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Com três mudanças ousadas, Francisco pode revigorar a forte tradição católica de um bilhão de fieis.
Por Paul V. Kane*
Enquanto papas antecessores procuraram se posicionar na defensiva, evangelizar e converter o resto do mundo, desde que se tornou chefe da Igreja Católica, o papa Francisco, ao contrário, tem procurado "converter a Igreja".
Os últimos 50 anos viram as prioridades e conduta da Igreja Católica se tornarem confusas. A Igreja teve uma abundância de líderes, mas um déficit de liderança real. Mas, em 2013, aconteceu o extraordinário: Jorge Bergoglio se tornou Papa Francisco. Um homem raro e líder talentoso, que vive a mensagem de Jesus.
As reformas necessárias hoje estão bem na nossa frente, mas não serão vistas facilmente.
Essa ênfase custou caro. Ela negou o avanço de líderes mais sólidos e dinâmicos, dispostos a avançar em novas direções. Como resultado direto, clérigos medíocres inspiraram e presidiram um êxodo maciço de gente boa da Igreja, acompanhado por uma onda de terríveis escândalos de abuso sexual infantil.
Hoje, há 75 milhões de católicos nos EUA. De acordo com o Pew Research, o nível de prática religiosa e o apego à Igreja desses católicos têm diminuído. O instituto de pesquisa descobriu que há um adicional de 22 milhões de católicos que deixaram a Igreja norte-americana. Se esses ex-católicos fossem uma única denominação, essa seria a segunda maior religião nos Estados Unidos.
Muitos bispos põem a culpa em qualquer outra coisa, mas não na própria falha de liderança. Confrontados com o abuso sexual de crianças e predadores que exigiam a astúcia de uma raposa para fazê-los parar, como ovelhas, os bispos baliram, se dispersaram e, depois, correram. Muitos ainda devem parar de correr.
Sem a "metanoia" – do grego, uma evidente mudança do coração – e um ajuste de contas por parte de muitos que nos trouxeram a esse beco sem saída espiritual, pode realmente haver perdão?
Alterar a idade de aposentadoria irá remover grande parte dessa geração desacreditada e abandonada. Ela cortaria as fileiras dos cardeais atuais em 63%, passando de 119 para 44 e garantiria que mais da metade de todos os bispos se aposentariam. Depois disso, o caminho estará limpo para uma liderança nova, capaz de florescer, e os muitos bons bispos com mais de 70 anos de idade poderão ser mantidos.
Durante os primeiros mil anos da Igreja, não havia nenhuma regra que impedisse o serviço dos sacerdotes devido ao casamento. A regra do celibato surgiu principalmente por razões humanas, não divinas. A motivação para manter os sacerdotes solteiros veio porque alguns estavam deixando terras da Igreja para seus filhos. Os papas queriam proteger a propriedade da Igreja. Felizmente, no Concílio de Latrão, em 1132, homens como o bispo Ulric, da Itália, manifestaram forte oposição ao celibato obrigatório,que ele considerava injusto.
Desde 1970, a falta de padres tem atormentado a Igreja. O número de padres diminuiu, com a média de idade agora bem acima dos 55 anos para mais, enquanto, durante o mesmo período, o número total de católicos dobrou para 1,2 bilhão de pessoas. Nós temos agora cerca de 50.000 paróquias em todo o mundo sem sacerdote residente.
Uma comissão papal deveria ser estabelecida, composta por leigos e clérigos, a fim de acabar com o celibato. Acabar com o celibato vai ampliar a variedade de opções de indivíduos qualificados; isso irá garantir que haja sacerdotes suficientes para ministrar às pessoas e promover a fé.
Essa reforma colocaria mais poder nas mãos do povo, em vez de uma única pessoa. Isso destacaria que Deus frequentemente fornece informações valiosas, sabedoria e revelação às pessoas comuns, não apenas para os ordenados.
Essas reformas franciscanas poderiam representar a redenção da Igreja. Elas podem permitir que ela recupere um papel no âmbito público, buscando obstinadamente a reparação de um mundo quebrado, mas maravilhoso, que permanece, pelo qual vale a pena lutar.
Enquanto papas antecessores procuraram se posicionar na defensiva, evangelizar e converter o resto do mundo, desde que se tornou chefe da Igreja Católica, o papa Francisco, ao contrário, tem procurado "converter a Igreja".
Os últimos 50 anos viram as prioridades e conduta da Igreja Católica se tornarem confusas. A Igreja teve uma abundância de líderes, mas um déficit de liderança real. Mas, em 2013, aconteceu o extraordinário: Jorge Bergoglio se tornou Papa Francisco. Um homem raro e líder talentoso, que vive a mensagem de Jesus.
