[domtotal]
Nunca esqueçamos que a gentileza e a amizade são sempre mais poderosas que a fúria e a força.
É importante ser prestativo e interessar-se pelo bem dos outros.
Por Dom Luciano Bergamin*
"O sol e o vento discutiam sobre qual
dos dois era mais forte. O vento disse: 'Provarei que sou mais forte. Vê
aquela mulher com um lenço azul no pescoço? Aposto como posso fazer com
que ela tire o lenço mais depressa que você'. O sol aceitou a proposta e
recolheu-se atrás de uma nuvem. O vento começou a soprar até quase se
tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava, mais a mulher segurava o
lenço junto a si. Finalmente, o vento acalmou-se e desistiu de soprar.
Logo após, o sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para a
mulher. Imediatamente esfregou o rosto e tirou o lenço do pescoço. O sol
disse, então, ao vento: 'Lembre-se disso: A gentileza e a amizade são
sempre mais poderosas que a fúria e a força'".
O tema central da Assembleia dos Bispos
do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida desde o início de maio,
busca rever o texto “Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia”.
Muitas sugestões foram enviadas à Comissão encarregada de redigir o
texto. Sem dúvida outras aparecerão durante o debate, de tal maneira que
o texto final aprovado será realmente o fruto do empenho geral e se
tornará ferramenta prática e útil para a vivência cristã evangelizadora,
missionária e solidária da Igreja.
Certamente em primeiro lugar está a ação
do Espírito Santo, ao qual devemos ser fiéis e obedientes. De fato, os
escritos do Novo Testamento insistem que tudo é graça. Mas, ao mesmo
tempo, declaram que nossa contribuição de discípulos missionários é
indispensável.
Refletindo sobre isto, compreendo, cada
vez mais, como nossas atitudes comunitárias, para sermos realmente esta
Igreja Nova que o Papa define “Em saída”, devem ser permeadas de muita
“Humanidade e Misericórdia”.
Por isso, de maneira muito simples,
desejo apontar algumas atitudes bem “humanas”, mas, que são também bem
“cristãs”, indispensáveis para que os relacionamentos comunitários sejam
possíveis:
1ª: Conversar com as pessoas. É bom
dialogar com os outros, a fim de conhecê-los melhor, transmitindo
acolhida e amizade. Ser discípulo é estar “em saída” de si mesmo na
busca do outro.
2ª: Sorrir às pessoas. Cara amarrada não
leva ninguém para o céu! Papa Francisco insiste que o evangelizador não
pode ter “cara de funeral”.
3ª: Ser cordial e simples. Nada de
imposição, egoísmo, autoritarismo, orgulho e exigências descabidas. Com
cordialidade se conquista o coração das pessoas.
4ª: Ser prestativo, disponível,
interessar-se pelo bem dos outros. Deus a todos concede dons e
qualidades, não para que fiquem enterrados e estéreis, mas para que
sejam colocadas a serviço de quem precisar. Como é maravilhoso escutar
de alguém: “Conte comigo. Farei todo o possível para lhe auxiliar!”. Por
outro lado, como é triste ouvir: “Tiro meu corpo fora, pois não tenho
nada a ver com isto! Problema seu”.
5ª: Respeitar os sentimentos dos outros.
Deus nos fez diferentes, mas complementares. Por isso não podemos nos
impor a todo custo sobre os demais. O irmão respeita o irmão assim como
ele é. Há introvertidos e extrovertidos, tímidos e corajosos, falantes e
calados... Todos merecem respeito, atenção e carinho.
6ª: Saber elogiar, animar e incentivar.
Como é bom reconhecer o valor dos outros, seus dotes e capacidades! Esta
valorização deve ser sincera e autêntica, de tal forma que ajudará
bastante para criar um clima de verdadeira comunhão, capaz de somar
forças pelo crescimento do reinado de Deus e de comunidades mais
fraternas e corresponsáveis.
7ª: Saber perdoar e pedir perdão.
Somente Deus é totalmente santo, perfeito e nunca erra. Todos nós
caminhamos rumo à santidade, mas ainda somos imperfeitos, pecadores e
falhamos tantas vezes. Pedir e dar perdão com sinceridade nos é tão
necessário quanto o pão cotidiano. Uma comunidade onde os membros são
incapazes de exercer o perdão nunca será realmente uma “família de
Deus”.
Que a Sagrada Família de Nazaré, exemplo
para todas as famílias e comunidades cristãs, nos ajude a termos para
com todas as pessoas relacionamentos fraternos, educados e construtivos.
Nunca esqueçamos que a gentileza e a amizade são sempre mais poderosas
que a fúria e a força.
*Dom Luciano Bergamin é bispo da Diocese de Nova Iguaçú (RJ).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Só será aceito comentário que esteja de acordo com o artigo publicado.