A
preguiça é considerada uma doença espiritual. Com toda doença, para que
possa ser curada, é necessário saber o que a motivou, ou seja, a sua
causa. O Catecismo da Igreja Católica ensina que ela é também uma
tentação e provém de uma outra doença, a presunção; segundo ele, os
“Padres espirituais entendem esta palavra [preguiça ou acídia] como uma
forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, à diminuição da
vigilância, à negligência do coração”. Em outras palavras, “quanto mais
alto se sobe, tanto maior é a queda. O desânimo doloroso é o inverso da
presunção. Quem é humilde não se surpreende com sua miséria. Passa a ter
mais confiança e a perseverar na constância”. (CIC 2733)
O Catecismo está ensinando que o cristão
pode viver dois extremos negativos em sua vida de oração: a presunção,
cuja filha é a preguiça, e o desânimo. O primeiro faz com que a pessoa
julgue ter alcançado o grau máximo de comunhão com Deus, ou seja,
presunçosamente já se considere santa. O segundo está relacionado à
aridez espiritual e ocorre quando ‘… o coração está desanimado, sem
gosto com relação aos pensamentos, às lembranças, aos sentimentos, mesmo
espirituais’ (CIC 2731) e a pessoa acaba prostrada, sem forças,
desanimada.
A presunção é a mãe da preguiça
espiritual. Jesus sempre insistiu na necessidade de o cristão estar
acordado, vigilante, esperando pela volta do seu Senhor. A presunção
relaxa ou mesmo acaba com a vigilância. Quem nela se acomoda corre o
sério risco de se perder.
A fé exige um esforço porque existe uma
tendência no homem de sair da realidade e entrar nas falsas promessas de
felicidade contidas em cada tentação, em cada pecado. Por isso, é uma
luta a vida do homem sobre a terra (Cf. Jó 7,1).
A preguiça espiritual deve ser combatida
com a ascese, a vigilância e o cuidado do coração que se exerce
sobretudo na oração, no ouvir a Deus, deixá-Lo falar, mesmo quando o
ouvir não seja agradável.
Padre Paulo Ricardo
Trecho extraído do livro: “A Resposta Católica, um pequeno manual para grandes questões”- Ed.Cléofas e Ed. Ecclesiae-p.174-175
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