[domtotal]
O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, está se preparando
para tentar passar uma legislação que permita bispas, mesmo que ela seja
rejeitada pelo corpo administrativo da Igreja Anglicana, no Sínodo
Geral.
O sínodo está prestes a votar novamente o plano polêmico na próxima
semana, mas fontes internas disseram ao Guardian que, se esse passo for
bloqueado de novo, agora existem opções que estão sendo consideradas
para forçar a mudança na Igreja.
As opções em análise incluem uma dissolução imediata do sínodo para
que novas eleições possam produzir uma maioria suficiente até novembro,
ou até mesmo uma ação pelos bispos na Câmara dos Lordes para introduzir a
legislação sem a aprovação sinodal.
A intervenção dramática se destina a antecipar quaisquer tentativas,
que já estão sendo ameaçadas pelo parlamento, para remover a isenção da
Igreja da legislação da igualdade.
"É bastante claro que existe absolutamente um plano C, que os
arcebispos prepararam", disse uma fonte. Ela explicou que o plano está
sendo chamado de plano C, porque a legislação atual é o próprio plano B,
preparado após o fracasso dramático da legislação anterior, em 2012,
que deixou a Igreja em estado de choque e gerou ameaças diretas de
intervenção parlamentar.
Uma segunda fonte, que fez campanha em favor da ordenação de
mulheres, disse: "Se o plano falhar desta vez, cabe aos bispos [na
Câmara dos Lordes]. Eles podem se livrar do sínodo ou podem pedir ao
parlamento para agir diretamente".
O arcebispo de Canterbury vai encabeçar o debate do Sínodo e é
esperado que ele fale sobre os planos para avançar com a legislação
assim que o resultado da votação for conhecido, no caso em que as bispas
sejam negadas de novo.
O sínodo pode ser dissolvido, e um sínodo recém-eleito poderia ser
convocado para novembro, a fim de aprovar a medida. A outra sugestão é a
de que os bispos na Câmara dos Lordes possam fazer passar a legislação
por conta própria, mas isso poderá levar a uma crise dentro do sínodo e
poderia destruir ainda mais as relações com os evangélicos
conservadores.
Os partidários das bispas, em grande parte, estão confiantes no
sucesso da votação de segunda-feira. Eles precisam que apenas seis
membros leigos do sínodo mudem de ideia desde a última votação em
novembro de 2012 para alcançar a maioria de dois terços de que
necessitam. Cinco dos que anteriormente votaram contra disseram ao
Church Times que vão aprovar a nova legislação. Eles foram convencidos
pelo aumento da clareza da medida agora revisada. Houve repulsa
generalizada e incompreensão com relação à decisão do sínodo que votou
contra as propostas da última vez.
As pesquisas de opinião e de voto nas dioceses mostram uma esmagadora
maioria da Igreja da Inglaterra a favor das bispas. Mas os membros
leigos do sínodo são eleitos através de um processo que favorece aquilo
que é velho e os fanático, e têm dado uma força desproporcional para os
evangélicos conservadores que acreditam que a Bíblia proíbe as mulheres
de exercer autoridade sobre os homens.
Se a legislação passar no Sínodo Geral, o parlamento irá aprová-lo
rapidamente e se tornará lei em novembro. As primeiras bispas poderão
então ser nomeadas por volta do natal, encerrando 20 anos de disputa que
se seguiram desde a ordenação de mulheres ao sacerdócio.
As apostas são altas. Mesmo Tony Baldry, que é membro do parlamento e
oficial de ligação da Igreja com o parlamento, alertou que qualquer
outra falha não seria tolerada e que o parlamento iria intervir para
legislar pelas bispas caso o sínodo queira ou não.
Tal movimento poderia desestabilizar o equilíbrio frágil do sistema
dominante: o sínodo geral foi inventado para permitir que a Igreja da
Inglaterra tivesse uma forma de autogoverno, assegurando que o
parlamento mantivesse o controle final da Igreja do Estado. A convenção é
que o sínodo faz as leis, que o parlamento deve recusar ou aceitar, mas
ele não pode alterá-las.
Uma votação não oficial de membros leigos do sínodo sugere que a
medida vai ganhar a maioria de dois terços que precisa, por quatro votos
contra seis.
Um porta-voz do arcebispo disse: "Estamos nos concentrando para obter os votos. Não seria útil especular ainda mais".
The Guardian, 09-07-2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário