17 junho 2014
O
mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida
cristã. Deus se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Foi Nosso
Senhor Jesus Cristo quem nos revelou este mistério. Ele falou do Pai, do
Espírito Santo e d’Ele mesmo como Deus. Logo, não é uma verdade
inventada pela Igreja, mas revelada por Jesus. Não a podemos
compreender, porque o Mistério de Deus não cabe em nossa cabeça, mas é a
verdade revelada.
Santo Agostinho (†430) dizia que: “O
Espírito Santo procede do Pai enquanto fonte primeira e, pela doação
eterna deste último ao Filho, do Pai e do Filho em comunhão” (A
Trindade, 15,26,47). O Santo disse que Deus não é para ser compreendido,
mas adorado. “Se o compreendesses era não seria Deus”.
Só existe um Deus, mas n’Ele há três
Pessoas divinas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Não pode haver
mais que um Deus, pois este é absoluto. Se houvesse dois deuses, um
deles seria menor que o outro, e Deus não pode ser menor que outro, pois
não seria Deus.
A Trindade é Una. “Não professamos três
deuses, mas um só Deus em três pessoas: “a Trindade consubstancial” (II
Conc. Constantinopla, DS 421). “O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é
aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho,
isto é, um só Deus por natureza” (XI Conc. Toledo, em 675, DS 530).
“Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a
essência ou a natureza divina” (IV Conc. Latrão, em 1215, DS 804).
A Profissão de Fé do Papa Dâmaso, diz:
“Deus é único, mas não solitário” (Fides Damasi, DS 71. A Igreja ensina
que as pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a
unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente
nas relações que as referem umas às outras:
Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno (330-379), “o Teólogo”, explicava:
“Antes de todas as coisas, conservai-me
este bem depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer,
que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres:
refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu
vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água
e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa
vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que
contém os três de maneira distinta. Divindade sem diferença de
substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior
que rebaixe… A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um
considerado em si mesmo é Deus todo inteiro… Deus os Três considerados
juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu
esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de
mim (Or. 40,41).
O primeiro catecismo chamado Didaqué, do ano 90 dizia:
“No que diz respeito ao Batismo, batizai
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo em água corrente. Se não
houver água corrente, batizai em outra água; se não puder batizar em
água fria, façais com água quente. Na falta de uma ou outra, derramai
três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo” (Didaqué 7,1-3).
São Clemente de Roma, papa no ano 96,
ensinava: “Um Deus, um Cristo, um Espírito de graça” (Carta aos
Coríntios 46,6). “Como Deus vive, assim vive o Senhor e o Espírito
Santo” (Carta aos Coríntios 58,2).
Santo Inácio, bispo de Antioquia (†107),
mártir em Roma, dizia: “Vós sois as pedras do templo do Pai, elevado
para o alto pelo guindaste de Jesus Cristo, que é a sua cruz, com o
Espírito Santo como corda” (Carta aos Efésios 9,1).
São Justino, mártir no ano 151, escreveu
essas palavras ao imperador romano Antonino Pio: “Os que são batizados
por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da
mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e
de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção
na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos” (I Apologia 61).
S. Irineu de Lião, ano 189: “Com efeito, a
Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos
apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez
o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus
Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito
Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus…” (Contra as
Heresias I,10,1).
“Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o
Filho esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito
estava igualmente junto dele antes de toda a criação” (Contra as
Heresias IV,20,4).
E o Concílio de Nicéia, ano 325, confirmou toda essa verdade:
“Cremos… em um só Senhor Jesus Cristo,
Filho de Deus, nascido do Pai como Unigênito, isto é, da substância do
Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não feito, consubstancial com o Pai, por quem foi feito tudo que
há no céu e na terra. [...] Cremos no Espírito Santo, Senhor e fonte de
vida, que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o
qual falou pelos Profetas” (Credo de Nicéia).
Prof. Felipe Aquino
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