quinta-feira, 5 de junho de 2014

Visitação: o serviço alegre de Maria


O serviço evangelizadorde Maria é um modelo para nós. Aprendamos com ela a servir com alegria.

 
Por Gilberto Teixeira da Cunha Jr


Dentre os poucos episódios sobre a vida de Maria que encontramos na Sagrada Escritura está a Visitação a Isabel. De um episódio aparentemente simples e sem muita transcendência, podemos conhecer muito sobre Maria. Neste episódio podemos perceber como Ela está sempre disposta a servir com alegria e prontidão a todos, especialmente os que mais precisam. Sobre o serviço alegre de Maria, gostaria de refletir um pouco.
Pouco depois de ter recebido a Boa Nova de que seria a Mãe do Salvador, cheia do Espírito Santo, nossa Mãe deve ter ficado meditando, recordando as maravilhosas palavras do Anjo Gabriel. E, entre elas, estas ressoam como um convite: “Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice” (Lc 1, 36).
Maria, dócil ao anúncio, decide ir ver sua prima Isabel. Já desde esse momento se evidencia como o sutil convite do anjo se transforma, para Santa Maria, em um convite cordial para compartilhar o dom que recebeu.
Escritura resume no Evangelho de São Lucas o que houve a seguir. Vejamos os finos detalhes que o bom médico Lucas nos oferece para nos dar a entender como o coração de nossa Mãe transborda de amor neste singelo episódio da Visitação.

“Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas...” Lc 1,39

Maria não fica de braços cruzados, pensando em si mesma, no que lhe havia dito o anjo Gabriel e inquietando-se além da conta por assuntos que não podia resolver por si mesma. Levantou-se. Por que dizer que se levantou? São João Paulo II em uma de suas catequeses explica que o verbo grego que São Lucas utiliza nesta passagem indica uma força espiritual intensa que impulsiona Maria a visitar a Isabel. É a força interior do amor, o desejo de compartilhar a alegria da Boa Nova e a vontade de servir que faz com que Maria vá imediatamente à casa de Isabel.
Por isso se afirma depois que “foi às pressas”. Provavelmente aproveitou alguma caravana que se dirigia para Ain Karin, que é onde parece ter vivido Santa Isabel, sua prima. Teria que percorrer cerca de cento e cinquenta quilômetros, e uma mulher não costumava fazer isso sozinha. Mas nossa Mãe recebeu o Espírito Santo e tem o ânimo aceso, está cheia do fogo do Amor. E quando esse Amor se derrama em nosso coração, parece que ardemos de desejo de levar adiante o projeto que concebemos. Não podemos perder tempo. Sejamos prontos no cumprimento do Plano divino.

Ir à região montanhosa

Foi “às montanhas”. Quando servimos, vamos com prontidão às montanhas? Deixamos que nosso coração responda a esse desejo interior de entregar-se até as últimas consequências? Ir às montanhas é caminhar sem temer os perigos que nosso serviço de caridade vai implicar.
Não é a imprudência de quem se atira de um precipício sem medir o perigo. É a audácia de quem sabe que se não fizermos o que devemos, ninguém vai nos substituir. É a valentia de ir por onde talvez possa me incomodar mais, mas que ao mesmo tempo me faz ir por onde o outro mais necessita. Sejamos valentes. Sejamos audazes. Caminhemos pela região montanhosa.
Terminado o longo e difícil percurso, Maria chega à casa de Zacarias. E não espera ser atendida nem que lhe ofereçam descanso depois deste longo caminho. Justamente o contrário. São Lucas nos fala que “entrou na casa de Zacarias e saudou a Isabel” (Lc 1,40). Ela sai logo ao encontro e se coloca a serviço.

A alegria no serviço

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre” (Lc 1, 41). Quanta alegria transborda de nossa Mãe! A saudação chega ao coração de Isabel e penetra seu interior, comovendo seu filho. Eles foram os primeiros a escutar a Boa Nova.
E São João Batista salta de alegria, como o profeta Davi dançava e saltava diante da presença de Deus. Maria serve a sua prima anunciando-lhe o Evangelho e mostrando o que tem em seu interior.
Assim também deve ser nosso serviço no apostolado, na evangelização, no anúncio da Boa Nova. Santa Maria nos convida a sermos anunciadores da Boa Nova cheios de alegria, de entusiasmo, de ardor, abertos à presença do Espírito Santo. O serviço evangelizador de nossa Mãe se complementa com o serviço doméstico: “permaneceu com ela mais ou menos três meses” (Lc 1, 56).
Sem se importar com todo o incômodo que poderia ter, dedica-se a atender sua prima com todo carinho. Isto nos faz recordar o gesto do bom samaritano que atende ao homem caído até que se recupere totalmente. Também ao pastor que se preocupa com zelo amoroso por todas as suas ovelhas.
Olhando a Maria, aprendemos a descobrir, como em um espelho, ao próprio Cristo. O serviço evangelizador e doméstico de Maria é modelo para nós. Aprendamos de Maria a sempre servir com alegria.
Que Ela seja nossa guia e modelo, dando a coragem que precisamos para servir, especialmente àqueles quem mais precisam da gente, a fazermos aquele serviço que mais nos custa.

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