"De madrugada, ainda escuro, [Jesus] foi para um lugar solitário e ali Se pôs em oração". (Mc 1,35)
A oração une a alma a Deus. Mesmo que a nossa alma, pela sua
natureza, se assemelhe sempre a Deus, restaurada que foi pela Graça, de fato
ela é-Lhe muitas vezes dissemelhante por causa do pecado. A oração testemunha
então que a alma deveria querer o que Deus quer; reconforta a consciência; torna-nos
aptos a receber a graça.
Deus ensina-nos, assim, a rezar com uma confiança firme de
que receberemos aquilo que pedimos em oração; porque Ele olha-nos com Amor e
quer associar-nos à Sua vontade e às Suas ações benfazejas. Incita-nos, assim,
a rezar para que seja feita a Sua vontade […]; parece dizer-nos: «Que Me
poderia satisfazer mais do que ouvir uma súplica fervorosa, sábia e insistente
para que os Meus desígnios se cumpram?».
Portanto, pela oração, a alma entra em concordância com
Deus. Mas quando, pela Sua graça e a Sua cortesia, Nosso Senhor se revela à
nossa alma, então obtemos o que desejamos. Nesse momento já não conseguimos ver
que mais poderíamos pedir. Todo o nosso desejo, toda a nossa força, estão
inteiramente concentrados n’Ele, para O contemplar. Parece-me ser uma oração
muito alta, impossível de sondar.
O objetivo da nossa oração é estarmos unidos, pela visão e
pela contemplação, Àquele a quem rezamos, com uma alegria maravilhosa e um
temor respeitoso, numa doçura e delícia tão grandes que, nesses momentos, não
podemos rezar senão como Ele nos conduz a fazê-lo.
Bem sei que, quanto mais Deus se revela a uma alma, mais ela
tem sede d’Ele, pela Sua graça; mas, quando não O vemos, sentimos a necessidade
e a urgência de rezar a Jesus, por causa da nossa fraqueza e da nossa
incapacidade.”
Santa Juliana de Norwich,
"Revelações do Amor Divino", cap. 43
Colaborador: Robert - Duto Engenharia
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