Alguns
confundem os pecados dos “filhos da Igreja” com “pecados da Igreja”. É
dogma de fé que a Igreja não tem pecado. O Papa Paulo VI disse no Credo
do Povo de Deus, que ela é “indefectivelmente Santa”. Mas, por que ela é
santa?
Em primeiro lugar porque é divina, Cristo
é sua Cabeça e o Espírito Santo é sua alma. O seu único Fundador é
santo: Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Ele é a fonte de toda santidade, o
“único santo”[LG, 39]. Todos os outros santos chegaram à santidade
porque participaram da Sua Santidade. São Paulo disse aos efésios que
Cristo santificou a Igreja – “se entregou por ela para santifica-la”.
“Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la,
purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si
mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito
semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5, 25-27).”
A Igreja é santa pelos meios de
santificação que ela oferece: a graça santificante. Só quem é santa pode
dar levar outros à santidade. O Papa João Paulo II disse que a Igreja
existe para nos levar à santidade. É pelos Sacramentos, pela doutrina
que está nos Evangelhos, pela Liturgia, etc., que a Igreja santifica.
Paulo VI disse no seu Credo que ela “não possui outra vida senão a da
graça”[n.19] a qual procede de seu Fundador. Por isso o nosso Catecismo
afirma que: “A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele; por Ele e
n’Ele torna-se também santificante. Todas as obras da Igreja tendem,
como seu fim, ‘à santificação dos homens em Cristo e à glorificação de
Deus’. É na Igreja que está depositada ‘a plenitude dos meios de
salvação’. É nela que ‘adquirimos a santidade pela graça de
Deus’.”[n.824]
E a Igreja é santa também em seus membros: São Paulo chamava os
cristãos de “santos”[ Cf. Rm 1,7; Rm 15,26; Rm 16,15; 1Cor 1,2; 2Cor
1,1; Ef 1,1; Fl 1,1; 1Te 5,27; Hb 3,1.]. Todo cristão que está em estado
de graça assemelha-se a Cristo, e vive a santidade. E a Igreja já
canonizou mais de vinte mil santos; mesmo em nossos tempos de tanto
paganismo e pecado, a Igreja continua canonizando santos: João Paulo II,
João XIII, José de Anchieta, Padre Pio, Madre Paulina, Santa Faustina,
Edith Sthein… Continuamente o Papa proclama novos beatos e santos. Essas
pessoas são o reflexo da santidade da Igreja. Ela os levou à santidade.
A santa por excelência, Santíssima, foi a
Virgem Maria, isenta de toda culpa do pecado original e de toda culpa
pessoal. Nela, diz o Catecismo da Igreja, “a Igreja já atingiu a
perfeição, pela qual existe sem mácula e sem ruga, nela, a Igreja é já a
toda santa”[n.829]. Além de Imaculada, ela é Virgem Perpétua e Assunta
ao céu de corpo e alma, porque é a Santa Mãe de Deus (Aghios Theotókos).
Ao fundar a Igreja Jesus já sabia que
nela haveria pecadores como Judas. Ele comparou sua Igreja à “rede que
apanha maus e bons peixes” (cf Mt 13, 47-50); ao joio no meio do trigo
(cf Mt 13, 24-30); à festa de casamento onde há convidados sem a veste
nupcial (cf Mt 22, 11-14)”.
A Igreja é santa porque é a única
Instituição terrena que tem uma dimensão divina. Sua substância
[=natureza, essência] permanece pura. Os homens podem pecar, mas a
Igreja não.
Prof. Felipe Aquino
*Autoriza-se a sua publicação desde que a fonte seja citada
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