Há um certo tempo, publicamos neste espaço algumas matérias
relativas ao agravamento do problema das drogas em nosso país. Aqueles que
desejarem ler ou rever tais matérias, basta clicar nas epígrafes “Drogas”, “Maconha” e “Marcha da
Maconha”, que se encontram no SUMÁRIO (abaixo, na coluna da direita, em
azul).
A respeito, além do apoio de leitores, recebi também críticas
de alguns deles afirmando que “maconha é droga leve”. Com base em alguns
especialistas, mostrei que não se pode considerar a cannabis uma
“droga leve” e que, ainda que fosse, ela abre portas para as “drogas
pesadas”. Neste sentido, publiquei diversos testemunhos
de usuários que começaram no “baseado” e depois passaram para as drogas
mais
nocivas, como a cocaína, heroína, crack e oxi.
Corroborando com nossas matérias sobre os graves malefícios da maconha,
transcrevo a seguir um recente artigo, muito bem fundamentado num estudo de
pesquisadores norte-americanos, que comprova os danos que causam o THC — atenção
leitor, não é FHC... (o ex-presidente que sem conhecimento real dos graves prejuízos provocados pela maconha, tem defendido sua descriminalização em certos círculos
que desejam parecer “moderninhos”). THC é a sigla de tetra-hidrocanabinol, substância
que se encontra nas folhas da cannabis.
Efeitos adversos da maconha
Drauzio Varella
Folha de S. Paulo, sábado, 28 de junho de 2014
Maconheiro é louco para
dizer que maconha não vicia nem faz mal. Vou resumir uma revisão da
literatura sobre os efeitos adversos da maconha, publicada no "The New
England Journal of Medicine", por pesquisadores americanos do "National
Institute on Drug Abuse" [foto]:
1) Dependência — Os inquéritos mostram que 9% dos que experimentam se tornam dependentes. Esse número chega a 1 em cada 6 no caso daqueles que começam a usá-la na adolescência. Entre os que fazem uso diário, 25 a 50% exibem sintomas de dependência. Uma vez instalada a dependência surgem crises de abstinência: irritabilidade, insônia, instabilidade de humor e ansiedade.
2) Alterações cerebrais — Da fase pré-natal aos 21 anos de idade o cérebro está em estado de desenvolvimento ativo, guiado pelas experiências. Nesse período fica mais vulnerável aos insultos ambientais e à exposição a drogas como o tetrahidrocanabinol (THC).
Adultos que se tornaram usuários na adolescência apresentam menos conexões entre neurônios em áreas específicas do cérebro que controlam funções como aprendizado e memória (hipocampo), atenção e percepção consciente (precúneo), controle inibitório e tomada de decisões (lobo pré-frontal), hábitos e rotinas (redes subcorticais). Essas alterações podem explicar as dificuldades de aprendizado e o QI mais baixo dos adultos jovens que fumam desde a adolescência.
3) Porta de entrada — Qualquer droga psicoativa pode moldar o cérebro para respostas exacerbadas a outras drogas. Nesse sentido, o THC não é mais nocivo do que o álcool e a nicotina.
4) Transtornos mentais — O uso regular aumenta o risco de crises de ansiedade, depressão e psicoses, em pessoas com vulnerabilidade genética. Uso frequente, em doses elevadas, durante mais tempo, modificam o curso da esquizofrenia, e reduzem de 2 a 6 anos o tempo para a ocorrência do primeiro surto.
5) Performance escolar — Na fase de intoxicação aguda o THC interfere com funções cognitivas críticas, efeito que se mantém por alguns dias. O fato de a ação no sistema nervoso central persistir mesmo depois da eliminação do THC, faz supor que o uso continuado, em doses elevadas, provoque deficiências cognitivas duradouras, que afetam a memória e a atenção, funções essenciais para o aprendizado.
6) Acidentes — A exposição ao THC compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre as concentrações de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes no trânsito.
7) Câncer e doenças pulmonares — Embora a relação entre maconha e câncer de pulmão não possa ser afastada, o risco é menor do que aquele associado ao fumo. Por outro lado, fumar maconha com regularidade, durante anos, provoca inflamação das vias aéreas, aumenta a resistência à passagem do ar pelos brônquios e diminui a elasticidade do tecido pulmonar, alterações associadas ao enfisema pulmonar. Não há demonstração de que o uso ocasional cause esses malefícios. O uso frequente agride a parede interna das artérias e predispõe ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e isquemias transitórias.
1) Dependência — Os inquéritos mostram que 9% dos que experimentam se tornam dependentes. Esse número chega a 1 em cada 6 no caso daqueles que começam a usá-la na adolescência. Entre os que fazem uso diário, 25 a 50% exibem sintomas de dependência. Uma vez instalada a dependência surgem crises de abstinência: irritabilidade, insônia, instabilidade de humor e ansiedade.
2) Alterações cerebrais — Da fase pré-natal aos 21 anos de idade o cérebro está em estado de desenvolvimento ativo, guiado pelas experiências. Nesse período fica mais vulnerável aos insultos ambientais e à exposição a drogas como o tetrahidrocanabinol (THC).
Adultos que se tornaram usuários na adolescência apresentam menos conexões entre neurônios em áreas específicas do cérebro que controlam funções como aprendizado e memória (hipocampo), atenção e percepção consciente (precúneo), controle inibitório e tomada de decisões (lobo pré-frontal), hábitos e rotinas (redes subcorticais). Essas alterações podem explicar as dificuldades de aprendizado e o QI mais baixo dos adultos jovens que fumam desde a adolescência.
3) Porta de entrada — Qualquer droga psicoativa pode moldar o cérebro para respostas exacerbadas a outras drogas. Nesse sentido, o THC não é mais nocivo do que o álcool e a nicotina.
4) Transtornos mentais — O uso regular aumenta o risco de crises de ansiedade, depressão e psicoses, em pessoas com vulnerabilidade genética. Uso frequente, em doses elevadas, durante mais tempo, modificam o curso da esquizofrenia, e reduzem de 2 a 6 anos o tempo para a ocorrência do primeiro surto.
5) Performance escolar — Na fase de intoxicação aguda o THC interfere com funções cognitivas críticas, efeito que se mantém por alguns dias. O fato de a ação no sistema nervoso central persistir mesmo depois da eliminação do THC, faz supor que o uso continuado, em doses elevadas, provoque deficiências cognitivas duradouras, que afetam a memória e a atenção, funções essenciais para o aprendizado.
6) Acidentes — A exposição ao THC compromete a habilidade de dirigir. Há uma relação direta entre as concentrações de THC na corrente sanguínea e a probabilidade de acidentes no trânsito.
7) Câncer e doenças pulmonares — Embora a relação entre maconha e câncer de pulmão não possa ser afastada, o risco é menor do que aquele associado ao fumo. Por outro lado, fumar maconha com regularidade, durante anos, provoca inflamação das vias aéreas, aumenta a resistência à passagem do ar pelos brônquios e diminui a elasticidade do tecido pulmonar, alterações associadas ao enfisema pulmonar. Não há demonstração de que o uso ocasional cause esses malefícios. O uso frequente agride a parede interna das artérias e predispõe ao infarto do miocárdio, derrame cerebral e isquemias transitórias.
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