqueça dos pobres". O recém eleito, movido pelo
Espírito Santo, decidiu chamar-se Francisco, que através da
radicalidade do Evangelho viveu a pobreza, sendo o "mínimo dos
mínimos".
Apesar da brevidade do seu pontificado, é esta marca que tem predominado: "uma Igreja pobre para os pobres". O
Papa tem um estilo pessoal de vida bastante austero e simples. Se
percebe que ele não gosta dos ditos "formalismos" e "protocolos"
vaticanos. Desde os primeiros dias, não fez uso do apartamento
pontifício, mas, de um quarto na Casa Santa Marta, onde celebra missa
"pública" todas as manhãs.
O Papa, supremo pastor da Igreja, tem governado com sabedoria a sua grei. No que tange a liturgia e os hábitos pessoais, vemos sua simplicidade e simpatia, vindas de sua própria personalidade, razão pela qual, como dissemos anteriormente, ele não é nenhum terrorista litúrgico, como se poderia imaginar. Antes, é um homem fiel, que tem guiado com caridade pastoral a Igreja de Cristo.
Francisco é um homem que tem palavras objetivas e claras, sem maiores
"rodeios". Lamentamos, porém, que seus discursos e falas sejam
instrumentalizados por alguns, em favor de ideologias e de vertentes
teológicas que não correspondem às verdades evangélicas e as
necessidades do mundo e da Igreja na sociedade contemporânea.
Pedro, nosso pai comum, tem se mostrado um verdadeiro artífice de uma nova cultura, onde brilhará as riquezas do Evangelho e da salvação, longe de carreirismos e extremismos. O Papa nos governa na caridade e no amor, na proximidade e na "cultura do encontro".
Somos gratos a Deus por tão grande dom de Sua providência à Igreja. "Omnes cum Petrus, ad Iesum, per Mariam". Que o Santo Padre Francisco nos governe por longos anos, e que viva tanto ou mais que Pedro!
Obrigado, Santo Padre!
Pedro, nosso pai comum, tem se mostrado um verdadeiro artífice de uma nova cultura, onde brilhará as riquezas do Evangelho e da salvação, longe de carreirismos e extremismos. O Papa nos governa na caridade e no amor, na proximidade e na "cultura do encontro".
Obrigado, Santo Padre!
Nenhum comentário:
Postar um comentário