Fot: Daniel Ibañez (ACI Prensa) |
13 Jun 14
MADRI, (ACI/Europa Press).-
O
Papa Francisco assegurou sentir-se esperançoso com a "nova música" que
aprecia nos políticos jovens "sejam de centro, esquerda ou direita",
afirmou o Papa em uma recente entrevista ao jornal espanhol ´La
Vanguardia´.
"Possivelmente falem dos mesmos problemas, mas com uma nova música, e
isso eu gosto, isto me dá esperança porque a política é uma das formas
mais elevadas do amor, da caridade", sublinhou em uma entrevista ao 'La
Vanguardia' em texto reproduzido pela Europa Press.
O Papa, que também é Bispo de Roma, incidiu na importância da política
para mudar o mundo e contribuir "ao bem comum". "Uma pessoa que, podendo
fazê-lo, não se envolve na política pelo bem comum, é egoísmo; ou que
use a política pelo bem próprio, é corrupção", precisou.
O Santo Padre criticou o atual sistema econômico e o amor ao dinheiro
por cima das pessoas. "Acredito que estamos em um sistema mundial
econômico que não é bom. No centro de todo sistema econômico deve estar o
homem, o homem e a mulher, e todo o resto deve estar ao serviço deste
homem. Mas nós pusemos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Temos
caído em um pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro", explicou.
Neste sentido, lamentou que neste sistema se "descarta" os jovens quando
se limita a taxa de natalidade e os idosos porque "já não servem, não
produzem" e ao fazê-lo se está descartando o futuro dos países porque
uns são os que contribuem com "a força" para levar adiante e os outros
"a sabedoria".
"Preocupa-me muito o índice de desemprego dos jovens, que em alguns
países supera 50 por cento. Alguém me disse que 75 milhões de jovens
europeus menores de 25 anos estão sem emprego. É uma barbaridade. Mas
descartamos toda uma geração por manter um sistema econômico que já não
se sustenta, um sistema que para sobreviver deve fazer a guerra, como
sempre fizeram os grandes impérios", alegou.
O Papa recordou neste sentido que, embora a globalização bem entendida
"seja uma riqueza", também é certo que "mal entendida é aquela que anula
as diferenças".
"Uma globalização que enriqueça", exemplificou, "é como um poliedro,
todos unidos mas cada qual conservando sua particularidade, sua riqueza,
sua identidade, e isto não é o que acontece".
O Papa Francisco condenou todo tipo de fundamentalismo, cuja "estrutura
mental" seja "a violência em nome de Deus" e defendeu o diálogo
interreligioso e a "identidade" religiosa como a maneira de obter
"verdadeiras mudanças".
"Nunca se pode dar um passo na vida se não ser desde atrás, sem saber de onde venho, que sobrenome tenho, que sobrenome cultural ou religioso tenho", sublinhou.
Do mesmo modo, expressou o desejo de um diálogo interreligioso que
aprofunde "na raiz judia do cristianismo e no florescimento cristão do
judaísmo". "Entendo que é um desafio, uma batata quente, mas isto pode
ser feito como irmãos. Eu rezo todos os dias o ofício divino com os
salmos de David. Os 150 salmos são recitados em uma semana. Minha oração
é judia, e logo tenho a Eucaristia, que é cristã", pontou.
O Papa também qualificou os que negam holocausto judeu, definindo a
atitude como "uma loucura", e relacionou o anti-semitismo com "as
direitas" embora não seja "uma regra fixa". "O anti-semitismo está
acostumado a aninhar melhor nas correntes políticas de direita que de
esquerda, não? E ainda continua", há dito.
"NÃO SOU UM ILUMINADO"
Em um plano mais pessoal, o Papa tornou a defender a pobreza e a humildade como valores fundamentais da Igreja e descartou o papel de "Papa pároco".
"Seria imaturo. Quando recebo um chefe de Estado, tenho que recebê-lo
com a dignidade e o protocolo que se merece. É verdade que com o
protocolo tenho meus problemas, mas é preciso respeitá-lo", recalcou.
Francisco frisou uma vez mais o valor do gesto de Bento XVI e incidiu em que declarou que o único mandato feito durante seu Papado foi o de "cumprir o que os cardeais
refletiram nas Congregações Gerais" (as reuniões dos purpurados sobre
os problemas da Igreja que aconteceram antes do conclave de 2013).
"Não sou um iluminado", asseverou o Pontífice, que também admitiu que,
embora ponha em risco sua segurança, seguirá aproximando-se às pessoas
porque devida á sua idade não tem "muito a perder".
Finalmente, admitiu que, embora não tenha pensado como gostaria de ser
recordado na história da Igreja, ele diz que se conformaria com que
dissessem dele: "Era um bom homem, fez o que pôde, não foi tão mal".
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