Pároco diz ter sido convidado como amigo para dar bênção à união. Igreja afirma que presença do religioso vai contra as convicções católicas.
Padre César Garcia deu benção ao casal Leo Romano e Marcelo Trento (Foto: Leo Romano/Arquivo pessoal)
Uma bênção concedida a um casal gay motivou o afastamento do padre
César Garcia de suas atividades na Paróquia São Leopoldo, em Goiânia.
A decisão foi comunicada a ele na terça-feira (10) pelo arcebispo de
Goiânia, dom Washington Cruz. O pároco deve permanecer ausente das
atividades até que a Igreja Católica conclua um inquérito sobre o caso.
A medida é consequência da presença do religioso em um evento no último
dia 20, quando dois arquitetos celebraram a união homoafetiva, que já
dura 11 anos. César Garcia foi um dos convidados para a celebração na
residência do casal.
Padre César relata que esteve no local como amigo dos arquitetos, e não
como representante da Igreja Católica. Ele disse que, inclusive, não
utilizava batina e estava vestido como uma pessoa comum.
"Eles não pediram sacramento, não pediram nada disso, pediram uma
oração", afirma. O padre relata ter rezado o Salmo 83 da Bíblia e feito
um discurso sobre "a grandeza do amor e o respeito às pessoas".
Porém, fotos da celebração, que mostravam a presença do padre, foram
publicadas em redes sociais e repercutiram entre os membros mais
conservadores da Igreja. Um processo canônico no Tribunal Eclesiástico
de Goiânia foi aberto para investigar o caso. Antes que a investigação
fosse concluída, entretanto, o clero determinou o afastamento do padre
por tempo indeterminado.
Surpreso com a repercussão do caso, o arquiteto Leo Romano explicou ao G1
que o objetivo da presença de César Garcia na cerimônia era o de
abençoar a residência do casal. "Em momento nenhum se falou essa palavra
casamento, não houve aliança, entrada de padrinho. Foi uma celebração
de amor", diz.
Padre César Garcia foi afastado pela Igreja após benção a casal gay, em Goiânia (Foto: Luísa Gomes/G1)
Por outro lado, para a Igreja, a presença do padre deu margem para
interpretações errôneas da intenção dele e do casal. "A presença de uma
pessoa, ainda que silenciosa, diz alguma coisa. E nesse sentido, a
presença do padre César não é uma presença indiferente, ainda que não
tivesse dito nada. E, certamente, dentro dessas circunstâncias, essa
presença vai contra as convicções da Igreja Católica", afirma o padre e
professor de teologia moral Luiz Henrique Brandão, representante da
Arquidiciose de Goiânia.
“Nesse caso, se houver possibilidade de confusão, é melhor que aquela
bênção não fosse feita justamente para se evitar em quem recebe e em
quem participa dela, uma confusão", completa.
Entretanto, padre César defende que a bênção não deveria ser punida.
"Nós entendemos que todos somos filhos de Deus e merecemos uma benção.
Não se nega benção a ninguém", diz.
Segundo o padre Luiz, César e testemunhas serão ouvidos pelo caso. Ele
afirma que a medida de afastamento não foi uma punição, mas “um ato que
quer remediar e favorecer a resolução da situação”. Não há prazo para
que o a Igreja conclua a investigação.
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jbpsverdade: A Palavra de Deus nos ensina a não sermos motivo de escândalo.
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