As reformas necessárias hoje estão bem na nossa frente, mas não serão vistas facilmente.
1. A idade para aposentadoria compulsória de bispos e cardeais deve cair para 70 anos
Líderes excepcionais com mais de 70 anos devem receber isenções para continuar servindo. Entre 1978 e 2012, tornou-se mais importante para as autoridades da Igreja promover homens para a liderança cuja ortodoxia e adoção do tradicionalismo fossem inquestionáveis. Muitos eram ascetas. A maioria possuía uma teologia severa que via a Igreja sob cerco em um mundo hostil.Essa ênfase custou caro. Ela negou o avanço de líderes mais sólidos e dinâmicos, dispostos a avançar em novas direções. Como resultado direto, clérigos medíocres inspiraram e presidiram um êxodo maciço de gente boa da Igreja, acompanhado por uma onda de terríveis escândalos de abuso sexual infantil.
Hoje, há 75 milhões de católicos nos EUA. De acordo com o Pew Research, o nível de prática religiosa e o apego à Igreja desses católicos têm diminuído. O instituto de pesquisa descobriu que há um adicional de 22 milhões de católicos que deixaram a Igreja norte-americana. Se esses ex-católicos fossem uma única denominação, essa seria a segunda maior religião nos Estados Unidos.
Muitos bispos põem a culpa em qualquer outra coisa, mas não na própria falha de liderança. Confrontados com o abuso sexual de crianças e predadores que exigiam a astúcia de uma raposa para fazê-los parar, como ovelhas, os bispos baliram, se dispersaram e, depois, correram. Muitos ainda devem parar de correr.
Sem a "metanoia" – do grego, uma evidente mudança do coração – e um ajuste de contas por parte de muitos que nos trouxeram a esse beco sem saída espiritual, pode realmente haver perdão?
Alterar a idade de aposentadoria irá remover grande parte dessa geração desacreditada e abandonada. Ela cortaria as fileiras dos cardeais atuais em 63%, passando de 119 para 44 e garantiria que mais da metade de todos os bispos se aposentariam. Depois disso, o caminho estará limpo para uma liderança nova, capaz de florescer, e os muitos bons bispos com mais de 70 anos de idade poderão ser mantidos.
2. A exigência do celibato para o sacerdócio deve ser encerrada
Devemos voltar às práticas da Igreja primitiva. Uma rica ironia da Igreja primitiva é que os primeiros líderes cristãos não eram apenas judeus, mas a maioria deles também era casada e tinha filhos.Durante os primeiros mil anos da Igreja, não havia nenhuma regra que impedisse o serviço dos sacerdotes devido ao casamento. A regra do celibato surgiu principalmente por razões humanas, não divinas. A motivação para manter os sacerdotes solteiros veio porque alguns estavam deixando terras da Igreja para seus filhos. Os papas queriam proteger a propriedade da Igreja. Felizmente, no Concílio de Latrão, em 1132, homens como o bispo Ulric, da Itália, manifestaram forte oposição ao celibato obrigatório,que ele considerava injusto.
Desde 1970, a falta de padres tem atormentado a Igreja. O número de padres diminuiu, com a média de idade agora bem acima dos 55 anos para mais, enquanto, durante o mesmo período, o número total de católicos dobrou para 1,2 bilhão de pessoas. Nós temos agora cerca de 50.000 paróquias em todo o mundo sem sacerdote residente.
Uma comissão papal deveria ser estabelecida, composta por leigos e clérigos, a fim de acabar com o celibato. Acabar com o celibato vai ampliar a variedade de opções de indivíduos qualificados; isso irá garantir que haja sacerdotes suficientes para ministrar às pessoas e promover a fé.
3. A liderança da paróquia local precisa deixar de ser construída em torno de um padre todo-poderoso e passar a ser um grupo de homens e mulheres leigos eleitos que atuem como um conselho, em parceria com o padre.
Essa seria uma progressão saudável e ajudaria a desenvolver um quadro de líderes leigos capazes de preencher o vazio criado por uma iminente escassez de sacerdotes.Essa reforma colocaria mais poder nas mãos do povo, em vez de uma única pessoa. Isso destacaria que Deus frequentemente fornece informações valiosas, sabedoria e revelação às pessoas comuns, não apenas para os ordenados.
Essas reformas franciscanas poderiam representar a redenção da Igreja. Elas podem permitir que ela recupere um papel no âmbito público, buscando obstinadamente a reparação de um mundo quebrado, mas maravilhoso, que permanece, pelo qual vale a pena lutar.
Philly.com, 05-05-2014.
*Paul V. Kane é presidente do conselho paroquial da maior paróquia do distrito de Columbia, nos Estados Unidos.
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