Para praticar bem a justiça, vivendo o mandamento do amor, é
preciso ser realistas, coerentes e reconhecer-nos filhos do mesmo Pai, por
conseguinte irmãos. São os três critérios práticos sugeridos pelo Papa
Francisco na missa deste dia.
No trecho evangélico de Mateus (5,20-26) proposto pela
liturgia, Jesus - explicou o Pontífice - fala-nos de «como deve ser o amor
entre nós». Ele começa o seu discurso «exortando a compreender bem como devemos
seguir o caminho do amor fraterno». Eis as suas palavras: «Eu vos digo: se a
vossa justiça não superar a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino
dos céus».
Por conseguinte, afirma Jesus, «devemos ser justos, amar o
próximo, que é o problema de hoje; mas não como estes doutores da lei que
tinham uma filosofia especial», isto é, dizer bem «tudo o que se deve fazer» - considerando-se
«inteligentes» e «competentes» - sem «depois o fazer». E é por isto que, em
relação a eles, «Jesus diz: fazei o que dizem mas não o que fazem». E di-lo
«porque não eram coerentes».
Em síntese, «Jesus é realista» quando afirma que «esta
capacidade de fazer acordos entre nós significa também superar a justiça dos
fariseus e dos doutores da lei». É «o realismo da vida». A ponto que Jesus
recomenda expressamente que se alcance «um acordo enquanto estamos a caminho,
precisamente para eliminar a luta e o ódio entre nós. Mas muitas vezes nós
queremos levar as coisas ao limite».
«Um segundo critério que Jesus nos dá é o da verdade»,
explicou o Pontífice. Com efeito, há o mandamento de não matar; mas «também
mata falar mal do próximo, porque a raiz é o mesmo ódio: não tens a coragem de
o matar ou pensas que é demais, mas mata-o de outra forma, com os mexericos,
com as calúnias, com a difamação».
O terceiro critério que Jesus nos dá é «um critério de
filiação». Nós, afirmou o Pontífice, «não devemos matar o irmão» precisamente
porque ele é nosso irmão: «temos o mesmo Pai». E, lê-se no Evangelho, «não
posso ir ao pai se não estiver em paz com o meu irmão». Com efeito, Jesus diz:
«Se levares a tua oferta ao altar e lá te recordares que o teu irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, vai primeiro
reconciliar-te com o teu irmão e depois volta para oferecer o teu dom». Por
conseguinte, recomenda o Senhor, «não fales com o pai se não estiveres em paz
com o teu irmão» ou «pelo menos de acordo».
Eis, portanto, os três critérios resumidos pelo Papa:
realismo, coerência e filiação. Um «programa não fácil», reconheceu, «mas é o
caminho que Jesus nos indica para ir em frente». E em conclusão o Papa
Francisco pediu ao Senhor «a graça de poder ir em frente em paz entre nós»,
possivelmente também «com os acordos mas sempre com coerência e com espírito de
filiação».
Fonte: Vaticano / Libreria
Editrice Vaticana
Publicado no L'Osservatore
Romano, ed. em português, n. 25 de 21 de junho de 2014
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