ihu - O arcebispo de Canterbury escreveu ao Papa Francisco um pedido para que a ordenação de mulheres ao episcopado não desfaça os planos para uma eventual reunificação das igrejas Católica e Anglicana.
A reportagem é de John Bingham, publicada pelo The Telegraph, 27-07-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A reportagem é de John Bingham, publicada pelo The Telegraph, 27-07-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Justin Welby
reconheceu que a votação, no Sínodo Geral feita no início deste mês,
poderia ser uma “dificuldade a mais” no caminho tortuoso em direção a
uma possível unidade entre as duas igrejas que, formalmente, se
separaram no século XVI.
Mas numa carta endereçada ao papa e a outros líderes mundiais de igrejas, incluindo os principais patriarcas ortodoxos, Welby pede orações para a Igreja Anglicana, dizendo: “Precisamos uns dos outros”.
A carta afirma que há mais coisas que une as igrejas do que as divide
e que não se deveria deixar que as diferenças relativas a questões como
a das mulheres ordenadas ao episcopado as afastassem da união diante de
questões globais importantes.
Esta intervenção vem após avisos de conservadores de que a admissão
de mulheres ao episcopado iria desfazer as esperanças de uma eventual
unidade entre as igrejas inglesa e romana.
As duas instituições começaram um diálogo informal há mais de 50 anos
com o objetivo declarado de estabelecer uma unidade visível plena. No
ano passado, o arcebispo católico de Birmingham, Dom Bernard Longley, sinalizou que a proibição de os anglicanos de receberem a Sagrada Comunhão poderia ser reconsiderada.
Embora a Igreja Anglicana tenha se separado, de modo permanente, da autoridade papal sob o reinado de Elizabete I, ela ainda se considera parte da Igreja “Católica” num sentido mais amplo.
Os bispos constituem uma parte crucial desta ligação, na medida em
que ambas as igrejas partilham um episcopado histórico comum que,
acredita-se, pode ser relacionado com os apóstolos originais de 2000
atrás.
Esta relação se faz de modo mais explícito nas missas para ordenação
de novos bispos anglicanos – no próximo ano, incluindo bispas –, que
contêm uma declaração segundo a qual a Igreja Anglicana é parte da
“Igreja Única, Sagrada, Católica e Apostólica”.
Mas a doutrina católica romana insiste que somente homens podem ser padres e bispos.
Ainda que o Papa Francisco
tenha sinalizado boa vontade em reformar muitos aspectos da Igreja
Católica, ele deixou claro, no ano passado, que quanto à questão da
ordenação de mulheres “as portas estão fechadas”.
Os conservadores anglicanos que se opuseram à ordenação de mulheres
ao episcopado argumentaram que a mudança iria marcar uma ruptura
permanente com a linha apostólica masculina de sucessão de 2000 mil
anos, aspecto que as duas igrejas partilham.
Justin Welby (arcebispo anglicano de Canterbury) e o cardeal Vincent Nichols
(líder da Igreja Católica romana na Inglaterra e no País de Gales)
concordaram que a questão constitui um obstáculo no caminho para uma
eventual unidade.
Na carta enviada ao papa e a outras igrejas, Welby
escreve: “Estamos cientes de que nossos demais parceiros ecumênicos
podem considerar isto uma dificuldade a mais no caminho em direção à
plena comunhão. Há, no entanto, muitas coisas que nos unem, e eu rezo
para que os laços de amizade continuem a ser fortalecidos e que a nossa
compreensão das tradições de cada um cresça”.
Em seguida, acrescenta: “Contudo, está claro para mim que, embora o
diálogo teológico vá enfrentar novos desafios, há tantas coisas
atormentando o mundo de hoje que o nosso testemunho comum do Evangelho
se faz mais importante do que nunca.
“Há conflitos em muitas regiões do mundo, há uma pobreza aguda,
desemprego e um afluxo de oprimidos tirados de seus países e que buscam
refúgio noutros lugares. Precisamos uns dos outros, na medida em que,
como igrejas empoderadas pelo Espírito Santo, nos elevamos à altura do
desafio e proclamamos a boa nova de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, esforçando-nos para uma comunhão mais estreita e uma unidade
maior”.
O Palácio de Lambeth, sede da Igreja Anglicana, disse que a carta foi
enviada aos chefes e líderes de outras igrejas e grupos de igrejas,
incluindo o Papa.
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