[cleofas]
16 de maio de 2014
Ir
à missa é ir para o céu, onde “Deus… enxugará toda lágrima” (Ap
21,3-4). Porém, o céu é ainda mais do que isso. O céu é onde nos
colocamos sob julgamento, onde nos vemos na clara luz matinal do dia
eterno e onde o justo juiz lê nossas obras no livro da vida. Nossas
obras nos acompanham quando vamos à missa.
Ir à missa é renovar nossa aliança com Deus, como em uma festa de
núpcias – pois a missa é o banquete das núpcias do Cordeiro. Como em um
casamento, fazemos votos, comprometemo-nos, assumimos uma nova
identidade. Mudamos para sempre.
Ir à missa é receber a plenitude da graça, a própria vida da
Trindade. Nenhum poder no céu ou na terra nos dá mais do que recebemos
na missa, pois recebemos Deus em nós mesmos.
Jamais devemos subestimar essas realidades. Na missa, Deus nos dá sua
própria vida. Isso não é apenas uma metáfora, um símbolo ou uma
antecipação. Precisamos ir à missa com os olhos e ouvidos, mente e
coração abertos à vontade que está diante de nós, a verdade que se eleva
como incenso. A vida de Deus é uma dádiva que precisamos receber
apropriadamente e com gratidão. Ele nos dá graça como nos dá fogo e luz.
Fogo e luz, mal usados, podem nos queimar ou cegar. De modo semelhante,
a graça recebida indignamente sujeita-nos a julgamento e a
consequências muito terríveis.
Em toda missa, Deus renova sua aliança com cada um de nós, colocando
diante de nós a vida e a morte, a benção e a maldição. Precisamos
escolher a bênção para nós e rejeitar a maldição, e precisamos fazer
isso desde o início.
A partir do momento em que entra na igreja, você se coloca sob
juramento. Ao mergulhar os dedos na água benta, você renova a aliança
que eu iniciou com seu Batismo. Talvez você tenha sido batizado quando
bebê; seus pais tomaram a decisão por você. Mas agora, com esse simples
movimento, você toma a decisão por si mesmo. Toca com a água benta a
fronte, o coração, os ombros e os persigna como “nome” com que foi
batizado. Relacionada com esse movimento, está sua rejeição a Satanás e a
todas as suas pompas e obras.
Ao fazer isso, você comprova, dá testemunho, como o faria no
tribunal. No tribunal, a testemunha põe em jogo sua pessoa, sua
reputação e seu futuro. Se não disser a verdade, toda a verdade e nada
mais que a verdade, sabe que sofrerá sérias consequências.
Também você está sob juramento. Não se esqueça: a palavra latina
sacramentum significa, literalmente, “juramento”. Quando faz o
sinal-da-cruz, você renova o sacramento do Batismo, desse modo renovando
sua obrigação de corresponder aos direitos e deveres da nova aliança.
“Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com todo o teu ser,
com todas as tuas forças”; “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Você jura, de modo especial, dizer a verdade durante esta missa, pois
este é o tribunal do céu; aqui, Deus abre o livro da vida; aqui, você
ocupa o banco das testemunhas. Muitas e muitas vezes durante a missa
você diz “AMÉM”, a palavra aramaica que transmite consentimento e
conformidade: Sim! Assim seja! De verdade! “Amém” é mais que resposta; é
compromisso pessoal. Quando diz “Amém”, você compromete sua vida,
portanto é melhor ser sincero.
Assim, na missa, você não é mero espectador. É participante. É sua a aliança que Jesus em pessoa vai renovar .
Texto retirado de uma bela obra de *Scott Hahn, chamada “O banquete
do Cordeiro” na qual ele relata o começo de sua experiência ainda como
calvinista quando foi a estudo participar da Santa Missa.
*HAHN, S. O banquete do Cordeiro: a missa segundo um convertido. 11ª edição. São Paulo: Ed. Loyola, 2009.
*Um dos livros de Scott Hahn, um renomado professor de teologia e de
Escritura na Universidade Franciscana em Steubenville, nos Estados
Unidos, fundador e dirigente do Institute off Applied Biblical Studies, é
o “Banquete do Cordeiro”, no qual revela um segredo duradouro da
Igreja: a chave dos cristãos para entender os mistérios da missa.
O autor explora o mistério da Eucaristia com os olhos novos e fala da
missa como um poderoso dama sobrenatural, no qual o sacrifício real do
Cordeiro traz o céu à terra. Hahn era protestante calvinista e quando se
pôs a estudar sobre a vida dos primeiros cristãos, se aproximou da
Eucaristia.
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