A matéria abaixo tem relação com as seguintes matérias já publicadas aqui,isto é,
Veja a matéria que revela a mentira logo abaixo:
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Certa imprensa aproveita a Semana Santa para veicular noticiário por
vezes ofensivo e enviesado contra a Paixão, Morte e Ressurreição de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em 2014, talvez carente de argumentos científicos, o ritornelo
anticristão voltou a agitar um antigo fragmento de papiro,
desprestigiado nos meios acadêmicos. Nele está escrito que Nosso Senhor
se casou com Maria Madalena, como na novela já muitas vezes refutada de Dan Brown, o “Código da Vinci”.
O pedaço de papiro antigo já foi apresentado em 2012 pela
historiadora Karen King, da Harvard Divinity School, dos EUA, noticiou a
G1.
O fragmento pode ser do século VI, do IX, ou até do II, segundo os
testes de radiocarbono e uma análise da tinta por espectroscopia
Micro-Raman, realizados nas universidades de Columbia, Harvard e no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
A própria professora Karen reconhece que a antiguidade do fragmento não prova a suposição que ela fez sobre Jesus Cristo.
Karen também distingue que a data do documento – escrito séculos
depois da morte de Jesus – significa que o autor não O conheceu
pessoalmente.
Com pirueta verbal, arrisca a hipótese de que a diminuta fração seria
parte de um “outro evangelho”. Mas confessa que a aparência bruta e os
erros gramaticais do papiro sugerem que o escritor tinha apenas uma
educação elementar.
Especialistas desqualificam achado
Para o professor de egiptologia Leo Depuydt, da Universidade Brown, autor de artigo publicado na “Harvard Theological Review”, o documento é uma grossa falsidade.
“O fragmento do papiro parece perfeito para um esquete do Monty Python [famoso grupo de comediantes britânicos]”, declarou o prof. Depuydt.
Depuydt apontou erros gramaticais e o fato de as palavras “minha
esposa” parecerem ter sido enfatizadas em negrito, o que não é usado em
outros textos antigos na língua copta.
Para acúmulo de desmerecimento, a professora King disse que não podia
dar a conhecer como é que um documento tão antigo chegou às suas mãos.
Apenas disse que o dono mora nos Estados Unidos e pediu para não se
identificar. A análise da procedência do fajuto papiro é um passo básico
para estudar documentos deste tipo.
Vaticano: “trôpega falsificação”
Por sua vez, já em 2012, o jornal vaticano “L’Osservatore Romano”
havia desmentido a autenticidade desse papiro, informou então o G1.
O professor italiano Alberto Camplani, especialista em língua copta e
professor de História do Cristianismo na Universidade La Sapienza de
Roma, a maior da capital italiana, analisou o papiro recuperado pela
professora Karen King e desfez cientificamente as fantasias.
O Prof. Camplani mostrou que a Profa. Karen apresenta o papiro como
do século IV, mas que o texto poderia ter sido escrito no século II
quando, segundo ela, “se debatia sobre se Jesus foi casado”.
O Prof. Camplani apontou em primeiro lugar como suspeita a origem do
texto. Pois, “ao contrário de outros papiros, não foi descoberto em uma
escavação, mas provém de um mercado de antiguidades”. Sem se conhecer a
origem primeira de um objeto arqueológico, de início “é preciso adotar
precauções”, disse ele.
A seguir, o especialista mostrou as imprecisões tendenciosas
dos argumentos da Profa. Karen na hora de interpretar o escrito. Ela
propõe vê-lo não como uma prova do estado conjugal de Jesus, mas como
uma tentativa de fundar uma visão positiva do casamento cristão.
“Mas não é assim, trata-se de expressões totalmente metafóricas, que simbolizam a consubstancialidade espiritual entre Jesus e seus discípulos, que são amplamente divulgadas na literatura bíblica e na cristã primitiva”, explicou o Prof. Camplani.
O Vaticano possui a maior e mais consultada coleção de manuscritos
antigos relativos à vida de Jesus, sejam eles autênticos, duvidosos ou
falsos, e os disponibiliza para os estudiosos de outras religiões. Desta
maneira, é a maior e mais inconteste autoridade na matéria.
O jornal vaticano sublinhou que, de todos os modos, trata-se de um documento “falso”.
Também ressaltou as condições em que a historiadora americana
preparou o anúncio, visando ao sensacionalismo publicitário, “sem deixar
nada ao acaso: imprensa americana avisada e entrevista coletiva prévia
de King para preparar a exclusiva mundial, que, no entanto, foi posta em
dúvida pelos especialistas”.
Segundo o jornal da Santa Sé, “razões consistentes” fazem pensar que o
papiro seja uma “trôpega falsificação, como tantas que chegam do
Oriente Médio”, e que as frases nada têm a ver com Jesus.
Revista especializada pede melhores provas e Karen passa “vergonha”
Os resultados da descoberta anunciada em 2012 pela Profa. King
deveriam ser publicados na edição de janeiro de 2013 da revista
científica “Harvard Theological Review”.
Mas esta decidiu adiar a publicação, pedindo análises laboratoriais
independentes e mais detalhadas que comprovem a sua autenticidade,
segundo o diretor de comunicação da Faculdade de Teologia de Harvard,
Kit Dogson.
Na opinião de Hershel Shanks, da Sociedade de Arqueologia Bíblica, nessas condições, a retirada do documento da lista de publicações é “vergonhosa”.
Hershel Shanks é fundador e editor da conceituada “Biblical Archaeology Review” e escreveu vários livros sobre “Arqueologia Bíblica”, como Mistério e significado dos documentos do Mar Morto (The Mystery and Meaning of the Dead Sea Scrolls, Random House, 1998); O Monte do Templo de Jerusalém (Jerusalem’s Temple Mount , Continuum, 2007); Jerusalém: uma biografía arqueológica (Jerusalem: An Archaeological Biography, Random House, 1995); eA cidade de David: uma guia para a Jerusalém bíblica (The City of David: A Guide to Biblical Jerusalem, Tel Aviv: Bazak, 1973).
Shanks se pergunta por que a conceituada revista agiu assim. Segundo
ele, o pulo da professora para transformar essa velha e nunca
demonstrada teoria numa afirmação “plausível” dá a entender que a base do que ela diz “é fragmentária demais para sustentar sua posição com certeza”.
Shanks destaca também o modo “hesitante” com que a Profa. King repete
sua suposição. Além do mais, o papiro não fornece nada de novo, mas
apenas repete velhas assertivas de uma literatura de fontes já
qualificadas como apócrifas.
Nesse contexto, conclui o especialista, compreende-se que a “Harvard Theological Review”tenha solicitado novas análises, como se a professora fosse uma principiante, e não uma estudiosa veterana.
Isto é vergonhoso para um profissional de alta competência, observou
Shanks, que recomenda como autoridade na matéria o Prof. Francis Watson,
da Universidade de Durham, na Inglaterra.
O Prof. Watson considera que o papiro “pode ser uma fraude moderna”,
porque o texto se assemelha demais a um ‘evangelho’ apócrifo conhecido
como “Evangelho de Tomás”.
Outros especialistas sublinharam que essas confusões de textos são
frequentes em outras composições de épocas antigas do cristianismo.
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