Por instituição divina, a Igreja visa à salvação das almas, pois o preceito de Jesus Cristo é claro: “Ide por toda parte e pregai o Evangelho, aquele que crer e for batizado será salvo e o que não crer será condenado”. A Igreja é católica, isto é, universal, abarca todos os povos e nações, e haverá um só rebanho e um só pastor.
Nosso Salvador se comparou ao bom pastor que não apenas vigia, mas
que é capaz de lutar e dar a vida por suas ovelhas. Quis Ele mesmo ser
modelo vivo dos pastores que viria instituir para dar continuidade à Sua
obra, os quais devem ser vigilantes e militantes na defesa do rebanho a
eles confiado.
Exemplo de militância que a Igreja deve sempre mostrar é o de Nosso
Senhor enfrentando por três vezes a Satanás, ensinando-nos com isso que a
vida neste mundo é de luta. Outros exemplos deixou-nos o Divino Mestre
quando discutia com os escribas, os fariseus e os doutores da Lei.
Portanto, o sacerdócio católico deve ser militante — tônica essencial
da Santa Igreja até a consumação dos séculos. Depois do pecado de
nossos primeiros pais, a luta contra as más paixões passou a ser regra
neste exílio, neste vale de lágrimas, como se reza na Salve Rainha.
Luta posta pelo próprio Deus ao decretar: “Porei
inimizades entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a
descendência d’Ela, e Ela te esmagará a cabeça e tu armarás ciladas ao
Seu calcanhar” (Gn. 3,15). Luta que não existe apenas agora, mas que há de recrudescer até o fim dos tempos.
Vigilância e luta poderia bem ser o lema dos sacerdotes, pois os
filhos das trevas costumam ser mais sagazes do que os filhos da luz. Os
seguidores de Satanás não se cansam de investir contra as muralhas
indefectíveis da Santa Igreja, o que perpetuará esta luta até a fim do
mundo.
Como é incessante hoje em todos os lugares e em todas as
circunstâncias a propagação do erro — quer nas tendências, nas ideias e
nos fatos — isso nos impõe, ou pelo menos deveria nos impor, não somente
uma vigilância contínua, mas uma luta sem tréguas, sob pena de trairmos
a missão sacerdotal.
Iniciativas como o aborto, a contracepção, a identidade de gênero, o
pseudo-casamento homossexual e a prostituição; a eliminação da família,
da propriedade e do pátrio poder; o interconfessionalismo religioso e o
laxismo moral — todas elas visam a completa relativização do ensinamento
de Jesus Cristo.
Meios não faltam aos propagadores do mal, cujos erros fazem grassar
através da mídia, da educação, dos divertimentos, dos shows, das músicas
que apodrecem a moralidade e, portanto, as famílias e a vida pública.
Com toda razão, os fieis poderiam perguntar: — Onde estão os pastores?
Ao decretar que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Sua
Igreja, Nosso Senhor sem dúvida nos confirmava na fé e na esperança.
Caso contrário, poderíamos vacilar nessas virtudes, à vista da
imobilidade de muitos pastores diante dos lobos que investem contra os
seus rebanhos.
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